Dia, sorria
Na boca da menina chorosa
Bem ali,
Perto daquela rosa.
Dia, faça farra
Beba uma jarra
De alegria,
Tá bem ali, na mesa da cozinha.
Dia, não fique chapado
Ainda são onze da manhã
Por onde anda tua sanidade?
Será que está lá no espaço?
Dia, almoce na vizinha
Carne, feijão, arroz e poesia,
Aproveita e diz pra moça
Que ela é a doçura com cabelos castanhos.
Dia, descanse na sombra daquele Ipê
Enquanto lê Machado de Assis,
Mas logo aviso, teu riso pode ser cortado
Pelas palavras do Machado.
Dia, anda de bicicleta
Naquela ciclovia,
Cuidado para não atropelar
Algum tumulto silencioso com duas pernas.
Dia, vá na livraria
Converse com a poesia
Leva ela pra casa
E a coloque na escrivaninha.
Dia, chame a vizinha do almoço,
Tomem café com biscoitos
Compartilhem sonhos
E sorrisos.
Dia, a noite logo vem
Por isso, beije a moça
Lave a louça
E se prepare para dormir,
Pois amanhã,
Outra aventura há de vir.