Em um lugar distante de tudo, e de todos, havia uma floresta negra. A floresta era escura como a mais profunda noite, era assustadora, e era perversa. Era possível sentir sua frieza só em observa-la, sentir o medo e logo sentir um arrepio frio e forte, que cortava a linha de pensamento pela metade.
Viviam, perto da floresta, um homem, uma mulher e um menino.
Um homem caçava para alimentar sua família, cortava lenha para aquecer sua casa, colhia flores para dar a sua mulher e ao chegar em casa exausto, dedicava o pouco tempo de lucidez que lhe restava para brincar com seu filho.
Uma mulher cuidava da casa, do seu filho, de tudo. Uma mulher cozinhava, lavava, amava, sofria, sentia. Uma mulher sentia medo por seu marido, que todos os dias ia caçar ao redor da floresta, sentia medo de ter de explicar ao seu filho o sumiço do pai. Uma mulher pedia ao vento que o protegesse de tudo, sempre.
Um menino não conhecia o mundo,não conhecia a floresta, só conhecia seu pai e sua mãe. Não conhecia os animais, nem as arvores, o vento,nem o perigo.
Um menino decidiu um dia sair de casa enquanto sua mãe cozinhava.Seduzido pelas coisas desconhecidas do mundo, ele partiu, e não olhou para trás, nem sequer uma vez.Mal sabia ele que a cada passo, sua felicidade diminuía um pouco mais, e a saudade dos seus pais e das coisas conhecidas vinha logo atrás.
O menino viu então a floresta negra, era tão sedutora, tão diferente de tudo, a curiosidade era tanta que o menino mal lembrava que tinha uma família, que tinha amor, que tinha tudo que precisava.
De longe então, houviu o choro de seu pai, condenando o vento por levar seu único filho. E ao se aproximar houviu as preces de sua mãe ao vento, para que ele o trouxesse de volta.
O menino percebeu que nenhuma curiosidade é grande o suficiente para arriscar o bem estar de sua família, nem o tempo que ele tinha com ela. Percebeu que tudo estava bem se ele os tinha, e que a floresta só existia porque existiam pessoas que eram seduzidas por ela.