Monólogo
Giordano
Tipo: Lírico
Postado: 03/11/16 18:14
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 6
Comentários: 3
Total de Visualizações: 681
Usuários que Visualizaram: 12
Palavras: 319
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Monólogo

Hoje bateu aquela saudade fatigada,

Aquela vontade de saber de ti novamente,

De esperar qualquer resposta, de ser inconsequente,

"Oi", "como vai?", "tudo bem?",

"Quanto tempo", "como andas?"...

Ando devagar, perguntando-me se há motivo para nunca mais ter te falado,

Se há motivo para minha melancolia ou se é algum vazio,

Algum frio na barriga, alguma calma perdida, a espera pelo "um dia".

Ando como quem se esqueceu das responsabilidades,

Olho para a árvore que passa na janela do ônibus,

Olho para o casal de idosos que espera pelo vermelho do sinal,

Olho distante da realidade, olho me perguntando se o cinza das nuvens tem final,

Olho os pingos da chuva caírem, afinal,

Ouço uma vó dizer à neta que o céu está chorando,

A neta pergunta se não há ninguém para fazê-lo carinho,

Tal qual faz a mãe depois de algum machucado dolorido,

Enquanto o choro dos céus me inundam, sorrio da ingenuidade,

Deve ser a primeira vez em algum tempo que sinto algo,

Mesmo que o algo seja a roupa grudar, encharcada, não faz mal.

Continuo o dia como quem não tem pressa,

Todos correm da chuva na rua,

Será que se esqueceram da sensação de estar sob ela quando eram crianças?

Talvez o tempo não guarde nossas sensações, não, não é isso,

Prioridades, molhar-se não cai bem a vista,

Nossas aparências valem tão mais que o que não é visto...

Será que por isso não receio estar ensopado?

Talvez no essência de sentimentos

Esperar ideias sobre o que aparentamos

Seja a menor das preocupações...

Maldito corretor,

Sempre trocando excesso por essência,

Talvez ignorando um artigo equivocado,

Não faça tanta diferença.

Sentir, natural,

Se os céus choram tão regularmente,

A essência do transbordar

É controlar o excesso,

Mesmo para a saudade

Que se pode ir

No odor,

Nas marcas do rosto,

No sorriso posto,

Na inocência de uma frase dita...

— Como andas?

— Vou bem e a senhorita?

❖❖❖
Notas de Rodapé

Agradecido pelo que até aqui chegaram. :D

Apreciadores (6)
Comentários (3)
Postado 04/11/16 14:30

O personagem de Charles Chaplin diz no discurso final do filme o Grande Ditador o sequinte:

"Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco."

Acho que combina bem com esse belo texto. Parabéns, Gio. Tá muito bom!

Postado 05/11/16 10:34

Não me lembrava deste trecho, apesar de ter visto e revisto aquele discurso várias vezes (e que discurso , viu?! ), mas realmente acho que combina mesmo.

Valeu, Chico!

Postado 08/11/16 19:48

Nosse ao tempo que não entrava aqui. Mas bem, vamos comentar um dos teus poemas porque isso faz-me feliz e espero que a ti também.

Da lista infinita de notificações que tenho a palavra Monólogo atraiu-me. Vai perceber-se.

Man dois dias atrás estava que nem isto. Como vais, tudo bem? E ganhar aquela sensação louca de querer contar o mundo e o universo à pessoa. Mas depois fiquei pela resposta standart que todos nós achamos mais adequado responder "tudo sim e contigo?"

It's such a weird feeling tho. A vontade de sentir que temos versus os medos que a sociedade nos enrizou. De que sentir profundamente é uma espécie de pecado para a raça humana.

Fiz algum sentido tho? QT

Faz dois dias que não durmo direito ou paro de desenhar. E este frio vai me matar antes de chegar o Inverno.

Postado 08/11/16 21:17

Resumiu tudo kkkk

Tanto a se falar, mas surge aquele medou de ser um incoveniente ao lançar tudo que se quer falar, é algo estranho, um pouco triste também.

Fico muito feliz que venhas comentar :D

Postado 02/01/17 01:52

Teus poemas são sempre tão.... sabe, especiais? Dão um sentimento tão difícil de descrever! <3

Postado 03/01/17 11:24

Brigadu, Julih :D