Águas Profundas (Em Andamento)
Esfinge
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 18/06/22 15:54
Editado: 19/06/22 21:22
Qtd. de Capítulos: 19
Cap. Postado: 19/06/22 20:36
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 9min a 12min
Apreciadores: 1
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Palavras: 1530
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Não recomendado para menores de dezoito anos
Águas Profundas
Capítulo 15 Capítulo 15

Ao amanhecer, os mercenários levantaram acampamento. Aydan não teve seu pé preso por correntes, mas seu irmão sim.

Para alegria de Aydan, o número de caçadores tinha sido reduzido em no máximo trinta. Pelos equipamentos, ele podia ver que planejam seguir com o negócio de caça às bestas.

Eles viajaram por muitos dias, parando a noite para descanso e em cidades para abastecer.

Aydan tentou se localizar no mapa em sua cabeça, mas seu senso de direção era péssimo. A única coisa que sabia, era que o calor aumentava cada dia mais, e as regiões de mata fechada aumentavam, abandonando o tempo sempre gélido de sua região. Ele e Rinne se sentiam cozinhando dentro da carruagem e Raiden fez a “gentileza” de comprar túnicas leves, que iam até as panturrilhas, deixando Aydan e Rinne desconfortáveis com tão pouca roupa.

Raiden ainda fazia Aydan fazer todas as refeições com ele. Cortejando-o como uma noiva que nunca fora violada e agindo como um cavalheiro. Como se Aydan tivesse esquecido tudo que ele fez. Ele o tocava sempre que podia, elogiava cada roupa e pedaço de pele desnudo.

Na cidade, as mulheres e ômegas passavam e cochichavam com inveja.

“Se eles soubessem da missa metade”

Os dois ômegas olhavam a paisagem pela janela em silêncio até que enfim, os homens chegaram às margens do rio. A caravana parou e Raiden permitiu que os dois descessem para se refrescar. Ambos ficaram maravilhados com a vista, o rio era gigantesco e de águas negras e profundas. A vegetação das margens era de um tom de verde intenso, coberto pelo céu azul.

Raiden e Katsuo chamaram os homens para dar as ordens enquanto isso.

−Homens, nós estamos bem próximos do nosso destino. Entraremos numa região pouco conhecida sobre a fauna e flora, e só o que temos são informações de viajantes que estiveram aqui. Também existem muitas tribos que decidiram se isolar do restante da população, então não sabemos como seremos recepcionados. Como já sabem, existem bestas perigosas e de nível alto, algumas até de linhagem real. Portanto, não falem mais que o necessário com os moradores. Para todos os efeitos, viemos atrás de pedras preciosas e ervas mágicas.

Katsuo abriu o mapa gigantesco, demarcando o quão grande era a extensão do lugar. Raiden marcou a próxima parada.

−Iremos passar uma noite nesse povoado e alugamos um barco para subir o rio. Aqui ele se divide em dois. A esquerda é conhecida como território das serpentes, onde reina na hierarquia a besta real conhecida como Titanoboa.

Os homens se entreolharam, alguns assobiando e outros surpresos.

−Líder, sem querer questioná-lo, mas essa besta é pré-histórica. Nunca soubemos de ninguém que...

−Matou uma delas? Eu sei, mas eu também nunca ouvi falar de ninguém que tentou. Se alguém aqui está com medo de tentar, ainda podem dar meia-volta e irem para casa. Eu não tolero covardes.

Raiden apontou para a direita.

−Aqui fica os territórios dos Demônios de água doce. Eles são igualmente perigosos. Dizem que eles são capazes de liberar uma grande descarga de energia, e suas vítimas morrem como se fossem atingidas por um raio. Juntem isso com água e podem imaginar a razão de serem perigosos.

Raiden tirou uma joia do bolso. A gema brilhava em um tom de azul cristalino.

− Em compensação, essa bela joia nasce de suas escamas.

Nenhum dos homens retrocedeu e muitos deram gritos de coragem.

Aydan e Rinne voltaram e ouviram o barulho.

−Bando de boçais. Olha como são estúpidos. – Aydan comentou.

− Nojentos. – Rinne concordou.

Logo em seguida, a caravana tomou novamente o rumo da estrada, chegando no vilarejo em algumas horas.

A maioria dos homens ficou afastada e Raiden e Katsuo saíram para encontrar alguma estalagem.

A porta da carruagem se abriu e Raiden sorriu para Aydan.

−O que acha de um passeio? Você deve estar cansado de ficar aí sentado.

Aydan quase disse que preferia ficar trancado a sair com ele, mas se deteve.

−Meu irmão pode ir junto comigo?

−Não. Quem sabe futuramente, se você souber me convencer. −Ele piscou. – Meus homens irão levá-lo para a estalagem. Não se preocupe, eu já deixei ordem para ninguém tocar nele.

Aydan continuou sério e olhou para Rinne se despedindo e eles seguiram em direção aos comerciantes e pontes.

O píer de madeira possuía muitas pontes que cruzavam o rio e casas flutuantes. A população tinha um leve comércio de comida e pescadores descarregavam os peixes para os comerciantes. Aydan viu que um grande barco estava ancorado, ele era o único barco grande ali e parecia ser novo e bem cuidado.

−Aydan, eu te darei um voto de confiança. – Raiden parou e o segurou pelo ombro. – Você pode passear pelo comércio. Eles não parecem ter grandes coisas, mas se ver algo que goste, compre. – Ele tirou uma bolsa escura de moedas e entregou para ele. Saindo com Katsuo que nem sequer olhava para Aydan, como se ele fosse invisível.

Aydan deixou eles se virarem e jogou a bolsa com dinheiro na água. Preferia mendigar a usar o dinheiro que Raiden ganhava matando bestas. Ele andou pelo píer olhando os comerciantes curiosamente e alguns lhe ofereciam peixes, frutas e até alguns tecidos.

Zara saiu de sua roupa quando sentiu os caçadores se afastarem e rastejou até o chão. Aydan estava tão habituado com ela que nem percebeu a cobra sair para dar um passeio.

A serpente saiu assustando alguns vendedores que se afastaram ao vê-la. Ela farejou o ar, faminta, atrás de uma pequena presa.

No caminho, um artesão habilidoso confeccionava algumas jóias ao sol. Ela se deteve em seu caminho sentindo a presença dele e ergueu todo o pequeno corpo em uma posição que parecia ser de ataque.

Ele parou seu trabalho e a encarou curioso.

− Hmn, uma víbora da noite? Você não é daqui. − Ele sorriu para a postura defensiva dela, esperando-a atacá-lo. Passos foram ouvidos e um belo rapaz surgiu correndo e agarrando a cobra pelo pescoço, fazendo o artesão abrir a boca surpreso.

−Zara! O que você pensa que está fazendo? − O jovem ralhou com a cobra como uma mãe que repreende um filho. A serpente colocou a língua para fora indignada. − Não adianta bancar a desentendida, eu já te disse para não atacar ninguém inocente!

Aydan olhou o homem para se desculpar. Percebendo que o mesmo devia ser um indígena. Ele usava uma máscara de madeira cobrindo metade do rosto. Seu corpo estava quase totalmente coberto, mas se notava a pele morena avermelhada.

− Desculpe, ela não costuma ameaçar as pessoas assim.

O homem também levou seu tempo para analisá-lo. A pele branca do rapaz brilhava de suor, mostrando que não estava habituada a se expor, seu corpo era magro e se notava um aspecto de sofrimento. Ele parou na pinta vermelha em sua testa. Um jovem marcado?

Ele sorriu e voltou a moldar os fios de uma corrente.

−Não foi nada. Ela não iria me atacar, estava apenas me testando. Cobras só atacam quando se sentem ameaçadas.

Aydan assentiu, olhando a destreza com que ele trançava e seu olhar caiu nas joias expostas. Belos cristais brilhavam ao sol e ele nunca tinha visto coisas tão lindas.

−São lindas, você fez todas essas joias? − Ele se ajoelhou e tocou em uma pulseira de prata com pedras verdes.

− Sim, obrigado. Você quer escolher uma? Essa combina com seus olhos. −Ele encarou Aydan através da máscara.

Aydan sentiu as bochechas queimarem. O homem tinha uma voz forte e rouca. Ele se levantou negando com a cabeça.

−Eu não teria dinheiro para pagar. Se tivesse, eu compraria com certeza. – Ele disse sem jeito.

− É um presente, por ter me salvado da víbora. − Ele pegou a corrente para entregá-la, mas um homem chamou o jovem.

− Aydan? Vamos. − O homem parou ao lado do jovem. − Você gostou de alguma coisa?

O jovem escondeu a serpente, que entrou em suas vestes rapidamente, perdendo todos os traços de sentimento em seu rosto.

−Não. Eu só estava olhando.

Aydan se despediu em um aceno e caminhou para o final, sendo seguido pelos dois homens.

O artesão foi totalmente ignorado por eles. Ele sorriu e voltou ao seu trabalho. Depois de um tempo que eles foram embora, o barqueiro caminhou até o homem.

− Eles querem subir o rio e perguntaram se eu sabia onde ficava a nossa tribo.

−Ótimo, os leve até a divisa do canal e diga para qual lado fica o santuário.

−Eles parecem ser caçadores perigosos, é seguro os deixar tão próximo da aldeia?

− Eu irei avisar a todos. Não se preocupe, apenas faça o de sempre, só tome cuidado.

−Certo, partimos amanhã...e você? – O jovem olhou para a calma e paciência daquele homem, se irritando.

−Irei subir daqui a pouco...− O homem moldava os fios de prata com um alicate pequeno.

−Faça como quiser, eu vou para a casa. – Ele lhe dava nos nervos.

O homem viu o jovem dar meia volta. “Esses jovens estão sempre com pressa” ele pegou a corrente com gemas verdes e a olhou em suas mãos “Eles eram lindos...como joias” a corrente foi guardada num saquinho e colocada em suas vestes.

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Notas de Rodapé

A felicidade que eu tive em escrever esse capítulo foi única. Novos personagens surgiram e eu AMO meus filhos ❤️

Quem viu a imagem e lembrou da Amazônia, não viu errado, esse Rio Negro vem da Colômbia e se une com o Rio Amazonas, sendo um dos maiores rios do mundo. Eu acho o nosso pais lindo demais e a Amazônia é uma das minhas inspirações para criar esse universo alternativo <3

*Titanoboa foi a maior cobra já descoberta e viveu exatamente na divisa com Brasil e Colômbia há mais de 50 milhões de anos atrás. Ela pesava mais de uma tonelada, medindo até 15 metros ou mais, com 1 metro de altura.

*Demônios de água doce - Serão fisicamente parecidos com tritões, porém eu pensei bastante em um ser hibrido com a piranha e o peixe elétrico e eles andam em bando huhuhu :3

Apreciadores (1)
Comentários (1)
Postado 15/10/22 10:52

Adorei esse capítulo, muito legal ver eles nessa "expedição".

Parabéns por estar escrevendo essa história <3