Terror Trevor
True Diablair
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 15/08/20 07:27
Editado: 15/08/20 12:37
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 7min a 10min
Apreciadores: 8
Comentários: 8
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Palavras: 1224
Este texto foi escrito para o concurso "Challenge Musical" A proposta do “Challenge Musical” é simples: vocês terão que escrever uma obra com base na interpretação de uma música. Ver mais sobre o concurso!
Não recomendado para menores de dezoito anos
Notas de Cabeçalho

Música na qual me baseei esta sandice: The Less I Know The Better - Tame Templar (link nas Notas Finais).

Eu confesso que vi o clipe dessa música 666 vezes e não entendi p... nenhuma até hoje, então nasceu este texto da minha interpretação literal da coisa toda. Muito aquém do esperado e merecido para o concurso, mas espero que possam apreciar tal leitura assim mesmo.

Capítulo Único Terror Trevor

"Quanto menos você souber, melhor".

Essa foi a última coisa que foi dita antes que uma garota virasse as costas para um jovem incrédulo e o abandonasse para afundar no abismo da solidão.

Samuel não conseguia acreditar, nem muito menos entender como tudo podia estar desmoronando daquela forma: Heather, a belíssima líder de torcida do time de basquete da escola, deixou de ser sua garota e o trocou por Trevor, aquele cara esquisito que usava uma ridícula fantasia de gorila (a mascote da equipe). A própria estudante não parecia crer no que estava fazendo enquanto dizia a frase final que culminou no término do romance de ambos. Mas, era real.

Era o fim. Ou melhor, o início de um pesadelo.

Samuel continuou como pôde sua vida, embora coisas estranhas estivessem acompanhando a dor do dia-a-dia (afinal, tanto o ex-casal quanto o infeliz do Trevor eram do mesmo período). Ele começou a ver que alguns tufos macios de pêlo escuro como piche caíam das roupas de Heather de vez em quando, embora os mesmos se dissolvessem após alguns segundos em contato com sua pele. Também passou a enxergar o maldito usurpador como se o infeliz estivesse sempre usando o traje de símio por baixo das roupas. Estaria ficando louco? Sim, só podia!

Samuel cogitou treinar mais, enterrar aquela angústia e humilhação como ele fazia com a bola de basquete na cesta. Todavia, um mal estar físico arrebanhava suas forças desde que Trevor tomou-lhe a affair. Logo ele, o astro do time, agora não passava de uma piada na escola. Sabia que falavam dele pelas costas. Mas, diabos, ele ainda amava aquela ingrata! E quando os olhares deles se encontravam de relance durante o treino ou nos intervalos, sentia que ainda existia alguma reciprocidade ali também! Ou era coisa da sua cabeça, que latejava e doía como se imitasse seu coração a cada novo reencontro silencioso e distante com a garota com quem achava que iria casar dali a algums anos?

Samuel sofreu calado. Suportou o fardo o quanto pôde. Contudo, certa noite, acabou testemunhando uma cena inacreditável: Heather com Trevor no auditório e ambos estavam imitando os movimentos de macacos, como se estivessem fazendo alguma dança de acasalamento que não demorou muito para se converter em uma sessão de sexo desenfreado. Não bastando o ato em si ser enlouquecedor, ele a estava penetrando ainda cingindo a fantasia de gorila! Samuel estacou nas sombras, vendo aquela beldade loira de olhos verdes e corpo esguio literalmente cavalgando o pênis ereto de Trevor como se fosse uma louca no cio, gemendo enquanto o jovem grunia animalescamente e rasgava a roupa da garota, intensificando o ritmo da cópula até que ambos gozassem aos urros.

Totalmente desnorteado, Samuel correu para o banheiro e começou a vomitar, cheio de nojo e ódio. O jato de bile estomacal não demorou muito para dar lugar a filetes de sangue fresco e abundante, suas lágrimas fazendo os olhos arderem como se estivessem em brasa. Ouviu uma voz nas trevas. Das Trevas. Começou a alucinar, uma verdadeira viagem psicodélica onde mil imagens e sentimentos o varreram do que julgava realidade para a Verdade.

A Voz e a Visão das Trevas fizeram tudo finalmente ter sentido, embora fosse ainda irreal do que jamais poderia conceber.

As semanas seguintes foram de observação e preparação. Samuel ainda não acreditava em nada daquilo que averiguava, entretanto seguiu com o seu plano enquanto treinava e esperava. Coletou informações às escondidas, vigiou o alvo, cogitou as possibilidades: ao fim de dois meses, finalmente chegara a hora de fazer valer a Lei do Talião...

Era uma madrugada fria e chuvosa quando o jovem jogador de basquete emboscou Trevor no corredor da escola. Nenhum deles deveria estar ali naquele horário, mas somente o rapaz fantasiado demonstrou alguma surpresa por meio da repentina parada que fez ao se deparar com seu desafeto.

— Trevor, eu sei o que você fez e o que você é. — exclamou o atleta com um tom de voz sombrio e colérico. — Eu também sei da sua influência animal no restante das garotas da torcida. — o asco contido na frase era quase palpável.

O mascote do time continuou parado, fitando o locutor como se não compreendesss uma palavra sequer. Seu silêncio e imobilidade tornaram o clima pesado e um tanto assustador conforme fitava o outro estudante na ponta oposta.

— Você é um Bestial e está espalhando seus feromônios contaminando as "fêmeas" da escola com pêlos energizados. Quer criar um Domínio aqui e pelo jeito a Heather é sua Rainha. — Samuel tremia mais e mais a cada palavra praticamente regurgitada de seu cerne, encarando o inumano perante ele. — Você não fodeu só a minha mina. Você fodeu a minha vida, seu filho de uma primata dos Infernos!

As sombras se adensaram e a penumbra que os envolvia se converteu na mais plena escuridão. Trovões ribombaram lá fora enquanto o clarão de estranhos relâmpagos cor de sangue riscavam o céu e rasgavam as nuvens, sendo a única e intermitente fonte de iluminação do recinto após o blecaute que se seguiu.

Em resposta às declarações de seu agora inimigo mortal, Trevor vociferou de modo demoníaco e sua fantasia começou a se desfazer, dando lugar ao corpanzil de um gorila real de feições monstruosas. A criatura saltou no ar em uma cambalhota frontal e cruzou o espaço que os separava com graciosidade e força, terminando a manobra com diversos murros em seu peitoral massivo. O som repetitivo e poderoso ecoou em toda a escola com potência o suficiente para destroçar todas as janelas, rachar as portas, entortar os armários e explodir os tímpanos e o cérebro de qualquer ser humano que estivesse por perto.

Samuel, no entanto, permanecia incólume, embora o ódio que sentia e as trevas que os cercavam não permitissem que transparecesse o quanto ficou impressionado com aquela mera demonstração de vigor animal.

— Trevor, eu esqueci de fazer a pergunta mais importante... Você sabe o que EU sou? — indagou o jogador de basquete ao impunhar a bola e a arremessar com um brado furioso na direção de seu inimigo.

O improvável projétil singrou o corredor como se fosse uma bala de canhão e atravessou o corpo maciço do símio de modo ardente, doloroso e instantâneo, deixando um rombo perfeitamente circular e mortal no tórax da criatura antes de desaparecer; a monstruosidade tombava confusa enquanto as energias sexuais consumidas por ela a abandonavam em forma de bolhas coloridas. O titânico inumano caiu no piso amadeirado resfolegando com imensa dificuldade, sem compreender o vazio e a dor que sentia no peito.

Samuel se aproximou da fera agonizante, pensando em como aquilo soava como justiça poética, já que Trevor meio que havia feito a mesma coisa com o seu algoz meses antes. Ficou ali, observando a abominação morrendo e ainda trocou um último olhar com ela, que murmurou uma derradeira palavra como se proferisse uma sentença de morte: "Brimstone".

— É isso aí, Bestial desgraçado... — continuou Samuel, vendo a criatura se dissolvendo e sumindo no ar enquanto sua Essência regressava sabe-se lá para onde. — A porra de um Brimstone despertou outra vez. E eu vou acabar com cada um de vocês!

Com os olhos ardendo não por causa de lágrimas, mas pelo poder emanando deles, Samuel também desapareceu na noite. Era o fim. Ou, novamente, um início:, afinal, sua jornada, guerra pessoal e lenda estavam apenas começando.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Link da canção:

https://youtu.be/sBzrzS1Ag_g

Pqp, acho que essa merda não tem absolutamente nada a ver com a proposta do Concurso, no final das contas... Está mais para uma releitura do clipe do que qualquer outra coisa...

Malz, Pam e Moça.

Apreciadores (8)
Comentários (8)
Comentário Favorito
Postado 15/08/20 18:53 Editado 15/08/20 18:55

Não acredito que eu tive a infelicidade de assistir esse clipe musical, pqp Diab, meus olhos sangraram. Então dessa vez é para mim que peço proteção: Deus me proteja, que eu nunca mais tenha que assistir esse clipe, amém kkkkkk

Mas agora falemos de alto grandiosamente melhor que esse clipe: o seu texto! Claro, o texto trata da mesma obcenidade tratada no clipe, mas com uma qualidade indescritivelmente mais elevada, até porque foi você quem escreveu! <3 <3

Suas descrições de todas as cenas foram muito boas, e diga-se de passagem, mil vezes mais emocionantes do que as passagens do clipe! Principalmente nas cenas sexuais e na cena da luta final, o seu texto é 100% superior ao clipe!

Atensiosamente, uma criatura que está chorando lágrimas de sangue até agora, tamanho o desgosto com o clipe,

Meiling.

Postado 15/08/20 19:16

Shahahahahahaha! Mil perdões pelo desprazer psicodélico e zoófilo, Srta Yukari! Shahahahahah!

Seus comentários são sempre uma injeção de ânimo, orgulho e contentamento em altas dosagens, assim como o é a sua existência para minha deplorável pessoa! É deveras gratificante ler algo tão positivo, ainda mais considerando a sangria anterior a qual lhe submeti... Shahahahahaha!

Muitíssimo obrigado! Gratíssimo! E boa sorte no concurso para nós dois e aos demais!

Postado 15/08/20 10:44

Seus texto em um estilo mais dark sao sempre bem construídos, meu caro diablair. Acho que nao terá problemas, visto que os clipes de certa forma sao uma releitura visual da música.

Lhe desejo boa sorte!

Postado 15/08/20 12:15

Assim espero, meu caro Urizen! Assim espero...

Muitíssimo obrigado pela leitura, feedback e elogios! Gratíssimo!

Postado 15/08/20 21:19

Você ressuscitou a indiezeira que habita em mim com esse texto inspirado em uma das músicas que mais dancei bêbada em um monte de baladinha indie. Ler seu texto foi como estar no meio de diversas luzes coloridas e viagens psicodélicas, exatamente o que propõe a música do Tame Impala (a única música deles que gosto é essa e Feels Like We Only Go Backwards - bem no fundo, acho muito que eles querem seguir a mesma onda dos Beatles no auge do conceito de música psicodélica, mas eles fazem isso muito mal kkkkkkk).

Eu acho esse clipe extremamente viajado e perturbador, mas é muito normal, levando em consideração o conceito que a banda propõe. Sinceramente, se eles tivessem se baseado na ideia incrível que você usou para desenvolver o texto, a bizarrice do clipe seria substituída por uma história decente.

Amei o fato de você ter usado os personagens da letra da música na história e achei maravilhoso como você conseguiu transformar algo bizarro em uma história sobrenatural digna de se tornar filme.

Obrigada por compartilhar essa obra conosco! Boa sorte no concurso (mas desejo mais sorte ainda a mim e aos demais participantes, pois será muito difícil superar essa obra).

Parabéns, mil vezes, Diab ♥

Postado 16/08/20 00:05

Srta Ternura, seu comentário me tirou um peso dos ombros, pois eu achava que eu era burro demais para entender o clipe quando, na verdade, eu estava era com drogas de menos...

Confesso que a ideia era até fazer uma long com essa trama, mas... Acabou ficando nisso mesmo. E que bom, pois agora talvez eu tenha uma pequena chance no Concurso, posto o tanto de autores talentosos e criativos no páreo (a senhorita inclusa, obviamente)...

Muitíssimo obrigado, de todo o meu estranho e alucinado coração!

Postado 17/08/20 18:34

Eu até ia assistir o clipe, apenas para matar a curiosidade, mas prefiro ficar com sua releitura para não sair sequelada igual a Mei, tadinha kkkkkkkkk.

Diab! Que obra INCRÍVEL! Quando eu vi a palavra BESTIAL, fiquei boquiaberta, e as lutas, as cenas, cada sentimento, jorrando, escorrendo, pulsando! Uau! Me faltam palavras, me falta fôlego! Como sempre, você é mais que genial! É sempre uma aventura quase que aerodinâmica (kkkkkkkkk sim), ler seus textos, me sinto parte das obras, sua descrição sempre é tão REAL, voraz, extremamente FODA!!!

Só acho que os caras da banda deveriam te pagar para você escrever os roteiros dos clipes, não assisti esses, mas os que eu assisti deles, achei um tédio zzzZZZZzzzz

Parabéns, mais uma vez! Você é incrível, eu me sinto uma macaca que não sabe te elogiar como você merece, mas, espero que consiga sentir virtualmente, toda minha emoção e inspiração!

QUE FUCKING BOM QUE VOCÊ ESTÁ DE VOLTA!!!

Postado 17/08/20 22:18

Huldra, não cansas de me tirar o fôlego e o chão com estes feedbacks tão incríveis e revigorantes? Não há como não se sentir melhor e orgulhoso de si mesmo após ler algo assim, pelo horror de Satã!

Meu dia foi muito ruim hoje, mas a noite me trouxe um doce, intenso e bem vindo alento, tal qual a leitura de suas obras e a existência de sua pessoa o são e o fazem!

Muitíssimo obrigado de todo o meu insano e lisonjeado coração por me fazer sentir isso, Huldra!

É FUCKING GREAT TER A SENHORITA CONOSCO NÃO SÓ AQUI, MAS NA VIDA!

Postado 04/09/20 15:09 Editado 04/09/20 17:19

Que texto fantástico!

Me vi assistindo um filme muito louco...

Seu texto, muito bem escrito, permite ao leitor experienciar toda a intensidade das emoções que avassalam a alma do protagonista, sério mesmo!

E o final, cara, me vi vendo um daqueles filmes estilo caçadores de bruxas...

Muito bom mesmo! Grata pela experiência...

Parabénse sucesso!

Postado 04/09/20 21:01

Srta Monise! Primeiramente, saiba que me é uma IMENSURÁVEL honra ter sua presença aqui e suas palavras grandemente me felicitam e prestigiam! Por Satã, estou muito feliz que tenha experimentado tais sensações ao ler esta obra! Isto por si só já é um prêmio para mim, creia-me!

Me faltam palavras para agradecer devidamente por seu review, mas me sobram bons e duradouros sentimentos!

Muitíssimo obrigado, de todo o meu sombrio e bélico coração! Gratíssimo!

Postado 12/09/20 23:48

O que dizer de um dos autores mais fodástico desse site, e que consegue transformar literalmente tudo e qualquer coisa em algo sádico e sangrento? Eu só queria agradecer demais a sua participação no concurso, não sabe o quanto me alegrou esse inusitado acontecimento (tendo em vista que o senhor nunca participa das minhas interações; sim, eu estava de olho).

A narrativa como sempre é extraordinária. Os detalhes foram muito bem redigidos de tal forma que é fácil visualizar tanto a situação quanto o sentimento do protagonista. A frustração do Samuel é palpável e super compreensível; quem nunca passou por algo semelhante ou não viu alguém próximo vivenciar isso? Não é muito legal ser trocado, ainda mais por alguém como Trevor.

O que achei mais interessante foi a maneira como você introduziu o sobrenatural na história. E parando para pensar, todos os indícios sempre estiveram desde o começo, em detalhes que acabam passando despercebidos por nós, como a introdução do 5º parágrafo.

É realmente difícil suportar essa dor e angústia, e literalmente ver ao vivo esse pesadelo ser concretizado é de enlouquecer qualquer um, não?!

O modo como você termina a narrativa é tão empolgante que nos dá uma brecha tanto para sonhar com uma continuação (ou um livro próprio do nascimento dessa lenda) quanto para imaginar o que pode ocorrer dali para frente.

Meus parabéns pela excelente obra. E, novamente, muito obrigada pela sua participação ♡

Postado 13/09/20 06:13

Eu é quem devo agradecer pela oportunidade de participar de um evento tão prestigiado, ainda mais tendo conseguido obter um feedback tão positivo e enaltecedor de uma das maiores, mais talentosa e criteriosas autoras deste antro maldito!

Muitíssimo obrigado! Gratíssimo, gratíssimo!

Postado 12/09/20 23:50

Não sei nem por onde começar. Na verdade, nem acreditei quando vi que o Moço realmente iria participar, muito obrigada! Eu acho que nem a Brisa da Julih consegue dar conta dessa viagem.

É incrível como você consegue transformar até mesmo algo sem muito sentido em uma coisa grandiosa e mágica. A narrativa repleta de detalhes fez com que eu me sentisse na primeira fila do cinema. Pude até sentir o sangue respingar nos meus pés.

E o que dizer do final? Surpreendente seria pouco. Não esperava por algo nesse estilo, mesmo já tendo dado uma olhada no clipe. Sobrenatural na medida certa. A vingança perfeita, talvez. Ninguém merece ser trocado por alguém/algo assim.

Parabéns e muitíssimo obrigada pela participação.

Postado 13/09/20 06:18

Pois é, Moça... A Doença nos concede certos feitos que dificilmente poderíamos alcançar sem ela, não é mesmo?

Eu quem fico agradecido pela oportunidade de participar de algo tão grandioso e ter conseguido obter tal feedback da senhorita! Foi deveras gratificante ler tais palavras, Moça!

Muitíssimo obrigado! Gratíssimo!

Postado 26/10/20 16:34

FLOOD. Me cobra de ler depois

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