Capítulo Único
Tempo
Tempo...meu algoz,
A toda hora escuto
Tua voz e agora
Entro em luto.
Pois és cruel,
Rouba-me as linhas do papel
E limita minha história,
Apressa-me ao céu.
Todo dia é
Mais ou menos um dia?
Sempre estás em minha
Saudosa companhia.
És tu o ceifador,
Hei de lavar
A minha dor,
Obscura cura.
Sinto a lua a banhar-me,
Aprecio o silêncio.
Escrevo esses versos
E aprecio meu tempo.
Já que o mesmo
Escorre por mim.
E vejo que logo
As linhas teram fim.
Sei que uma hora
Terei que me despedir
De minha obra,
De minha história.
Paradoxal é meu anseio.
Ó tempo, quanto mais
De você esqueço,
Mais você desejo.