Existe um lugar de corredores frios, corações vazios, onde as mentes são alimentadas por devaneios para que a insanidade não tenha poder sobre elas.
Neste lugar as noites são maiores, as sombras caminham pelos arredores cantando em meio a sussurros e cochichos, revelando os segredos dos indivíduos que ali estão.
Paredes brancas pintadas com remorso, chão de madeira ilustrado com lágrimas, cortinas de retalhos de memórias em frangalhos; O rancor impregna o ar, tornando-o pesado para os frágeis pulmões que já sofrem com o odor de mofo que se faz presente em cada canto deste lugar.
No que deveria ser o jardim, não há aranhas ou ratos, sequer há baratas ou qualquer tipo de inseto e roedor. Não há pássaros nas árvores, nem flores na grama seca. Há galhos pontiagudos, velhas árvores sem folhas e uma fonte velha sem água e cheia de rachaduras.
No ápice da madrugada é possível ouvir passos pesados nos corredores e garras arranhando as superfícies pútridas das portas de madeira mofada. Há, também, relatos de que já ouviram não uma, mas três vozes de crianças cantando cantigas em idiomas antigos.
Não é permitida a entrada de crianças nesse lugar, elas são puras demais para tal pesadelo.
Muitos podem chamar esse lugar de "prisão", mas, com um tempo, aprendi a chamá-lo de lar.
***********************************************************
Saudações! Eu sou o Anfitrião, meu trabalho é guiar você, caro leitor, por esses corredores na esperança de que você enxergue esse lugar não com os olhos do povo, mas com os meus olhos.
Como responsável pelo seu entretenimento, contar-lhe ei três histórias que, a princípio parecem distintas, mas há um pequeno fio que as conecta.
Sem mais delongas, vamos à primeira história.