Algo dentro de mim, é um parasita que rasga minhas emoções sempre que elas se tornam bonitas.
O parasita não consegue me deixar em paz por mais de uma semana inteira, ele projeta em meu cérebro os mais mórbidos e temíveis pensamentos, e culpas, e pesos, e dores e saudades.
Eu luto contra o parasita, desde que consigo me lembrar... Desde aquela primeira vez que tremi de ódio, tão pequena, com só quatro primaveras, senti todo o peso de uma existência inteira nas costas minúsculas e infantes, a doença parasita me pegou sem ao menos apresentar um bom motivo.
O parasita.
Ele ainda me atormenta, e tem as garras bem presas à cada nervo meu... Será que ele sabe que agora tudo está bem?
Que meu amor me ama, apesar de ser tão difícil de conviver com tudo que sou e com essa doença que me olha com morte nos olhos - ele me ama e nosso amor é perfeito e minba família está segura, e desenvolvemos no amor, tantos talentos... - Apesar de ser tão cansativo me ver desabar toda semana... Eles me amam, parasita.
Me dê uma ínfima chance.
De normalidade.
Mas não, sem levantar nenhuma suspeita, após longos dias de energia e riso, de repente o parasita me pega pela nuca E me prende em um casulo de medo.
(Eu quero voar)
Parasita, escute... Meu amor me ama!
E eu mereço ser amada, mesmo com tanta destruição, mssmo estando tão quebrada! Você não sabe parasita? Que eu mereço amor. Mereço descanso. Mereço felicidade. Mereço inspirações...
Mereço não ter síndromes, e dores, e descargas elétricas na espinha, cabeça, membros e sons ensurdecedores que me tiram a paz a cada quinze minutos...
Me deixe viver feliz
Se liberte de mim também...
Eu preciso vencer.
Eu preciso vencer.
Eu preciso vencer.
Eu preciso ficar bem para cuidar de quem me ama, também.
Parasita, eu imploro.
Eu quero ter o privilégio de não ser uma surpresa horrendamente triste e imprevisível para quem só merece meus melhores dias e sentimentos.
Parasita, eu preciso me curar dessas feridas, sem ferir mais ninguém.
Um de nós dois, verme, precisa morrer. E de uma vez por todas, esse alguém não será eu.