Acredito que existem vários tipos de amor e várias formas de amar, mas como a primeira coisa que veio em minha cabeça de romancista foi meu primeiro amor envolvendo romance, é sobre ele que irei falar. Meu primeiro amor foi um tanto quanto útil para que eu entendesse logo de cara o que, para mim, realmente significa amar alguém. Tendo como trilha sonora a música Meu Erro dos Paralamas do Sucesso, podemos notar que não teria como dar certo.
Ele veio por volta dos meus dezesseis anos e foi uma sensação um tanto quanto estranha, em um primeiro momento eu não queria estar apaixonada, dias depois eu chorava no intervalo da escola ouvindo a tal da música. Houve uma aproximação mas não foi, nem de longe, um amor recíproco; foi mais uma amizade adolescente onde nos encontramos e conversamos decentemente pela primeira vez em uma festa, teve violão, pizza, a tal da música e uma garota emocionada. Eu estava me apaixonando, ela estava curtindo enquanto se apaixonava por outra pessoa.
Tenho boas lembranças dessa época, foi uma amizade muito boa; a família dela gostava de mim e a minha gostava muito dela. Nós íamos para festas, aulas e, principalmente, para o cinema juntas, foram bons tempos; eram os olhos verdes mais bonitos que eu já havia visto.
Como tudo na vida de uma adolescente fã de Lana Del Rey, não poderia faltar o drama do romance; com o tempo nos afastamos e eu vi que o que ela sentia pela outra pessoa crescia cada vez mais e que eu não seria – e nem deveria ser – suficiente para mudar aquilo e virar sua atenção para mim. E em uma manhã de um sábado, depois de pensar muito eu decidi me libertar de toda aquela sensação estranha que me cercava há meses, decidi que estava na hora de deixar ela ir e, principalmente, me deixar ir.
Não foi nada fácil, chorei por uns três dias, tive minhas recaídas mas sobrevivi. Eu nunca tive dificuldade alguma em entender que as pessoas vão e vêm, como as estações do ano; algumas te esquentam o coração, outras te fazem florescer, tem aquelas que te fazem perder partes de você e as que te congelam com tamanha indiferença, mas durante essas experiências todo aprendizado é válido. Então entendi um dos meus significados de amor, amar ela não significou tê-la, mas sim entender que ela, assim como eu, era livre para amar. Não houve mais a emoção com a tal da música, não houve poemas nem pinturas melancólicas, só o fim.
Foi um acontecimento que me trouxe várias coisas positivas: eu aceitei que estava gostando de uma garota e fortaleceu minha relação com minha mãe, que me apoiou e compreendeu muito bem, me ajudou a entender que, às vezes, é melhor deixar as pessoas irem. Hoje quase não nos falamos mais, acredito que não nos sentimos falta, está tudo bem; para um primeiro amor eu aprendi muito.