A tentativa de amar
Se assemelha unicamente a de rimar.
Rimas com duas palavras de mesma categoria gramatical
Já foram ditas pobres, excluídas pela academia do parnasianismo,
Talvez até chamadas de falsas, uma ação covarde
E pensando com um pouco de alarde
É fácil perceber que com o amor não foi diferente
Uma cultura tão coercitiva, uma pena realmente.
Rimas já foram ditas ricas também,
Quando havia diferença entre os termos em questão,
Foi enaltecida e redigida com um exemplo para as pobres,
Se me perguntar, plena perda de tempo tal classificação
Não é destino da poesia ser presa em padrões,
Pobre de nós lermos sempre os mesmos versos
Repetidos e definidos por uma mesma terminação.
Mas eis que deixamos de nos ater e constranger
Dividindo o amor, digo, as rimas em categorias
Tão indignas e sem real significação.
Rimou tá rimado!
Passamos a apreciar o dito fato,
Às vezes temos o prazer de achar uma especial, dita rara,
Um real agrado ao leitor , diga-se de passagem,
Quando, apesar de aparentarem tão diferentes,
A rima lá está, ecoando sua unicidade,
Demonstrados sua verdade inerente:
É possível!
Apesar de ter que ouvir que vai ser difícil
Ou que seja algo inconsequente.
Nem tudo é um mar de poesia,
Infelizmente,
Nem toda rima vibra,
Às vezes nos contentamos
E decidimos por uma parcial,
Às vezes esquecemos que também há a interna
E nem só de externa vivem os poemas,
Às vezes é consoante,
Mas há as quê sejam toantes.
Às vezes é difícil aceitar que não
Que palavras que se cairiam tão bem
Acabam apenas por ocupar um espaço no papel,
Às vezes, não importa quão queiramos,
O verso é branco,
Falso? Uma definição estranha,
Mas sozinho,
Talvez não por culpa própria
Ou por dificuldade na rima,
Mas o verso adjacente,
O intercalado
Ou um intermitente,
Acaba por não se encaixar.
Acabamos por dizer que o verso é livre
Um eufemismo, talvez,
Para não dizer que a rima é unilateral,
Que faltou um verso que o queira
E soe igual.