Contudo, essa não é a única razão para estar lhe escrevendo. Provavelmente não esperava uma mensagem minha ou talvez esperasse que eu nunca mais o contatasse. Mas a mente é fraca, como o coração. Então, cá estou, Skylar. Na época em que parei de visitá-lo e, posteriormente, falar contigo, o fiz por sentir-me apenas teu tapa buracos e confesso, realizei tal tarefa porque possuía certa atração pela sua pessoa, um possível crush (como dizem as crianças de hoje) e me magoava vê-lo com terceiros, pois esperava que uma hora notasse a natureza de meus sentimentos. Entretanto, sei que a reciprocidade jamais ocorreria dada sua orientação sexual, que creio eu, seja hétero.

Enfim, acabei me pegando com saudades da nossa relação. Senti falta das tuas conversas e piadas sem graça, daquele riso bobo que tens e, principalmente, dos conselhos que por mais sábios fossem, eu nunca os seguia de fato. E terminávamos sempre por reclamar um do outro, quando tombava e escolhia os caminhos mais difíceis e que me levavam a chorar em tua casa, as tantas horas da madrugada, sobre efeito de álcool ou mesmo das chateações e desilusões.

Talvez este saudosismo se dê em decorrência da viagem que fiz a tua terra natal e quiçá duma lasquinha desse sentimento inútil ainda nutrido todos esses anos. Acredito que por esse sentimentalismo tosco meu pensamento voara até você. Nesta carta que nunca receberá, só sei lhe dizer que senti saudades. Saudades de uma era que não mais nos pertence e de momentos longínquos na tua memória e porque não, na minha também.

Fique bem, meu amigo. Ache o amor de sua vida, case-se e tenha filhos. Seja feliz, transforme-se naquele homem engravatado de sucesso das capas de revistas e filmes. Espero que te tornes tudo que desejas.