Benditíssima fumacenta decadência
Passagem só de ida para o fim da noite
Molestado pelo tempo
Assaltado pela paranoia
Colhendo flores para o nunca mais.
De todo o amor, pó.
De toda a poesia, pó.
Ao pó todas as celeumas...
Solidão suicida em confins sinistros de ponderações que não vingam.
Por que insisto?
Por que insisto neste quadro de imagens que morrem?
À lama da consciência doentia fui atirado sem mais nem menos...
A chuva salpica de esquecimento a extensão da província deprimente...
Sim, por que insisto?
Não morri já todas as mortes de todas as gentes?
E, no entanto, respiro e conspiro contra tudo, em vão.
Meu sonho imenso decolou feito balão e sumiu
Na estratosfera do fracasso...
Uma bela derrota; derrota atrás de derrota;
afundado no charco do pálido desamor;
cantando para as eras no fundo falso das aparências fugidias...
Nada do que eu escreva terá o efeito de um acontecimento.
Nosso amor brotou no seio do acaso
para ruir nas garras da tragédia.
Houve um tempo em que eu existi?
Louca marionete de elementais em transe derrisório!
Então você sobe? E dança lá no alto?
Então no cume você contempla o silêncio,
rei oculto das cacofonias das tribos?
(...)
Adentra-me a química dos homens.
Estraçalha-me.
Perdição regada a sacarose, esclerose múltipla dos tumores, temores últimos...
Vai o cidadão em sua jornada pelo inferno
para ganhar o pão.
Vai o cidadão...
E o sono eclipsa meus espasmos mentais...
E o sono assinala a recusa de meter-me nos assuntos humanos...
O que a humanidade tem para me dar?
Que festim estúpido, tremendamente horrendo e fútil!
Esta ambulante, lúgubre procissão de lástimas...