Reflexo
Lovely
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 01/11/22 11:08
Editado: 01/11/22 11:19
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 4min a 6min
Apreciadores: 4
Comentários: 3
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Este texto foi escrito para o concurso "Crimes Macabros " Nesse Halloween, convidamos todos vocês a explorarem sua natureza macabra em uma clássica e sangrenta aventura! Queremos que dêem vida ao pior pesadelo, que façam sangrar as melhores ideias e que elas encham o inferno o suficiente para que os mortos passem a andar na Terra! Ver mais sobre o concurso!
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Capítulo Único Reflexo

Desperto de forma abuptra, a camisola empapada pela febre, minhaspernas ardiam com os arranhoes e sangue seco manchava minhas unhas. Ignorando a dor levantei da cama, me ajoelhei em frente ao estrado onde a biblia do Senhor pousava.

- Pai nosso que está no céu, santificado seja o vosso nome, venha vós ao vosso reino, seja feita a sua vontade...

-

- Louise! - irmã Jones bateu com a regua em meus ombros - a vista da janela deve ser ecantadora.

- Perdão irmã, não foi minha intenção.

- Para não estar prestando atenção imagino que conheça bastante sobre a matéria, me diga: qual a simbologia da cruz invertida na goética popular?

- É o reflexo. – minha versão espelhado no vidro sorriu, sarcastica - é o reflexo da crucificação no inferno.

-

A balburdia da cantina é a unica movimentação neste lugar. Cada pedaço de comida fazia meu estomago revirar, como se zombasse de mim ElA sorria pela mesa de acrílico, esperando um momento de descuido. Discretamente terminei parte da refeição e caminhei tentando me mesclar ao ambiente, passando pelas portas corri em direção a capela, precisava falar com a irmã Victória sobre os sonhos recorrentes.

- Olha só o que temos aqui? – Charlotte surgiu no corredor – está indo se confessar novamente? 8 vezes na semana, o padre deve apreciar sua devoção.

- Eu estava indo ao banheiro.

- Te acompanho até lá – segurando meu braço fomos até o banheiro, trancando e me prendendo contra a porta- Me diga Louise, como uma garota que ninguém conhece chega na escola e ganha um quarto exclusivo, banhos separados e vive em uma ala privada? Seus pais devem pagar caro para te manterem aqui.

- Por favor Charlotte.

- Por favor? Por favor o que?

- Eu preciso falar com a irmã Vitória.

- Implore – disse, pressionando seu corpo ao meu – me mostra como faz com o padre, Louise. Quero saber o que te faz tão especial.

- Por favor Charlotte, por favor...

- Não é o suficiente – Ela abria minha minha blusa, sussurando em minha orelha – Reze Louise, isso vai ser divertido.

-

A dor era horrível, todos meus ossos pareciam estralar e cada som arranhava minha mente, abrindo os olhos ElA me encarava no piso da parede. Arrancando o crucifixo, aceitei sua presença.

- VoU cUiDaR dE vOcê - As mãos dela passeavam pelo meu rosto - SeNtI nOsSa FaLtA.

-

- Certo, o grupo 1 logo está voltando, gurpo 2 mais dois quilometros pela trilha e grupo 3 finalizem o aeróbico - caminhamos até Irmã Carter - Louise, que novidade você aqui.

- Bom dia irmã, decidir tentar algo novo.

- Pode se juntar ao grupo 2.

O nosso ambiente de exercícios se resumia a uma grande clareira nos fundos do convento, o tempo e o uso delimitou as atividades por si só, as trilhas passavam entre as árvores com um ritimo circular e constante. Seguindo as outras alunas um movimento nos chamou atenção, Charlotte corria até o vestiário

- Charlotte.

- Olha só, vê se não é a vadiazinha, - ela segurava um cigarro nas mãos - sentiu minha falta?

- QuAsE iSsO – o corpo não era mais meu, ElA sorriu de forma bestial. – Me DiGa PeQuEnA cHaRlOtTe, VoCê aBuSa De ToDaS As GaRoTaS pRa ExPeRiMeNtAr CoMo SeU pAi Se SeNtE qUaNdO tOcA eM vOcÊ. aH nÃo, vOcÊ gOsTa QuANdO eLe FaZ iSsO.

- Não sei do que você tá falando, seu pedaço de merda

- VoCê fAlA tAnTo dE nÓs, mAs eU nÃo MaTeI mInHa MãE dE dEsGoStO.

- Mentirosa, você é mentirosa.

- ClArO – Avançou em direção a Charlotte, pegando pelo pescoço a arrastou até o armario – iMpLoRe.

Os sons da cabeça sendo esmagada contra a porta metálica era horrível. Segurando pelo cabelo ela levantou o rosto de Charlotte. Respirando fundo e com um largo sorriso ela me encarou pelo reflexo da porta enquanto sussurava no ouvido da garota

- ReZe ChArLoTtE, IsSo VaI sEr DiVeRtIdO.

Estirando a garota no chão o sangue jorrava com cada mordida, arrancando e comendo cuidadosamente pedaços do corpo, garantindo que ela continuasse viva. As dores de estomago haviam passado.

- FáCiL – ela sorriu me encarando pelo espelho enquanto limpava a boca - (isso não devia ter sido assim)

- PrEfErIa QuE fOsSe IgUaL aOs NoSsOs PaIsS? ( Vamos embora, por favor)

- CoMo SeNtI fAlTa dE fAzEr IsSo – olhando deleitosa, pisou esmagando o pescoço da garota.

-

- Alguém escutou isso? – Alice, que estava na minha frente no percurso olhou para mim.

- Não ouvi – olhei para o vestiário no fundo do campo.

- Pareciam gritos.

- Deve ter sido algum bicho, vamos, faltam 500 metros.

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Apreciadores (4)
Comentários (3)
Postado 02/11/22 17:39

Que leitura instigante. Fiquei com vontade de saber o que a Louise fez para ir ao convento e ter tantas regalias. Tô imaginando aqui alguns movitos

Postado 16/11/22 16:56

Querida Lovely... Que obra mais insana!

Nem consigo imaginar o desespero que ela deve ter passado, estar presa em um convento (que já é algo terrível) e ainda ser perseguida por uma pessoa com o capeta no coro...

Espero algum dia ver uma continuação disso... Ahhh... A famosa VENDETA!!!

Obrigada por ter participado do nosso concurso, em breve os resultados saem, fique atenta.

Beijinhos,

Seis.

Postado 03/01/23 22:48

Uma obra deveras intrigante e que certamente faria a nós, leitores, ainda mais felizes com uma continuação, pois algumas coisas bem tenebrosas (para dizer o mínimo) ficaram no ar...

Parabéns pelo texto, Srta Lovely!

Atenciosamente,

Um ser que aprecia enxergar as coisas sob um eflexo distorcido, Diablair.