Os olhos estavam atentos ao homem do outro lado da sala. Enquanto a boca dele se mexia, explicando sobre algum tópico do qual certamente devia prestar atenção, ela pousava as mãos nas coxas. O colarinho dele, branco como a neve, contrastava com a pele escura e fazia sua boca salivar. A gravata preta, com um nó perfeito, roubava seu fôlego.
As mãos continuavam perfeitamente imóveis nas coxas.
Sua respiração acelerou. A boca dele continuava se mexendo. Subiu as mãos, pousando-as na mesa a sua frente, enquanto cruzava as pernas com certa força. A blusa social grudava desconfortavelmente em suas costas. Uma gota de suor deslizou por entre os seios, para ser coletada pelo sutiã que a restringia. Sua língua saiu para umedecer os lábios.
A boca dele continuava se mexendo.
A camisa social, arregaçada sobre os antebraços, mostrava algumas veias proeminentes. Apertou as pernas com mais força. Quando por fim seus olhos se encontraram, a respiração sumiu.
x
Trabalhou muito por aquela apresentação. Sua chefe estava ali, e ele pretendia impressionar. A gravata - da qual passou muitos minutos tentando acertar o nó - incomodava seu pescoço, mas sabia o que estava fazendo com ela, percebia a irregularidade da respiração alheia. Viu como ela se movimentava desconfortavelmente e como o olhar estava vidrado.
Vidrado nele.
Queria esbravejar sobre sua vitória, mas sabia que não deveria mostrar triunfo cedo demais. A mulher era atraente, mas mais atraente era o que ela tinha e o que poderia lhe oferecer. Sabia que lidar com a luxúria dela seria simples, afinal, ele precisava saciar a sua própria também.
Ela teria seu corpo, mas ele teria tudo dela.