Os olhos de Hanni escondem muito mais histórias do que Hyeri pode contar. Hanni sabe, por isso os semicerra quando é encarada tão diretamente.
As orbes afiadas tem cor de tempestade — agora Hyeri finalmente sabe o que aquele verso do Legião tem a dizer. Hanni parece feito tempestade. Hanni é tempestade, que tempesta a cabeça de Hyeri sem parar. Chove e chove em sua mente.
Mas que tempestade haveria de ser tão doce?, pensava em seus pensamentos mais secretos. A tempestade Hanni não parecia ser feito tempestade, tempestade de fato — nem ciclone, nem furacão. Tempestava sua cabeça, mas não trovejava. Para Hyeri , Hanni era feito uma doce garoa, caindo suave num sábado de manhã. Hyeri conseguia até ouvir seus pingos. Tinc, tinc, tinc, no telhado.
Pois então Hanni era feito garoa, mas tinha definitivamente os olhos de tempestade. Talvez esse fosse o olho do furacão, talvez essa fosse a nuvem vanguardista, a primeira gota de chuva. E se fosse, que chovesse! Hyeri deixaria vchover cada gotinha nela, adorava tomar banho de chuva.
E ali encontrava-se mais uma vez Hyeri , perdida na tempestade que Hanni causava em sua mente em pleno recreio.
— Você ouviu o que eu falei?
— Ouvi sim.