I
— Amor, paixão... Acorda. — Elliot abriu os olhos e a contemplou... Mariana, seus cabelos longos e compridos, olhos escuros como o seu, o corpo maravilhoso que sempre o enlouqueceu, lábios tão vermelhos que nem precisavam de batom, ela o puxava com os braços, e Elliot só parecia não saber se aquilo era real.
— Oi. É que eu parecia estar tendo um pesadelo.
— Você acordou meu lobinho, está tudo bem. — Ela já estava sobre ele, acariciando seu cabelo e dando pequenos beijos em seu rosto, e ele apenas olhava não acreditando. Ele a abraçou e sorriu sussurrando no ouvido dela “Eu te amo Mar”. Ela o beijou, e então se levantou. Ela se arrumou e ele também.
— Por quanto tempo vai só tomar copo de leite com achocolatado como café da manhã?
— Por quanto tempo eu puder. — Ele sorriu inocentemente.
— E não quer pelo menos quente?
— Não gosto de bebidas quentes.
— Então está ótimo amor, eu vou ao trabalho e se der certo irei estudar para a prova da faculdade.
— Está bem...
— Eu ia me esquecendo, o que acha dessa roupa? É muito curta? Sei que você não é como a maioria então...
— Está tudo bem. — Ele sorriu, ela se aproximou e o beijou e foi embora, pode-se ouvir o som da sala fechando, ele se levanta percorre o apartamento e sorri, uma lágrima escorre, trocou de roupa e foi para o trabalho, e depois para a faculdade de medicina onde estava no segundo semestre.
Trabalhava no estoque de uma loja de parafusos, e havia mais ou menos um mês que estava morando junto com Mariana, porém naquele dia não se lembrava de como chegou a morar com ela. O trabalho era cansativo, e naquele dia ele não conversou com as pessoas, e depois foi para a faculdade, e era dia de laboratório. Colocou seu jaleco e foi com seu colega Daniel para o laboratório:
— Então, como estão as coisas? — Fazendo a expressão de curiosidade exacerbada.
— Estão bem. Porque?
— Depois de ontem? Realmente....
— Não aconteceu nada ontem Daniel. — Elliot falou sério, porém Daniel entendeu que era para não fazer perguntas.
A aula acabou tarde e voltou para seu apartamento, onde Mariana esperava com ele, pizza e refrigerante, ela estava com lingerie, ele apenas sorriu e disse:
— Nem sei o que devo atacar primeiro. — Ela cruzou as pernas e mordeu seus lábios, e Elliot correu e beijou Mariana.
II
Elliot acordava no quarto de Marcos que ficava no orfanato:
— Como você está? — Perguntou Marcos.
— Nada bem.
— O que aconteceu, não imaginava que iria voltar com malas para cá.
— Eu não tinha onde ir.
— O que aconteceu?
— Kate me largou por Alcides, eu discuti com os dois e vim para cá, não posso continuar no mesmo apartamento que ele.
— Entendi, vamos tomar café, e conversar, talvez queira trocar de roupa, está com a mesma que chegou ontem, você bebeu Elliot?
— Não. Eu não bebo.
— Então você realmente estava miserável de tristeza e mágoa. Venha, Dona Lourdes está esperando. — Elliot e Marcos desceram pela torre que ficava a parte do orfanato, o dia estava cinza e parecia que vinha uma tempestade. O orfanato estava vazio, entraram na cozinha e Dona Lourdes estava com uma bengala e foi devagar até Elliot e o abraçou:
— Ah meu filho, sinto muito pelo que aconteceu.
— Mas você já sabe?
— Vou saber agora, mas sei que não é coisa boa, porque se fosse algo bom não viria tão tarde da noite para este orfanato decadente.
— Obrigado.
— Então, o que aconteceu?
— Alcides agiu pelas minhas costas e minha namorada me trocou por ele.
— Sinto muito, filho.
— Alcides era muito parecido com você, mas porque querer copiar, não por autenticidade.
— Pois é, as coisas .... Eu não sei o que fazer.
— Em frente, meu jovem, em frente.
— Como estão as coisas por aqui?
— Ruins, muito ruins a maioria das crianças está sendo realocada para outras instituições, somos apenas nós professores e funcionários, poucas crianças. — Respondeu Marcos.
— E o diretor Valentin? — Perguntou Elliot.
— Lá Em cima, conversando com minha neta.
— Catarina está aqui?
— Sim, ela veio me ajudar com a mudança, ela se mudou para a cidade, e vou passar um tempo com ela, meus últimos dias.
— Dona Lourdes!
— Olha meu jovem, na minha idade não há muita vida para eu viver.
— Eu vou subir e conversar com eles.
— Minha neta está solteira viu Elliot, apenas se recupere antes de entrar em algo com ela. — Elliot ficou vermelho de vergonha. — Jovem, eu sei como você pensa e sei como ela pensa, então tenham juízo, e pegue leve com o diretor, ele já está bem idoso, como eu. — Elliot apenas sorriu e acenou com a cabeça.
— O que será deste garoto Marcos?
— Não podemos auxiliar sempre.
— Eu vou acolher ele.
— Você deveria se cuidar Dona Lourdes.
— Eu não quero que dê errado. — Afinal já vimos isso demais da conta.
— Isso é verdade, porém já fizemos o bastante, não deixe sua vida ir para cuidar dele.
— Minha vida foi e é estes garotos, e Elliot, ele é o melhor de todos.
— Eu o amo como meu filho, mas a senhora...
— Eu sei que ele é um bom menino, não posso protege-lo de tudo, mas posso dar um lar e quem sabe um casamento que dure. — Sorriu com uma certa malícia de criança.
Elliot andava pelo orfanato vazio, e viu as paredes com tintas desbotando, não havia mais os quadros, andou lembrando de como passou o tempo com Alcides e como aquilo foi ralo a baixo por uma mulher. Enfim chegou no último andar do orfanato, e foi até o quaro do diretor, aproximou-se devagar e conseguiu ouvir:
“Ela deu de tudo para esse lugar, não pode fazer.... Não vou me calar seu velho idiota!”. A porta abriu e Catarina saiu, ela parecia uma versão feminina de Elliot, tinha pinta perto da boca e estava com o cabelo curto e mechas loiras.
— Elliot?
— Catarina. — Ele respondeu assustado e feliz.
— Há quanto tempo! Como você está?
— Indo, e você?
— Irritada com esse velho, eu vou descer para ver minha vó, depois nos falamos ok?
— Está bem.
— Boa sorte em obter alguma conversa coerente com o matusalém e seu túmulo de segredos. — Ela saiu pisando duro, ela era mais alta que Kate, porém mais baixa que ele. Entrou devagar e bateu na porta pedindo licença.
— Elliot, meu jovem... Como você está? — Falou Valentim, se esforçando para se ajeitar na cadeira.
— Eu estou bem, queria ver se poderia receber uma ajuda...
— Infelizmente meu jovem, não posso mais fazer isso, mas por favor sente-se, conselhos são as únicas coisas que posso oferecer como ajuda. — Elliot se sentou.
— Eu agradeço, sinto muito pelo orfanato Sr.
— Eu tentei, pensei que o orfanato ainda iria ter arrecadações e patrocinador, na sua formatura até entregamos celulares.
— Que celulares?
— Os celulares...
— Acho que se confundiu com outra formatura.
— Eu estou realmente velho. — Assumiu Valentin com um certo sorriso enquanto olhava para os cantos da sala, e tossia.
— Eu entendo diretor.
— Não me chame assim, não sou diretor de nada mais, o que aconteceu com você meu rapaz?
— Meu melhor amigo agiu pelas minhas costas, e minha ex-namorada me trocou por ele, não consegui continuar mais.
— Jovens! Tudo é uma tempestade, Alcides certo? Sinto muito por isso Elliot, tudo que se pode fazer é perdoa-los e seguir em frente.
— Como eu posso perdoar?
— Achas que o perdão é para eles? O perdão é para nós mesmos, para não carregarmos algo contra as pessoas, e como um bom cristão que sei que você é, ou pelo menos que conhece, sabe que perdoar é 70x7 e ainda mais.
— Eu não sei se consigo.
— O primeiro passo é tentar, e continuar tentando. Perdoar não significa permitir alguém em sua vida no mesmo lugar, somos humanos.
— Eu só queria um lugar para ficar, por um tempo.
— Pode ficar no orfanato, pelo pouco tempo que lhe resta.
— Obrigado.
— Posso tentar conseguir um trabalho para você no jornal, ainda tenho um pouco de amizades pela cidade.
— Obrigado.
— Você está sem rumo, eu fiquei assim várias vezes, não se desespere.
— Eu não entendo Senhor.
— Você queria que eu estivesse surpreso? Eu estou no fim da vida, eu já vi isso, já aconteceu coisas assim comigo jovem, amigos que nos traem, pessoas que nos magoam sem motivos, e você se culpar e se martirizar não vai mudar nada. — Elliot engolia seco as palavras contrariado e tentando não chorar. — Eu te conheço, pelas reuniões, pelos professores, sabemos sobre vocês alunos, conhecemos tudo, então ouça por favor. — Elliot se reclinou na cadeira e abaixou a cabeça, os olhos diziam que não iria falar nada. — Alcides podia ser parecido com você, falar, mas no final jamais vai ser, pessoas podem copiar o jeito, mas nunca conseguirão ser algo que não são genuinamente, joio e trigo Elliot.
— Mas...
— Mas.... Eu não terminei de falar. Porque ensinar desde crianças? Eu não queria que sofressem com as diferenças, iriam se estranhar na sociedade por não terem pais ou família, então o orfanato com a escola seria o ambiente perfeito para que crescessem juntos e se acolhessem. Claro que as diferenças de cada personalidade levariam a conflitos, e teve vários conforme cada criança crescia. Ensinar o cristianismo não era algo questionável, era algo incentivado, pelo menos na época que estudei desde criança a faculdade. Hoje em dia tudo é uma prisão ou uma forma de alienar tudo, acreditam cegamente que o homem é bom, se estudassem direito saberiam que Teologia é a mãe de todas as ciências e que muitas das leis que temos hoje ocorreram por motivo religioso no passado. — Elliot levantou as sobrancelhas e as cerrou enquanto Valentin discursava. — Perdão, eu me empolgo, uma criança é um livro em branco, e até que ele cresça e comece a escrever por si só, muito do que é escrito vem ao redor, o cristianismo correto só traz coisas boas, o que vem de ruim é nosso, do próprio homem. E eu escolhi ensinar vocês a isso, mas a escolha de que tipo de pessoa elas iriam ser, vem delas, que tipo de pessoa você é Elliot Thomas?
— Eu não sei.
— Sabe, apenas não sabe responder quando questionado, e as pessoas passarão a vida toda questionando para você a mesma pergunta que eu te fiz, sempre colocando você contra a parede até que você seja como eles, ou apenas não seja você.
— Eu sei que sou diferente, que não me enquadro, mas apenas isso.
— Isso é o suficiente para irritar muita gente, o suficiente para que fiquem incomodados, e para que você fique só.
— Isso eu já me sinto.
— A vida não se resume em uma companhia para a vida toda e constituir família, embora seja algo que foi perdido ao longo dos anos e tornou-se complicado no mínimo, ainda não é tudo, ficar sozinho pode fazer bem basta saber quando.
— Eu não sei meu lugar no mundo Diretor, não me encaixo.
— Você não é uma peça em quebra-cabeça Elliot, se você fizesse tudo o que fazem, inclusive faziam quando iam para a cidade na adolescência iria sentir-se encaixado?
— Primeiro, o senhor sabia? E segundo, não.
— Eu sabia, todos sabemos, ouvimos vocês falando, alguém conta e assim vai, e não eu não podia fazer nada, já não teve essa conversa com Marcos um dia antes da sua formatura?
— Mais ou menos...
— Ah! A frustração é ainda maior agora, sentimento de traição, injustiçado.
— É exatamente isso, e eu não entendo. — A voz de Elliot estava ficando rouca, ele estava segurando o choro.
— E porque ainda está tentando entender? Já aconteceu, deixe, ficar procurando motivos e significados em tudo só vai te deixar louco.
— Mas... — As lágrimas escorriam sem parar, e o rosto dele estava vermelho.
— Nem tudo que acontece na vida, tem algum grande propósito, destino ou a mão de Deus, as vezes as coisas só acontecem, e você precisa encontrar o equilíbrio.
— Que equilíbrio?
— Entre culpar os outros e se culpar. É necessário saber olhar para o que viveu e reconhecer seus erros, mas também não se deve jamais pegar os erros dos outros para si, que é o que você faz Elliot.
— Eu devo ter feito algo para que eles...
— O que? Você a amou demais? Você era verdadeiro e não se comportava como Alcides e seus amigos baladeiros? Você não pode se cobrar pelo que eles fizeram, siga em frente, é jovem, as coisas vão melhorar e piorar, mas o que você vai fazer com isso?
— Eu só quero viver em paz, e ter o que nunca tive. — As lágrimas rolavam sem controle.
— Paz, e o que você nunca teve, não é tão simples assim, nem sempre conseguimos o que queremos.
— Eu tive, eu dei tudo que podia, fiz meu melhor, e não foi suficiente, quando serei o suficiente?!
— Quando parar de pensar que não é. E reconhecer que você fez a sua parte e não determinar sua paz em alguém. Eu tenho que me deitar, ajude este velho está bem? — Elliot acenou que sim com a cabeça e foi até o debilitado diretor Valentin, e o ajudou a se levantar, Valentin o abraçou dizendo “Vai ficar tudo bem jovem.” Elliot retribuiu o abraço, e o ajudou a se deitar, abriu a porta lateral do escritório e estava seu quarto. Elliot desceu as escadas e foi para a cozinha onde estava Catarina, Dona Lourdes e Marcos:
— E então? — Perguntou Catarina em um tom sarcástico.
— Ele me aconselhou, mas ele está péssimo.
— Deve ser as mentiras pesando no corpo daquele velho.
— Catarina! Eu te ensinei respeito e sua mãe também, ele não é um santo, mas ele fez o melhor que pode.
— Eu entendi.
— Ainda não sei para onde vou.
— Para nossa casa. — Falou Dona Lourdes.
— Vovó! — Exclamou Catarina assustada. Marcos apenas observava.
— Desculpa Elliot não é nada contra você...
— Eu entendo, vou deixar vocês conversarem. — Elliot saiu e Marcos também.
— Estou com dó do diretor. — Falou Elliot para Marcos enquanto foram para o saguão principal.
— Eu também.
— Mas não entendo, porque ele não se casou e teve filhos.
— Há coisas que não entendemos porque não sabemos de tudo. — Respondeu Marcos olhando para o salão vazio e empoeirado. Na cozinha Catarina e Dona Lourdes conversaram:
— Porque você quer que ele more conosco vovó?
— Ele não tem onde ir, é como um filho para mim.
— A senhora...
— Eu não estou perguntando, nem pedindo Catarina, você não teve lugar para ir e eu te acolhi, e farei o mesmo com Elliot, e ele é um bom rapaz, ótimo partido.
— Vovó!
— Só quero que você encontre alguém bom, e sei que você é boa. — Sorrindo Dona Lourdes, foram até os dois no salão e contaram a Elliot que iriam embora do orfanato no dia seguinte, e Marcos iria ficar cuidando de Valentin com sua esposa que está para chegar até Valentin falecer.
III
— Bom dia amor. — Cochichou Mariana no ouvido de Elliot, e o beijando.
— Bom... Diaaa! — Elliot se espreguiçava querendo voltar a dormir.
— Acorda amor, você vai se atrasar, e outra precisamos conversar sobre algo.
— O que!? — Elliot se levantou assustado.
— Calma... — Mariana saiu do lado dele, ela estava de saia preta e terninho cinza. — É sobre seu pai. Eu sei que você não gosta desse assunto, mas precisa decidir... — Elliot começou a ficar ansioso.
— O que foi amor? Fica calmo.
— Eu não quero conhecer ele, eu não quero... Ele estava emotivo.
— Calma, mas porque não? Você sempre...
— Eu não quero, não insiste por favor, eu não quero ficar sem você.
— Porque você ficaria sem mim?
— Porque sim! Eu não quero...
— Tá bom amor, calma. — Ela foi até ele e o abraçou.
— Você não vai ficar sem mim amor, calma.
— Eu tenho medo do que eu posso ser sem você.
— Não vai ficar sem mim, calma amor, calma. — Ela beijou a testa dele, e o acalmou.
Eles se arrumaram, Elliot dançou com ela enquanto o café esquentava, ela brigou dizendo que ele iria se atrasar, ele afirmou que por passar tempo com ela, valeria a pena. Ao chegar na faculdade Daniel se aproxima de Elliot:
— Como estão as coisas?
— Estão bem, finalmente está bem.
— Que bom, ainda não acredito no que aconteceu...
— Porque você fica falando disso? Eu quero deixar para trás.
— Você já deixou, mas tem que admitir... — Elliot e Daniel estavam andando afastados da turma para chegar no laboratório, então Elliot o puxou para uma parede pelos ombros e o segurou pelo pescoço, Elliot era muito mais alto que Daniel, 1,65, cabelos castanhos claro bagunçados e, olhos verdes, a cara com espinhas e marcas de espinhas e uma barba mal feita e cavanhaque cheio, era magro. Elliot apertava o pescoço e sua expressão de raiva fez Daniel assustar, ele tentava fazer algo, mas a altura de Elliot não o deixava fazer nada, ele se aproximou do ouvido dele:
— Ouça bem! Eu não quero mais você perguntando sobre aquele dia, não quero que sequer pense nisso quando estiver perto de mim, antes daquele dia tínhamos um acordo, agora só respeite a amizade que temos, e sigamos em frente! Entendeu? — Daniel acenou que sim com a cabeça.
— Entendeu?!!
— Você... está... m.... sufocando.
— Eu sou canhoto, e estou usando a direita, lembre-se disso! — Elliot o soltou, e saiu na frente enquanto Daniel recuperava o fôlego. O dia seguiu normal, e a noite Elliot preparou um jantar romântico, para comemorar um mês que estava morando com Mariana, ela chegou e os olhos brilharam:
— Eu ia te surpreender com uma poesia, mas você sempre faz mais...
— Eu vou adorar seu poema... — Ela entregou a folha para ele e se beijaram, ele sentou-se e começou a ler o poema:
“Fica para um café
Vamos conversar
Me conta da sua rotina
Me fala de quão bem você está
Deita comigo
Me diz o que não importa
Se perca comigo
Para a gente namorar
Não tenha medo não,
Eu sou só sua pura poesia,
Me enroscando,
Entrando em sintonia,
Com a essência do seu ser
Me deixa aqui pertinho
Fica bem coladinho
Deita do meu ladinho
Pra brincar de prazer
Vamos dar as mãos
Olhas pela janela
O céu tão estrelado a noite
Está tão bela
Adoro seu jeito torto
E seu abraço de urso
Me toca com teu corpo
Que me componho em música
Vamos falar de tudo
E não falar nada
Vamos trocar olhares
Que o universo abarca
Quero você para mim
Te chamar de meu bem
Quero colo quente
E você dizendo “vem”
Quero tudo que te encaixa
Tudo que me faz acreditar
Quero rimas ruins
Só pro seu riso roubar
Quero o mundo em um
Pequeno pote
Para te presentear
Como você me presenteia
Todos os dias só por estar
Estar aqui comigo no físico,
Alma e coração
Por fazer do silêncio a dois
A mais bela canção
Não vai embora, fica aqui comigo
Porque se você for
Fico desabrigada
Peço perdão pelo
Erro sútil
Temia que o poema
Se tornasse fútil
Mas para falar de você
Nunca foi meu perfil
O que me separa hoje
É mais que colossal
Sua falta me desmonta
É algo surreal
Te peço desculpa
Lhe ofereço
Café
Então fica junto, te quero
Para sempre se me quiser.
Mar”
— Amor, você leu meu pensamento? Meu coração?
— Não. — Ela sorriu, ele vai até ela e abraça.
— Eu vivi um pesadelo, em que eu te perdia, eu não quero isso.
— Foi só um sonho ruim amor, nada mais.
— Só você me faz ser bom.
— Elliot, você não é má pessoa, desde o orfanato eu sabia disso, calma. — Ela fazia cafuné no cabelo dele, enquanto ele beijava a testa dela, ela sorria, o olhar dele era fixo na parede, distante, trêmulo.
— Vem amor, vamos jantar.
— Sim. — Sentaram-se e comeram conversando sobre as coisas do dia a dia.
— Eu sei que você pediu, porém eu queria entender por isso peço para não ficar bravo comigo, porque não quer mais conhecer seu pai, isso sempre te atormentou e não são todos os órfãos que tem essa oportunidade.
— Eu quero deixar o passado pra trás, você é meu futuro. — Falou Elliot segurando a mão de Mariana.
Ela sorriu, mas parecia que ele escondia algo. Elliot tinha Mariana em uma estima incrivelmente alta, se conheciam desde crianças, e cultivaram todo esse amor, ela o acalmava e ele não queria mais nada além dela, todas as coisas eram irrelevantes para ele.
— Amanhã o que acha de saímos com Alcides?
— Pode ser amor.
— Você anda tão diferente Elliot...
— Eu só aprendi que você é importante em minha vida.
— Entendi Elliot, meu lobinho branco.
— Agora as pessoas vão me associar ao Geralt. Eu gosto de lobos, não tenho nada a ver com The Witcher.
— Eu sei, quando te deram esse apelido você adorou, seu fascínio por lobos, e é meu lobo, carinhoso e protetor.
— Sim, todo seu.
— Vem cá. — Mariana chamava Elliot com a ponta do dedo indicador. E ele se levantou indo até ela e a beijando. Foram para o quarto no calor do momento e se declaravam enquanto faziam amor.
IV
Elliot havia se mudado para a mesma casa de Dona Lourdes e Catarina, embora a dona da casa era Lourdes, Catarina trabalhava e fazia estágio na área da saúde, enfermagem, já ele conseguiu trabalho como jornalista, um último favor do Diretor Valentin, já passava um mês desde que estava morava com as duas, e embora houvesse uma química entre ele e Catarina, ele se resguardava em seu quarto e escrevia seus poemas, fazia suas coisas, e no final de semana quando podia visitava Marcos e Valentin. A faculdade de jornalismo iria começar no próximo ano, no primeiro semestre. Dona Lourdes já não andava mais, estava acamada e havia um cuidador para ajudar ela, mesmo com os dois em casa. Elliot foi visitar Marcos no final de semana:
— Como está meu jornalista favorito, não perco nenhum jornal para ler o que você escreve, logo estará escrevendo primeiras páginas.
— Ainda não, falta muito isso é para quem já é formado. — Os dois se abraçaram.
— E como estão as coisas? Como é morar com as duas?
— Eu ainda estou tentando me acostumar, Dona Lourdes desde semana passada não pode andar mais.
— Nossa, sinto muito.
— Catarina trabalha bastante, e quando ficamos juntos, ela é bonita, incrível, divertida...
— Mas...
— Eu não sinto nada por ela. — Marcos levantou as sobrancelhas.
— É normal que esteja anestesiado, e entristecido, porém nem eu acredito que não sinta nada, acredito que precisa de tempo para que você se recupere, afinal vocês têm química desde sempre.
— Kate me magoou muito.
— Eu sei, por isso se recupere, não precisa entrar em um relacionamento agora, apenas seja amigo de Catarina, e é isso. Agora venha, vamos fazer alguma coisa juntos. — Eles assistiram filmes e conversavam. Elliot antes de ir embora abraçou Marcos:
— Em frente Elliot, sempre sr. Thomas. — Ele sorriu e foi embora. Marcos foi ver Valentin, ele estava acamado, ligado a aparelhos e só se alimentava por sondas. Valentin tirou o inalador, e falou:
— Como este está?
— Acredito que há esperanças.
— Você... cof... cof.... Fala de esperanças, olhe para mim, estou péssimo neste aqui.
— Eu sei, não podemos controlar nada.
— Embora tentemos.... Manipular tudo... — Encerrou a fala e voltou ao inalador por dificuldades de respirar.
Ao voltar para sua nova casa, Catarina estava começando a comer algo, quando ofereceu para ele um pedaço de bolo de chocolate:
— Obrigado já estou indo me sentar contigo.
— De nada, como estão as coisas?
— Parece que Valentin passa mais tempo dormindo que acordado, e com ajuda de aparelhos.
— Sinto muito, não sou fã do velho, ele sempre me pareceu esconder as coisas.
— Como assim?
— É coisa minha, desculpa, sei que ele ajudou você e seus amigos e etc.
— Irmãos! — Elliot se sentou olhando fixamente para ela, corrigindo-a.
— Não entendi.
— Você disse meus amigos, porém eles são meus irmãos.
— Ah! Desculpa.
— Tudo bem, acho que o gostar de alguém depende do ponto de vista...
— Ou do que sabemos sobre a pessoa.
— Verdade.
— Eu sempre sou desconfiada, e quando perguntei como o dinheiro do orfanato acabou e quem ajudava ele, ele não respondeu.
— Ele é idoso, são teimosos, nós jovens já somos, idosos são 20x piores.
— Concordo com isso.
— Como está sua vó?
— Ela está bem, mas eu não me acostumo a ver ela na cama.
— Eu também não, ela sempre parecia que tinha mais força que nós no orfanato.
— Sério?
— Sim, a gente ficava cansado e lá estava Dona Lourdes em pé, fazendo algo para nós ou limpando as coisas.
— Entendo. Eu vim morar com ela porque não sou mais bem-vinda na minha família, poderia até ficar, mas eles não falam comigo.
— Porque?
— Cansei de ficar na igreja deles, um culto estranho, prefiro nem lembrar.
— Ok!
— Era tudo muito frio, então eu saí, cometi alguns erros e procurei por minha vó.
— Entendo.
— E você?
— Bom, eu não sei qual meu lugar no mundo, não me identifico em espaço algum, me relacionar parece que é impossível, minha ex-namorada me trocou pelo meu melhor amigo, e não pude mais morar com ele.
— Eita! Sinto muito.
— É, ainda me recupero do golpe.
— Vai passar, você é um cara incrível, e vai conseguir seguir seu sonho, escreve muito bem.
— Obrigado, mas nós passamos mais tempo na infância que agora adultos, como sabe que eu sou tão “incrível”? E você já leu algo meu?
— Leio todos os artigos que você escreve, e vovó fala muito de você, mais que qualquer outro garoto, vovó não mente sobre o caráter das pessoas.
— E ela gosta do Valentim.
— Valentin escondeu as respostas quando fiz perguntas a ele, você não.
— Entendi. — Ela sorriu e encostou na mão dele. Elliot se assustou e levantou rapidamente:
— Eu... preciso ir para o quarto, obrigado pela refeição. — E saiu correndo, Catarina sorriu e olhou para baixo. Elliot passou pelo quarto de Dona Lourdes, e ela estava dormindo, entrou e deu um beijo na testa dela, e foi para seu quarto, fazer sua poesia e assistir as coisas que o distraíam.
V
— Bom dia amor. — Ela cochichou no meu ouvido e me beijou.
— Amor... Você vai se atrasar. — Eu já tinha ouvido isso.
— E eu preciso conversar com você. — Ela estava com a mesma saia cinza e terno preto de ontem. — Fica calmo, só quero saber sobre seu...
— Meu pai?
— Sim... Como você sabia?
— Amor, você falou comigo ontem sobre isso.
— Elliot, acho que você tá bem cansado, ontem eu saí antes que você e te deixei dormindo, acho que você sonhou, tente sonhar o número da Megasena hoje à noite. — Ela se aproximou e beijou minha testa, e saiu. Levantei-me e me arrumei, vi o calendário e o mesmo dia 17/09, eu não acreditava no que estava vivendo, parecia apenas mais um sonho, no café da manhã ela abordou sobre meu pai, eu respondi a mesma coisa que ontem, que era hoje. Ela apenas sorriu, e me abraçou:
— Pensei que ficaria mais emotivo, acho que você está lidando melhor com algumas coisas meu lobinho. — Ela me beijou, em seguida me apertou em seu peito e foi embora. Eu me arrumei e fui para o estágio, e Daniel veio me fazendo as mesmas perguntas que antes, eu o pressionei da mesma forma.
E fui ao laboratório, participei de tudo, fui ainda melhor porque já sabia os procedimentos, fui embora para o apartamento, onde esperei por Mariana, e eu tentei fazer algo para ela, um mês que vivemos juntos, eu pedi uma pizza, ela chegou me mostrando o poema, eu olhei para ela li o poema, ela se decepcionou com meu olhar:
— Amor, me desculpe, eu adorei, eu apenas estou tendo um dia ruim, me desculpa, não consegui preparar nada para nós, e pedi pizza.
— Tá bom, o que houve?
— Tive uma discussão com Daniel, e fiquei repensando sobre meu pai, eu quero deixar o passado para trás, mas parece que não consigo.
— Calma amor, vamos comer e vou te deixar melhor. Eu a abracei, comemos e fomos para o quarto onde ela me fez esquecer de tudo. — Eu adormeci nos braços dela, esperando que fosse um sonho.
VI
Já estava fazendo dois meses que estava morando com Catarina, eu me sentia mais leve ao redor dela, e Dona Lourdes ainda conversava por horas comigo quando podia, sempre me deixando alegre, e me dando a sensação de importância. Era sexta-feira quando estava me preparando para ir ao cinema, Catarina passou atrás de mim e olhou eu vendo horários de cinema:
— Que filme você vai ver? — Dei um pulo em detrimento do susto.
— Esse filme de ficção científica. — Mostrei para ela.
— Posso ir com você?
— Pode! — Não tinha como eu dizer não, afinal o cuidador estava com Dona Lourdes.
— Vou me arrumar. — Esperei por ela e ela estava com caça jeans, uma blusa azul e tênis preto, e me pegou pelo braço falando para irmos logo.
Fomos e conversávamos sobre tudo chegamos ao shopping e fomos comer:
— Como está o trabalho?
— Está indo bem, as pessoas apreciam meus talentos e acredito que estou quase tentando convencer o chefe a publicar um poema meu.
— Que legal, parabéns. Você escreve bem, seus poemas são lindos, me preocupo com você.
— E você? Espera aí, você já leu algum poema meu?
— Sim, eu vi os escritos no seu quarto, por isso me preocupo. — Ela disse olhando meigamente e mexendo no cabelo.
— Obrigado, estou melhor que mês passado, sua avó me ajudou muito.
— Fico feliz, e meu trabalho é bom, embora cansativo, você sabe.
— Sim, você mal para em casa.
— Mas eu gosto.
— Entendo.
— Eu sinto muito sobre sua ex-namorada, você parecia estar em um relacionamento abusivo.
— Eu não sei o que era, mas não me fazia bem.
— Eu tive um namorado assim. — Ela lacrimejou.
Ao me levantar ela também o fez, e eu a abracei de forma estabanada, ela se assustou, mas sorriu. Compramos as guloseimas para vermos o filme, ao começar quando fui perguntar se ela queria um pouco de salgadinho, ela me beijou. Eu perdi a noção, esqueci dos problemas, das dores, e era só dela. O filme eu não vi, mas o paraíso eu vivenciei nela. Fomos para casa de mãos dadas, não nos falamos, a felicidade era visível e o silêncio confortável, ao entrarmos cada um foi para seu quarto.
VII
— Bom dia amor. — Ela cochichava em meu ouvido novamente! Eu levantei dizendo não automaticamente.
— Não o que? Meu beijo não foi bom?!
— Amor, me desculpa... — As minhas lágrimas de raiva e confusão, começaram a rolar. — Acredite em mim por favor, me desculpa por isso, mas eu juro já vivi esse dia...
— Você não está bem Elliot.
— Eu juro, já faz quatro meses que vivo esse dia, eu já fiz de tudo...
— Elliot, se você quer terminar, só fala, não inventa... Pense e vire homem, não acredito que está se rebaixando a isso.
— Amor, nós já discutimos mil vezes neste dia.
— Eu vou indo Elliot. A gente conversa quando eu voltar! — Ela saiu novamente, com a mesma roupa, magoada, em todo esse tempo, ela já fez amor comigo, a noite discutimos, eu a procurei no serviço, procurei por ELE, e nada. Não fui ao estágio, já a levei ao restaurante mais caro, motel, cinema, fizemos de tudo que eu podia para comemorar o tempo que moramos juntos, na faculdade eu já falei com Daniel sobre isso várias vezes, ele chegou a mesma conclusão que eu, algo deu errado, ou ele se desfez do acordo. Eu tento fazer diferente e a noite ela chega, com raiva:
— Aqui o poema que eu te fiz! — Ela pegou o papel que estava lindamente dobrado e o amassou jogando no Elliot.
— Espera! — Ele pulou pela mesa de centro e a segurou pelos braços. — Eu estou falando a verdade, acredite em mim, eu não quero ficar sem você! — Ele abraçou as pernas dela, assustada e vendo que estava sofrendo, ela fez cafuné nos cabelos dele, eu de joelhos ficava quase no peito dela, de tão alto que sou.
— Você precisa de ajuda amor.
— Eu estou tentando, eu juro. Tudo começou quando eu fiz um acordo com alguém que viajou....
— Chega!! Você precisa de ajuda amor, amanhã iremos procurar a ajuda correta, está bem. — Ela se abaixou e me abraçou, enquanto chorei ainda mais porque sabia que não teria ajuda. Ela me segurou pelos braços a noite até eu dormir.
VIII
Eu estava namorando Catarina, nem eu acreditava, foi tudo tão repente, eu estava feliz, havíamos conversado sobre relacionamentos, ela me contou sobre o ex-namorado abusivo, eu contei sobre minhas inseguranças, minhas amizades, contei tudo, meus planos, quero ter uma família, ela sorriu e tudo estava nos conformes. Estávamos oficialmente namorando, e isso aconteceu a um mês, dois meses morando com ela e Dona Lourdes, eu me sentia em uma verdadeira família, tudo era mais leve com ela, as certezas eram maiores que minhas dúvidas, e quando as tinha, ela me ajudava, as amizades sumiram, Maya sumiu logo que descobriu de eu estar namorando, e eu não quis mais voltar as reuniões de poesia, eu havia começado a ter meu espaço no jornal, uma parte de poesia. Ela assistia as coisas que eu gostava, eu as dela, sempre que podíamos estávamos juntos, era perfeito, saudável, em uma palavra só, lar.
O tempo passava e infelizmente Dona Lourdes, foi ficando pior. E isso aumentava a proximidade do relacionamento entre mim e Catarina, no primeiro mês ela me deu um colecionável da Marvel, eu comprei uma pelúcia, fiz um poema e comprei uma blusa de corações para ela, e fomos ao cinema, ela também me escreveu um texto, guardei com todo o coração. Segundo mês de namoro, Dona Lourdes agora não respirava como antes, uma aproximação maior entre Catarina e eu, no segundo mês de namoro levei para jantar, e preparei uma playlist com 60 músicas, e as encaixei em um poema, ela sorriu e me agradeceu. Eu li a carta dela, me agradecia por um relacionamento saudável, e que jamais conseguiria tudo isso vivendo com a família dela. Após o terceiro mês, uma editora se interessou por publicar meus livros, a vida parecia ótima se não fosse pela Dona Lourdes piorando, era como perder minha mãe. Embora passamos o natal nós três, e o ano novo eu e Dona Lourdes por Catarina trabalhar no dia. Era ótimo. Logo eu iria começar a faculdade de jornalismo e eu teria um livro publicado:
— Como se sente amor, com a faculdade?
— Ansioso e com medo.
— Porque com medo?
— E se eu não conseguir.
— Claro que consegue, eu acredito em você. — Ela dizia isso com um brilho nos olhos. Ela era grata por eu encontrar ela no ponto todos os dias, por ter poesias diárias, eu realmente estava seguro.
— Eu estou preocupada com vovó.
— Eu entendo amor, eu também estou preocupada com ela.
— Não sei o que fazer.
— Apenas nos prepararmos eu acho. — Ela começou a chorar, e eu a abracei.
Eu era o porto seguro dela, e ela o meu, estava completamente feliz, ser amado de forma saudável é algo melhor que imaginava. Fevereiro estava para começar e pela primeira vez o carnaval não era uma preocupação, pois eu tinha a melhor namorada do mundo.
IX
Eu acordei com ela me desejando bom-dia, o mesmo beijo, eu não comentei nada, não quis conversar sobre meu pai, apreciei tudo que podia com ela, fui ao estágio e Daniel se aproximou:
— Como estão as coisas?
— Péssimas... — Puxei ele para um canto isolado dos outros alunos. — Estou vivendo este exato dia, há 5 meses, já tentei de tudo.
— Caramba!
— É, Mariana não acredita em mim, não há nada que eu diga, já discutimos, não sei mais o que fazer.
— Bom, já tentou encontrar a pessoa que fez isso?
— Sim, mas ele disse que apareceria um dia, não há data, e talvez o dia que ele vier seja amanhã, mas o AMANHÃ NÃO CHEGA!
— Nossa. Não sei o que fazer.
— Nem eu, vou tentar conversar sobre isso na área de física aqui na faculdade, quem sabe consigo alguma coisa. — Corri para a parte de física e tive sorte de encontrar o Coordenador do Curso, um cara chamado Alexandre:
— Poderia por favor, me dizer hipoteticamente se é possível quebrar um loop temporal?
— Primeiramente, não tem como se viajar no tempo, segundo que é uma teoria e terceiro loops temporais só acontecem na ficção.
— Obrigado. — Elliot sabia o que deveria fazer, mas não queria, isso o destruiria.
Ele foi para o apartamento e preparou o melhor jantar possível, ela chegou e viu o viu de terno:
— Uau! Que chique, qual a ocasião?
— Aproveitar o tempo com você é especial o suficiente, ainda mais um mês com você.
— Eu preparei um poema para você e olha o que você faz para mim meu...
— Eu sempre serei seu lobo branco amor. — Ela o abraçou e beijou, entregando o poema, Elliot leu o poema e começou a chorar. Ela o abraçou, ele se envolveu e colocou uma música para dançar com ela, comeram e ele ficou de joelhos pedindo-a em casamento, ela ficou super assustada, porém feliz:
— Elliot...
— Eu sei que é cedo, mas eu amo você, e sei que você pensa que não merece isso, mas você merece! E eu quero passar a minha vida com você!
— Sim!
X
O livro de Elliot foi um sucesso, estava tendo ótimas vendas, na faculdade ele se tornou respeitado, e já fazia cinco meses que estava com Catarina, porém no dia 12 de abril Dona Lourdes veio a falecer, o grito que Elliot deu ao perceber que ela não respirava mais, assustou Catarina que havia acabado de chegar em casa, ela conseguiu manter a calma e pedir ajuda pelo celular, porém já era tarde, Elliot havia perdido sua “mãe”, ele tentou se manter forte por Catarina:
— Amor, eu sei que ela significa mais para você, eu sinto muito amor.
— Me desculpe, ela via importância em mim, eu queria que ela lesse meu livro pelo menos.
— Ela ficou tão feliz quando recebeu a notícia.
— Sim, fique calmo, vamos preparar o velório.
— Vou tentar avisar Marcos e as pessoas do orfanato.
— Está bem, vai passar amor, a gente supera.
O velório foi com os familiares de Catarina que não falavam com ela, alguns rapazes do orfanato, as outras tias da limpeza e Marcos. Catarina chorava, Elliot estava triste, mas não chorou, não na frente de Catarina, não naquele dia, Marcos chorou.
“As lágrimas caem por ti
Pela saudade que deixará
O sorriso
E alegria que sempre me trouxe
Guardo para sempre
Sempre me ajudou a fazer o bem
Espero poder honrar
O que me ensinou
Obrigado por ser minha mãe
E de tantos outros
Que nunca tiveram
Te amo
Espero que haja um lugar
No céu que sirva café
Para senhora
Como sempre nos serviu
Guarde meu lugar
Pois devo demorar”
Viajante do Tempo
Observação: Viajarei no tempo todos os dias para lembrar-me de suas lições.
Elliot leu o poema enquanto a enterravam, ele jogou uma cópia junto com o caixão, e outra ele guardou. Ao irem embora, os jovens do orfanato se despediram de Elliot, a família de Catarina a evitou, e Marcos abraçou e disse:
— Meus pêsames.
— Igualmente professor.
— Sei que é difícil, mas Valentin não está bem, quando puder venha ao orfanato, ele logo vai embora e você é um dos poucos que ele tem.
— Está bem, tentarei ir na semana que vem.
— Venha para a semana, e me ajude com as coisas do velório, se puder.
— Está bem.
XI
Elliot levantou Mariana em seus braços, e a beijou, eles foram para o quarto e fizeram amor.
— Eu amo você, Johny...
— Haha, esse nome foi uma piada, só isso.
— Eu adorei a piada.
— Eu adoro ver você sorrindo.
— Você me faz sorrir.
— Eu amo você Mariana. — Os olhos dele estavam cheios de lágrimas.
— Eu também te amo Elliot. — Ele ficou por cima dela, a beijou, olhava nos olhos dela, começou a ficar nervoso.
— O que foi amor? Está bem?
— Eu amo você, me perdoe.
— Pelo que? — Elliot a beijou enquanto estava em lágrimas e puxava uma faca lentamente, e foi quando Mariana sentiu uma facada no peito, ela olhou para ele pela última vez, triste, magoada, traída. Ele se levantou indo para trás chorando, se odiando, ao ver ela morta, ele se aproximou dela e a abraçou:
— Eu sinto muito, mas era o único jeito, eu fui enganado, eu.... rrrrrrr... — rosnou. — Vou me vingar dele por não ter comprido o acordo. — As lágrimas caíam sem cessar, e a expressão de tristeza foi substituída por uma de ódio.