Estava eu viajando para a minha terra natal. Eu pensei que ia dormir durante a viagem, mas não.
Ia bem acordado e, ao meu lado, havia uma menina de seus vinte e seis anos de idade.
Começamos a conversar. Ela me perguntou o que eu ia fazer na minha terra.
Eu respondi, sem hesitar:
- Vou matar as saudades.
E ela sorriu para mim. E disse:
- Olha, isso é bonito. Poucas pessoas dizem das suas saudades.
E eu me animei. E confessei:
- Vou aproveitar e rever amigos.
Era, aquela época, propícia ao uso da palavra amigos. E já posso dizer que ali eu e ela fizeramos amizade.
Eu considerava amizade todo tipo de camaradagem que as pessoas fazem entre si.
Enfim o ônibus chegou ao seu destino. Desembarquei e me despedi dela.
Me acomodei na casa que me hospedava. E sai para uma volta.
Na rua me encontrei com um amigo. Ali, era um lugarejo. E como rever os prédios velhos me matava as saudades.
Durante a minha caminhada me encontrei com um velho amigo. Ele foi o primeiro a me reconhecer e me disse:
- Você não mudou muito.
Eu preferia que ele tivesse dito que eu continuava o mesmo.
Porque não mudar muito, implicava que eu mudara alguma coisa.
E passei o tempo do passeio todo, ali na minha terra natal, conversando aqui e ali.
Agora posso dizer que os melhores amigos eu fiz quando morava ali. Mas isso não me basta para concluir nada.
Penso hoje, depois do passeio por lá, que a gente pode fazer amigos por onde vá.
E fazer amigos está no íntimo da gente.