Ritual
lest
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 21/05/17 16:40
Editado: 21/05/17 17:43
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 6min a 8min
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Não recomendado para menores de dezesseis anos
Capítulo Único Ritual

Ritual

Tudo estava preparado para aquele momento, aquela sala quadrada estava completamente escura, se não fosse as velas posicionadas em seus cantos, na mesa o que residia era uma toalha roxa com algumas pequenas inscrições, duas velas em suas beiradas e ao centro um círculo mágico rodeado de pequenas pedras preciosas, que continha uma pequena camada de água a cima do círculo. Andava pela sala com seus passos leves, carregando um pequeno incensário metálico e redondo, preso por correntes a um anel que estava em meu dedo do meio da mão esquerda, enquanto na mão direita carregava um punhal cerimonial, recitando antigos cânticos até que a fumaça preenchia toda aquela pequena sala.

Ao terminar este primeiro trabalho, me sentava sobre a mesa devagar, para não atrapalhar a harmonia que havia sobre seus itens, e coloco o incensário do lado oposto do círculo mágico. Coma lâmina do punhal a cima do incensário, o banhava com sua fumaça devagar, enquanto conjurava o encantamento do mesmo, o tornando a ferramenta perfeita para meu trabalho, e a partir desse momento, a fumaça não era a do incenso, mas a do próprio punhal, o acompanhando para onde sua lâmina ia. E nesse momento, passo a ponta da lâmina em movimentos circulares pela água, e então subo esses movimentos criando uma pequena espiral com a fumaça que saia do punhal, e logo a água subia acompanhando o movimento da fumaça, e ao chegar ao cume da pequena torre que havia construído, ela se aglutina de forma densa em uma esfera, que aos poucos tomava a forma de uma pequena caveira, se condensando na forma de cristal e flutuando a cima do círculo que estava desenhado sobre a mesa. Com minha mão esquerda livre, apoiava aquela caveira que era fria ao toque, a puxando para perto de meu rosto e a olhando nas cavidades dos olhos.

-Aqueles que fogem de mim deverão agora ouvir meu chamado, aqueles que estão além do alcance devem estender suas mãos, aqueles que a tudo querem devem perecer aos meus pés, aqueles que são temidos devem estremecer à minha presença, aqueles que a tudo são, devem se tornar nada devido a minha grandeza.

O ar em volta de mim se agitava, mesmo em uma sala fechada se criava vento, que rodeava pelos cantos da sala, ao invés das velas se apagarem, seu fogo foi levado como a uma linha tênue pelo vento, e logo incendiava a fumaça, causando pequenos incêndios em pleno ar, sem danificar nada que habitava aquela sala, e aos poucos vozes roucas e pequenos gruídos saiam das labaredas, sem realmente ser possível distinguir qualquer coisa que falavam, o fogo tomava várias formas desde humanas até animais, até o ponto de que todos se união ao cristal que estava em minhas mãos, criando desenhos vermelho-fogo por toda ela, até fossa ocular entrar em plena combustão, e assim se inicia movimentos estranhos da mesma, onde a mandíbula se mexia como se falasse, ao mesmo tempo que era movida para os lados, sem sair de seu lugar na composição geral. Ao terminar este momento, a caveira volta a flutuar mesmo a cima de minha mão, e ria de uma forma doente enquanto me encarava.

-O que queres de mim minha cara? Já não é sofrimento demais ter-me atado a ti?

-Sofrimento maior é ter que ouvir suas mesmas e incessantes indagações todas as vezes que precisamos conversar sobre algo, me cansa ter que estar perto de ser tão incômodo

-Se tens esta opinião sobre mim, por que não se cansa em me invocar? Estou aqui por que pedistes, e não por que gostaria de estar.

-Você sabe o que faz aqui, tudo está pronto para cumprir sua parte não? Estou cansada de esperar.

-Minha cara, sua paciência é muito ínfima para tal empreitada, porém com sua sorte agora parece que o caminho está mais aberto, logo poderás retornar.

-Logo? Logo demanda muito tempo que não possuo neste momento, estou morrendo a cada segundo que estou aqui.

-Isto não é apenas o castigo merecido – A caveira ria. – Estás aqui pelos seus próprios pecados, queres voltar sem ter pago sua penitência, e ainda me recrimina por demorar a tal?

-Não quero perder noção de quem sou, isto é pedir muito?

-Para alguém em sua situação atual, claro que é, inclusive me invocaste pela própria força de seu pecado.

-Você fala sobre pecado, mas és o próprio pecado personificado! Como ousas me criticar.

-Minha cara, estou no meu dever aqui, apenas o mal pune o mal, estou sendo bonzinho com a senhorita por lhe permitir mais uma chance, claro que com o preço adequado.

-Preço adequado!? Você apenas quer tudo de mim, o que serei eu se pagar o que me pedes.

-Continuará sendo você mesma, mesmo depois de voltar, algo que a maioria no seu estado nunca alcançou.

-Mas o que serei eu então depois de voltar? Serei eu ainda uma humana? Ou apenas algo a se decompor?

-Você deixou de ser humana logo após de se banhar no seu próprio pecado, por amor você tirou uma vida para recuperar outra, por amor você destruiu tudo o que existia a sua volta, e agora clama por libertação? Os grilhões que te prendem a este mundo são fortes demais para serem rompidos assim, você se afundou na própria cobiça disfarçada de amor, não podes mais ser chamada de humana.

-Então o que sereis a partir de agora?

-Agora, minha cara, será como aquilo que você cria, será um ser em decomposição andante na terra, o que te anima será apenas um resquício de sua antiga alma imortal, mas que foi destroçada pelo próprio pecado, e sua punição será espalhar a destruição descontrolada, até que pagues com as almas dos mortos o mesmo que pagou para criá-los, mas vamos, por que o tempo urge, seu corpo não mais resistirá sem sua presença.

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Comentários (2)
Postado 23/05/17 19:34

Antes de tudo, seja bem-vindo à Academia, Sr Iest! Que este antro maldito possa lhe apetecer!

Achei bem interessante a forma como se deu o ritual, com detalhamento criativo e de fácil visualização aos leitores. Houve um pouco de mistura entre tempos verbais aqui e ali, repetição de palavras em um mesmo trecho e um ou outro erro que acredito ser obra do corretor. Nada que uma posterior revisão não elimine.

Apenas senti falta de um pouco mais de emoção/sentimento por parte da invocadora, bem como um pouco de descrição sobre a mesma, mas em suma é uma boa obra. Espero ver mais textos seus nesta vertente por aqui, Sr lest

Atenciosamente,

Um ser cerimonial e morto, Diablair.

Postado 15/06/18 20:37

Acho que uma revisão cairia muito bem aqui.

Concordo com o Diablair, senti falta de um pouco mais de emoção, mas nada tão prejudicial. É uma boa obra, de fato.

#TG 1/50

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