Basta
Kieran Savage
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 14/08/19 10:24
Editado: 14/08/19 10:28
Gênero(s): Poema
Avaliação: 9.87
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 4
Comentários: 2
Total de Visualizações: 489
Usuários que Visualizaram: 6
Palavras: 270
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Livre para todos os públicos
Capítulo Único Basta

Benditíssima fumacenta decadência

Passagem só de ida para o fim da noite

Molestado pelo tempo

Assaltado pela paranoia

Colhendo flores para o nunca mais.

De todo o amor, pó.

De toda a poesia, pó.

Ao pó todas as celeumas...

Solidão suicida em confins sinistros de ponderações que não vingam.

Por que insisto?

Por que insisto neste quadro de imagens que morrem?

À lama da consciência doentia fui atirado sem mais nem menos...

A chuva salpica de esquecimento a extensão da província deprimente...

Sim, por que insisto?

Não morri já todas as mortes de todas as gentes?

E, no entanto, respiro e conspiro contra tudo, em vão.

Meu sonho imenso decolou feito balão e sumiu

Na estratosfera do fracasso...

Uma bela derrota; derrota atrás de derrota;

afundado no charco do pálido desamor;

cantando para as eras no fundo falso das aparências fugidias...

Nada do que eu escreva terá o efeito de um acontecimento.

Nosso amor brotou no seio do acaso

para ruir nas garras da tragédia.

Houve um tempo em que eu existi?

Louca marionete de elementais em transe derrisório!

Então você sobe? E dança lá no alto?

Então no cume você contempla o silêncio,

rei oculto das cacofonias das tribos?

(...)

Adentra-me a química dos homens.

Estraçalha-me.

Perdição regada a sacarose, esclerose múltipla dos tumores, temores últimos...

Vai o cidadão em sua jornada pelo inferno

para ganhar o pão.

Vai o cidadão...

E o sono eclipsa meus espasmos mentais...

E o sono assinala a recusa de meter-me nos assuntos humanos...

O que a humanidade tem para me dar?

Que festim estúpido, tremendamente horrendo e fútil!

Esta ambulante, lúgubre procissão de lástimas...

❖❖❖
Notas de Rodapé

Perdoem-me a azedura.

Apreciadores (4)
Comentários (2)
Postado 08/09/20 20:49

Eu fui simplesmente arrebatada para este universo paralelo que você criou aqui! Você tem o total domínio da língua portuguesa, até marquei umas palavrinhas aqui para usar em futuros textos... Que brilhante! Acho que é o primeiro texto que eu leio seu e fiquei pensando 'COMO ASSIM NINGUÉM LEU ISSO AQUI AINDA?!"

Está explêndido! Uma obra de arte, um cavalo de tróia direto no meu subconsciente! Você é um maestro que regeu este caos todo com pesadas e delicadas mãos!

Muito obrigada por publicar este texto aqui, impressionante!

Postado 29/09/20 01:13

Seu poema possui um lirismo profundo e devastador. A leitura consegue abraçar o leitor e ele termina a obra transbordando todos os sentimentos desses versos.

Obrigada por compartilhar essa obra incrível conosco!

Meus parabéns ♥