Outra Vez
True Diablair
Tipo: Lírico
Postado: 01/10/20 23:27
Editado: 03/10/20 05:51
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 37seg a 50seg
Apreciadores: 9
Comentários: 8
Total de Visualizações: 1701
Usuários que Visualizaram: 15
Palavras: 100
Este texto foi escrito para o concurso "Concurso de Drabbles - Cotidiano" A proposta desse pequeno desafio é abordar alguma temática cotidiana de forma interessante contendo exatas 100 palavras de acordo com o contador do site.  Ver mais sobre o concurso!
Não recomendado para menores de doze anos

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2020, indicada na categoria Lírico.
Para saber mais sobre o Evento e os ganhadores, acesse o tópico de Resultados.

Notas de Cabeçalho

Nada de mais, tal qual o autor... Mas, ainda assim, ei-lo.

Capítulo Único Outra Vez

Sol se ergue.

Vida que segue.

Acordo todo dolorido:

Papelão não é colchão.

Ajeito minhas coisas

Debaixo do viaduto

E vou para as ruas.

(Outra vez...)

Estou fedendo.

Minha aparência

(Minha existência)

Causa repulsa.

As pessoas me ignoram

Enquanto fuço o lixo

Em busca de comida

Ou algo para vender

Lá no ferro-velho.

O dia passa,

Às vezes sob sol

Outras, sob chuva.

Só o desprezo

Ou a adversidade

São constantes.

Meu carrinho pesa...

Meu coração também.

Mas, sigo meu trajeto:

Idas e vindas,

Apesar da fadiga,

Das dores,

De olhares frios,

De ofensas sussurradas,

(Sobre)vivendo

Outro dia.

(Outra vez...)

❖❖❖
Notas de Rodapé

Só quem já puxou um carrinho desses sabe o peso dele para o corpo e para a alma de alguèm...

Muito obrigado por quaisquer apreciações e reviews.

Apreciadores (9)
Comentários (8)
Comentário Favorito
Postado 02/10/20 03:21

O mundo é cruel. A humanidade fede a apatia e crueldade. A verdade contida nesses versos dói no fundo da alma e faz com que os olhos recordem de todas as pessoas invisíveis que estiveram em tal situação e cruzaram nosso caminho. Eles vivem a margem da sociedade, mas elite dos navios fecha os olhos para não os ver...

A narrativa é difícil e cruel, e tais adjetivos estão personificados nas rimas duras pontuadas, além da vivência do eu poético. O sofrimento, a fome e, principalmente, a exclusão, são passados com tanta veracidade que o leitor sente vontade de abraçar o eu lírico, matar com os burgueses e explodir o mundo só para torná-lo um lugar melhor para as pessoas que vivem nessa situação. Os versos transmitem uma apatia imensa, mas, ao fim da leitura e, de certa maneira, antes do começo dela, o coração do leitor transborda empatia. Por menor que seja a vontade de mudar o mundo, ainda assim ela é grande somente por existir em meio ao caos de crueldade que por aqui vaga...

Diab, sua obra é necessária. Ela transmite com muita veracidade a realidade de milhões de pessoas. Meus olhos estão cheios de lágrimas e meu coração está apertado... A crueldade do mundo me fere amargamente.

Obrigada por compartilhar essa obra tão intensa e real conosco! Boa sorte no concurso!

Meus parabéns, Diab ♥

Postado 02/10/20 03:32

Divina Brina, simplesmente me é impossível responder um comentário tão magnífico, sincero e profundo, com o qual concordo integralmente de todo o restante de meu coração...

Muitíssimo obrigado por esse feedback tão intenso e enaltecedor, Divina Brina... Desejo-te igualmente boa sorte no concurso e estarei no aguardo ansiosamente por sua postagem para este evento! Gratíssimo! Gratíssimo!

Postado 02/10/20 09:49

Meu querido Diablair...

Ao começar a leitura já fui pega de surpresa, o pior tipo de surpresa. O tipo de surpresa que fez meu coração se apertar e minha alma chorar.

Não existem palavras o suficiente para expressar toda a dor que é provocada por essa leitura tão pesada, tão real.

Essa foi a melhor personificação do cotidiano, o cotidiano que ninguém vê, que ninguém quer olhar, pois tudo que sente é nojo e repulsa das pessoas nessa situação.

Sociedade podre, hipócrita.

O seu poema conseguiu retratar tudo da maneira mais real e dolorosa, mas da forma mais bela que a arte da escrita proporcionou!!

Você é um escritor excelente e incrível, o qual eu admiro imensamente <3

Parabéns pelo texto!!

Um grande abraço, atensiosamente, de uma criatura que não faz ideia do peso real do carrinho, mas que sofreu ao imaginar como seria...

Meiling...

Postado 02/10/20 10:22

Minha tão preciosa Mei... Suas palavras me deixam impossibilitado de responder à altura, mas bem sabes o quanto compartilho de seus pensamentos e sentimentos acerca deste assunto...

Todavia, receber tal lisonja de uma das autoras e pessoas que mais admiro neste antro maldito justamente por seu grandioso grau de sensibilidade (seja para o bem, seja para o mal) é sem dúvida uma premiação inestimável por si só para minha pessoa! Já ganhei o ano de novo por sua causa e por isso (e por tudo) lhe sou imensante grato!

Muitíssimo obrigado, mein engel! Gratíssimo, gratíssimo!

Postado 03/10/20 00:30

Queria dizer que o teu texto me surpreendeu de todas as formas possíveis e impossíveis. Estou acostumada a te ver dentro do terror/horror mais sangrento e tals e aí tu me apareces com uma verdade terrível, mostrando uma vida sofrida e torturada. Fiquei sem palavras na primeira vez que li e ainda continuo.

Cada palavra foi uma alfinetada, uma facada, um tapa. Mesmo que seja um texto incrivelmente bonito, o que ele retrata não é. (é uma contradição meio estranha, eu sei.)

O que mais dói é saber que o mundo não está nem aí para "coisas desse tipo". É como se todos eles estivessem usando a capa da invisibilidade do Harry e todos "nós" não usando os óculos mágicos da Luna. (Desculpa a referência de HP, mas isso realmente me veio na mente agora)

Não tenho palavras para expressar o tanto que amei o que você trouxe aqui.

Parabéns e boa sorte!

Postado 03/10/20 00:46

Srta Flávia, de todo o coração lhe sou muito grato não apenas pela presenças, mas principalmente pelas palavras tão sinceras e enaltecedoras acerca desta obra. É um privilégio receber um feedback deste porte em um concurso com tantos nomes de peso (incluindo obviamente o seu) concorrendo.

Sua referência aos itens de HP é tåo acertada quanto imensamente triste em significado, pois é nada mais que a verdade. E isso é horrível de um modo que me escapa e devasta na mesma proporção...

Muitíssimo obrigado.... Gratíssimo....

Postado 03/10/20 20:27

Um soco no estômago teria doído menos. No início, pensei que se trataria de mais um poema cotidiano. E não deixa de ser. Mas não é o meu cotidiano, é o cotidiano de alguém que não teve as mesmas oportunidades que eu e quem sabe, também não terá as mesmas expectativas que eu.

Alguém que não terá o luxo de desprezar as coisas que eu desprezo e muito menos terá o tempo para conflitar aquilo que eu conflito porque a realidade dele é diferente da minha. E aí está a questão, o que eu faço para mudar isso?

Estou fedendo.

Minha aparência

(Minha existência)

Já foi dito acima que o ser humano fede. Que o ser humano é um monstro e realmente é. E a gente fede. Fede a carniça. Tentamos "salvar" o que destruímos e destruímos mais ainda ao "tentar" salvar.

E caramba, esse texto é necessário, merece ser gritado, merece ser proclamado porque a gente espera ver o nosso cotidiano. A gente espera ver coisas boas que acalentam o coração e quando recebemos o contrário, nós ficamos estupefatos. Ficamos surpresos. E eu espero que essa surpresa seja para um fim de melhoria. Um fim de empatia, de ação. Algo que acorde as pessoas ao cotidiano dos outros. Um cotidiano que infelizmente foi privado de elementos básicos da existência.

Muito,muito,muito,muito,muito obrigada por ter compartilhado esse texto conosco. Todo sucesso nesse concurso, mas principalmente espero de coração que as pessoas possam ler o seu texto e se inspirem a tomar uma ação.

Postado 04/10/20 21:20

Srta Malva, posso dizer, sem sombra de dúvida alguma, que este foi um dos comentários mais expressivos, importantes e viscerais que tive o prazer imensurável de ler e receber em toda a minha jornada como escritor iniciante.

Me faltam palavras, mas me sobram emoções depois de tão intensa e excelsa honraria, pois suas palavras calaram fundo em meu âmago. Eu humilde e sinceramente lhe agradeço por este feedback tão lindo e grandioso quanto sua pessoa se tornou para mim a partir de agora....

Muitíssimo obrigado, de todo o meu onfecto e, por vezes, apático e hipócrita coração! Gratíssimo! Gratíssimo!

Postado 08/10/20 00:25 Editado 08/10/20 00:26

Adorei a forma como tratou e trouxe esse tema.

Tenho certeza que as ruas de mundo são todas frias e cruéis, principalmente a noite. Contudo eu fico imaginando quantas histórias essas como tantas outras tem para contar, a vida não é fácil mas eles devem ter incontaveis vivencias uma grande maioria ruim e/ou triste e outras de encher os olhos e esticar bem os ouvidos para acompanhar.

Eu sei que histórias podem não salvar o mundo, mas ouvir faz maravilhas... (desculpe acho que divaguei por outros mares)

Eu gostei muito do seu poema e rimas, como tricadilhos com as palavras, AMO! E sua nota de rodapé me faz refletir ainda mais, perfeita completando a mensagem da obra <3

Agradeço por trazer essa questão e dar-me a oportunidade de parar e pensar nesse tema, Obrigado!

Assinado uma pequena vampira, <3

Postado 08/10/20 09:51

Estimada Guro-chan, eu compartilho de seus pensamentos acerca de tão delicado assunto, pois decerto este tipo de existência, tão dura e por vezes dolorosa, certamente deve conceder lições de vida e conhecimento que dificimente as pesssoas obteriam de outro modo.

Tsmbém concordo sobre a importância de se ouvir o que estas pessoas tem para contar, pois isso certamente poderia ajudar de algum modo tanto a eles quanto a nós de alguma forma...

Muitíssimo obrigado pelas reflexões, elogios e apoio, Guro-chan! Gratíssimo!

Postado 25/10/20 16:52

Obrigada pela sua participação. Um comentário mais detalhado estará no resultado do concurso. :)

Postado 01/11/20 23:24

Seu texto reflete em poucas palavras e de forma graciosa, dores e tristezas sem conta.

Como é dura e triste a vida de quem vive abaixo da linha de pobreza!

A escolha de seu tema foi deveras inusitada, pois apesar de ser uma constante no dia a dia tanto da pequena como da mega cidade estás pessoas passam incógnitas...

Seu poema trouxe uma grande tristeza, principalmente em vista da atual situação de nosso país e também das pessoas que por não passar por essa realidade preferem fingir que ela não existe...

Discuti nessa semana essa questão com uma amiga e seu texto só veio a reforçar meu pensamento.

Obrigada por compartilhar conosco e desejo realmente que você tenha muito sucesso no Concurso. Parabéns!

Postado 07/11/20 23:53

Srta Monise, não consigo sequer mensurar o quanto seu feedback me deixou feliz, orgulhoso e agradecido, suas palavras tocaram fundo na alma...

Realmente, é uma situação atemporal cuja gravidade não deveria ser ignorada, mas não só ela como as próprias pessoas que a vivenciam o são, solene e convenientemente. E isso é desprezível, triste e horrendo demais...

Muitíssimo obrigado pela gentileza e enaltecimento! Gratíssimo!

Postado 02/02/21 02:03

FANTÁSTICO!

Postado 03/02/21 00:05

Muitíssimo obrigado, Sr D! Gratíssimo! Gratíssimo!

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