Minha sabedoria se expandiu com as experiências vivenciadas, mas meu corpo se deteriorou tanto, que a menor noção de dor se equivale a uma surra. Foi uma vida complicada, mas no final tudo deu certo, o meu legado sanguíneo continuará e houve um tempo que isso; foi posto em xeque.
A verdade é que não estou triste ou frustrado. Estou em paz; é o que se consegue quando todos os seus amigos mais próximos já foram mortos, posso me encontrar com o criador e afirmar que ele me deu uma boa vida, depois de eu pesá-la em uma balança justa.
Mas antes de Deus um passado distante, pairou sobre meus olhos, a menina que fugira da juventude hitlerista e que nos salvou de um campo de concentração. O que me assustou era que aquela loura não estava mais do que dez anos mais velha...
Como poderia? Não haviam se passado oitenta e seis anos eu não havia envelhecido? Apesar de começar a duvidar de mim, minha sabedoria dizia que poderia ser outra pessoa havia cometido um engano era isto.
Não, os olhos azuis dela me encaravam demais e isso fez minha afiada intuição, sobrepujar qualquer tipo de inteligência, aquele olhar vazio pertencia à mesma criança bondosa que eu conhecerá nos tempos nebulosos da Alemanha...
...por isso, antes que a luz de meus olhos escureça completamente, eu sorri e para a minha não tão surpresa; Chaya sorriu de volta. De alguma forma, era ela, meu coração se alegrava.