Ramificações de um Poeta (Terminado)
Lobo Negro Johny
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 10/01/24 03:39
Editado: 07/04/24 14:51
Qtd. de Capítulos: 9
Cap. Postado: 15/02/24 12:48
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 46min a 61min
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[Texto Divulgado] "Cinzas no Deserto" Uma história baseada em algumas histórias baseadas em histórias que tanto amamos, de coração. Bora ler.
Não recomendado para menores de doze anos
Ramificações de um Poeta
Capítulo 6 Ato VI

Ato VI I

Elliot estava sentindo-se incrivelmente bem, acordou e foi para a psicóloga incrivelmente bem.

— Como você está menino? — Sandra sempre começava a sessão com essa pergunta.

— Eu estou incrivelmente bem. — O sorriso de Elliot era visível.

— Que bom! Conte-me o motivo. — Ela se ajeitou cruzando as pernas com as mãos juntas em cima do joelho.

— Bom, eu sou o número 1 da turma, tirei 10 em todas as matérias.

— Parabéns menino! — Falou Sandra.

— E fui chamado para o estágio REMUNERADO da faculdade de física, vou ajuda-los a fazer pesquisa, estou super animado, começarei depois que sair daqui.

— Que ótimo. Parabéns, e é só o começo. Certeza que vai dar tudo certo, você é inteligente, e logo vai encontrar alguém.

— Com relação a isso, esse sábado eu saí com minha amiga Jaqueline, e foi incrível, até demais, teve um momento que acho que rolou um clima, não sei dizer, talvez seja só algo da minha cabeça.

— Porque acha que foi só da sua cabeça?

— Pela minha experiência 0 em mulheres. — Sandra riu.

— Mas você acha que ela sentiu também?

— Talvez, não quero arriscar falar, ela poderia estar carente por causa da situação do ex-namorado dela que voltou. Mas não vou falar nada, se não for da minha cabeça vai acontecer de novo.

— Está certo. Vai vivendo. Na faculdade você não fez amigos?

— Não me senti à vontade para isso.

— Porque!? — Perguntou indignada.

— Eu não sei....

— Elliot, você fica nesse seu mundinho reclamando de que está sozinho e não se arrisca a criar novos vínculos, conheça pessoas, se arrisque, aprenda a lidar com pessoas diferentes. — Elliot apenas encarava Sandra, sem ter o que dizer.

— Eu vou tentar.

— Como é aquela frase? Ah sim! Lembrei! “Fazer ou não fazer, tentativa não há”. — Elliot ficou sem reação por ela ter citado mestre Yoda. — Então faça, se vira, apenas se arrisque.

— Vou fazer!

— Saia desse lugar que você se colocou, o orfanato está no passado, pare de ficar voltando lá.

— Eu só voltei uma vez.

— Sim! E você ainda sente que lá é seu lar?

— Não! Fiquei no final de ano, e como meus colegas não estavam lá, inclusive Alcides, foi péssimo.

— Então crie novas relações, não é fácil, mas tem que começar. Entendeu? Por hoje é só, continuamos semana que vem, e bom trabalho. — Eles se abraçaram e ele foi para o local combinado por Alexandre. Se cumprimentaram e Alexandre andou com ele para o elevador, o estágio era o subterrâneo.

— Está nervoso? — Perguntou Alexandre.

— Um pouco Senhor.

— Relaxa, só contratamos os melhores, e você é o primeiro calouro a entrar. Pouca pressão, não é? — Sorriu e deu uma pequena risada, enquanto Elliot o olhou suspirando para tentar manter a calma. Ao chegarem no subterrâneo, uma pequena porta com um segurança onde foi apresentado, lhe foi dado um crachá, e chaves para sua sala, foram andando por um longo corredor branco. Até se depara com um grande espaço que era o refeitório, havia várias pessoas por lá no máximo umas 40, de todos os tipos, Alexandre requisitou a atenção de todos:

— Atenção por favor, um minuto de sua atenção, sei que estão tomando seu café da manhã, mas quero apresentar a vocês o novo gênio da equipe, o calouro Elliot! Façam ele sentir-se em casa. — Todos o aplaudiram e chegou o responsável pelas pesquisas e se apresentou:

— Eu sou Howard Siebert, muito prazer, muitos gostaram bastante de seus resultados nas provas, e parece estar avançado, vamos ver o quanto, está bem?

— Espero não decepcionar Senhor!

— Relaxa! Venha comigo, vou mostrar sua sala e os laboratórios.

— A partir daqui você se vira jovem.

Falou Alexandre enquanto se virava para ir embora. Alexandre era um pouco mais baixo que Elliot apenas, porém parecia que malhava bastante os braços e peitos, mas as pernas eram finas, usava camiseta apertada e bermuda com tênis esportivos, cabelo cacheado, barba rasa, e uma testa enorme. Andaram em silêncio até a sala, passaram por mais corredores, agora com tom de amarelo claro, até chegar a sala de Elliot.

— Aqui está! — Abriu a porta e era uma sala espaçosa, uma escrivaninha com computador, e uma lousa branca, e livros de física na primeira prateleira da estante. — Por enquanto você estará ajudando com cálculos e outras coisas, até olharmos as pesquisas disponíveis, isso só deve acontecer no segundo semestre, e aqui está um formulário para você responder com seus dados para o cadastro seu como funcionário e pagamento. — Elliot pegou a prancheta e agradeceu, e sentou-se na cadeira — Ah! E mais uma coisa, como você é um estagiário, sua jornada de trabalho é de seis horas, e você tem que cumprir isso, mas você decide como, portanto, que faça, entendeu?

— Entendi!

O resto do dia Elliot ficou fazendo o que pediam e fazia alguns cálculos, embora percebeu que não eram por terem dificuldade, mas por preguiça, ou apenas para testar se ele estava apto para trabalhar ali. Quando deu 15:00 Elliot saiu de sua sala e foi embora, estava um pouco insatisfeito, mas feliz por estar trabalhando. Chegou em casa, e decidiu relaxar, deixou o celular longe e assistiu suas séries, filmes. Mais a noite olhou seu celular, e havia mensagem de Tainá;

— Oi, como você está? Quero pedir desculpas por ter que viajar para minha faculdade depois daquela noite, eu gostei bastante de conhecer você, desculpe mesmo!

— Oi, está tudo bem, de verdade, você está bem?

— Estou indo, algumas dificuldades de me readaptar, eu moro completamente sozinha, e de uma casa com meu irmão, mãe e pai para um apartamento onde só eu moro.

— Sei bem como é isso.

— Mas está gostando da faculdade?

— Estou sim, eu adorei o curso. E como está a sua?

— Estou ótimo, fui o primeiro da turma e por isso fu chamado para estagiar no departamento de física, fazendo pesquisas.

— Que legal! Parabéns!

— Obrigado. Estou bem tranquilo, sem provas, estava colocando minhas séries e animes em dia!

— E o que você está assistindo?

— “Como eu conheci sua mãe,” Naruto, e supernatural.

— Eu adoro Naruto e Como eu conheci sua mãe.

— Que legal. Eu comecei agora a série, Naruto estou terminando.

— Você está ocupado?

— Não, porque?

— Quer falar por ligação, estou com preguiça de digitar!

— Claro. — Tainá ligou.

— Alô.

— Alô, então?

— O que mais você gosta Elliot?

— Eu sou bem nerd.

— Batman ou Superman?

— Batman, óbvio!

— Realmente, Superman é muito certinho.

— Eu gosto do Superman, mas entre Batman e ele, Batman ganha!

— Sim!

— Você gostou do filme?

— Gostei bastante e você?

— Achei meio parado!

— Ah mas isso é complicado....

Passou uma hora de ligação.

—...Então por isso eu gosto das músicas do Leone. — Falou Tainá.

— Eu também gosto, embora fica difícil de dedicar para as pessoas.

— Sim!

— Como eu dedico “Como eu quero”?, ele fala que de transar.

— Sim!

— É poético? Sim! Mas um tanto vulgar né! — Ela riu.

— Com certeza...

Mais uma hora de ligação.

— Eu me identifico totalmente com Ted Mosby.

— Então você se apega rápido e é fofo?

— A primeira afirmação é certeza, a segunda eu espero que você me diga!

— Ah! Você é sim haha, e muito fofo!

— Então está decidido, assim como você é linda e adorável.

— Muito obrigada.

— Talvez eu iria querer você por perto sabe...

— Olha só, quem diria minha namorada é a Batgirl! — Elliot se deixando levar pelas emoções, e falar sem pensar.

— Eu sou sua namorada? — Elliot que durante as horas de ligação andava de um lado para o outro, agora estava parado sem saber o que dizer, e só conseguiu pensar em pedir desculpas.

— Perdão, perdão, eu me deixei levar...

— Relaxa, achei bonitinho, igual ao Ted. Hahaha.

— Que susto! Mas me desculpe!

— Relaxa, a gente vai namorar, um dia! — Aquilo alegrou Elliot, um conforto e segurança. A conversa seguiu até o nascer do sol.

— Acho que devo dormir, mais tarde tenho que ir a meu estágio.

— E eu para a aula.

— Foi muito bom conversar com você! Adorei essa noite, durma bem, beijos!

— Beijos! Igualmente!

Elliot demorou para pegar no sono, a alegria que sentia era como uma enchente que passava por todo seu corpo. Acordou e foi para o estágio. Era mais do mesmo, ajudar os veteranos a fazer as coisas, com o tempo dele pesquisava alguma pesquisa que lhe agradasse, no almoço sentou-se sozinho. Quando alguns colegas se sentaram com ele, ficou desconfortável, e não falou muito, terminou de comer e voltou a seus afazeres. O dia passou e logo acabou mais um dia, a noite para a faculdade, algumas pessoas começaram a falar com ele, ele respondia educadamente, mas não estava preparado para dar a chance de amizades e suspeitava que não estavam interessados em quem ele era, mas sim o quão bom ele era em física.

A semana se passou e no final de semana, Jaqueline enviou mensagem pedindo para se encontrarem, e Elliot aceitou. Uma pequena sorveteria:

— Como você está Elliot?

— Incrivelmente bem, de terça para quarta passei a noite conversando com Tainá, e foi incrível, temos gostos parecidos, e nos conectamos muito bem, e ela adorou o jeito que sou, estou muito feliz com isso. — Jaqueline desviou o olhar por um segundo.

— Que bom! Fico feliz por você, merece ser valorizado.

— Obrigado, digo o mesmo para você. Como você está?

— Um pouco melhor, você me ajudou bastante, e quis repetir a dose.

— Que bom, estou sempre por aqui quando precisar. — Elliot sorriu, um sorriso feliz e sincero que confortou muito a Jaque. Foi uma tarde e tanto, eles conversaram e se divertiram.

Ao chegarem cada um em sua casa, Elliot recebeu uma mensagem de Tainá, e cominaram de fazer outra ligação no fim da noite, Jaque o agradeceu pelo dia e conversou um pouco mais com ele. A noite chegou e mais uma madrugada em claro com Tainá o seguiu, antes de dormir escreveu e a enviou:

“Por mais longe que você pareça estar

A cada minuto

Que ouço sua voz

Faz meu coração disparar

E fico mais próximo

Do que acredito

Ser a companhia

Que faz a minha alma

Ser uma poesia

Que encontrou sua rima

Viajante do Tempo”

Tainá adorava os poemas de Elliot, e pareciam estarem cada vez mais próximos, embora Elliot fosse paciente, ainda sentia-se sozinho pelo fato de que a pessoa que gostava estava longe. Segunda-feira Elliot foi para o trabalho, a noite se permitiu algumas conversar na faculdade, e chegou na terça-feira novamente em outra sessão de terapia com Sandra:

— Como vai menino?

— Estou bem, as coisas estão ótimas com Tainá, Jaqueline está melhorando, e na faculdade estou me arriscando a fazer amizades, mas eles só fazem perguntas de física para mim, e não me sinto confiante para que saibam certas coisas, então está tudo muito superficial.

— Entendo, já é um grande passo para você, vá com calma, e não cobre muito de si. Como está o estágio?

— Bom, mas não faço nada para mim, apenas serviços bobos e coisas que todos sabem fazer mas não estão a fim, e só posso escolher uma pesquisa no próximo semestre, dependendo das notas da faculdade.

— Paciências, estágios são assim mesmo, faça seu melhor, você tem muito potencial e sabe disso. O que fez final de semana?

— Saí com minha amiga Jaqueline, e passei a noite falando com Tainá no telefone novamente, após isso escrevi poemas e enviei a ela, eu adoro o fato de ela gostar deste meu lado, outro dia me deixei levar e disse que ela era minha namorada. — Sandra arregalou os olhos e abaixou o rosto abrindo a boca, e olhando por fora dos óculos que abaixaram.

— E o que ela disse?

— Ela me perguntou se estávamos namorando, e depois que eu pedi desculpas ela riu e disse que eu era fofo como o personagem da série que ela gosta. — Sandra riu.

— Fico feliz por você menino, mas ela volta quando?

— Nas férias de julho.

— E você acha que isso vai dar certo?

— Eu tenho que acreditar nisso. — Sandra gesticulou com as mãos perto do ombro perguntando:

— Por que você “tem que acreditar”?

— Por eu não me enquadrar em como as coisas são hoje em dia, principalmente pelos relacionamentos tão descartáveis, quero acreditar em algo que dure, e que seja bom, não importa a dificuldade.

— É lindo isso, você é romântico Elliot, mas as pessoas não pensam mais assim e teoricamente é bonito, mas na prática, ainda mais nos dias de hoje leva a mágoa, então vá de vá devagar.

— Estamos indo devagar, afinal é o que temos, por causa da distância.

— Mas cuidado, você teve alguém que você gostou na época do orfanato?

— Acho que quando tinha 10 anos gostei da neta de uma tia da faxina de lá, e depois foi algumas vezes na cidade, mas era muito tímido e não conseguia interagir com as meninas, com doze anos uma menina disse que queria ficar comigo.

— E o que você fez?

— Eu não devolvi o interesse, mesmo que ela gostasse de mim.

— E porquê?

— Meu professor Marcos me disse que pessoas maduras reconhecem quando não estão prontas para algo, e que imaturas tentam provar o tempo todo que são maduras e acabam fazendo coisas imaturas. Eu não estava pronto, como iria ficar, nunca gostei desse termo, beijar alguém que eu gostasse como um adulto se ao voltar para o orfanato iria brincar com espadas.

— Entendo. Você se arrepende?

— Não! Não me arrependo disso.

— Mas você pensou isso sozinho, ou pelo que te disseram?

— Eu já me sentia assim, quando ouvia os meninos mais velhos falarem escondido das coisas que faziam na cidade, mas o que Marcos disse me ajudou.

— Você realmente é único Elliot, cheio de preciosidades, não se entregue a qualquer pessoa, apenas continue tendo calma, as coisas vão dar certo, acabamos por hoje, tenha uma boa semana, e cuide-se. — Se abraçaram, e Elliot logo foi para seu estágio, teve seu dia normalmente.

O mês de abril acabou rápido, Tainá e Elliot se aproximavam cada vez mais, e tinha um relacionamento íntimo, mas nada que pudessem assumir para outras pessoas. Alice estava distante vivendo sua boêmia da juventude perto de seu namorado com estilo de vida tão depravado quanto, Jaqueline era sua amiga mais próxima que agia de forma estranha até mesmo para Elliot achar estranho. Quando cegou o mês de maio Tainá sumira, não respondia, não atendia ligações e nem mesmo os poemas apaixonados que Elliot escrevia com dedicação e carinho, nenhuma resposta. Elliot começara a ficar preocupado, a insegurança começara a roubar seu sono, o medo de abandono novamente, as provas chegariam no final do mês, e começou a temer que isso o afetaria nos estudos. Era a segunda terça-feira do mês e a ansiedade já estava grande pela falta da Tainá.

— Como você está menino?

— Com medo, dormindo mal, preocupado.

— Porque?

— Já vai fazer uma semana e meia que Tainá não me responde, estou ansioso e com medo de ela ter me deixado sem dizer nada.

— Entendo, Elliot, você não pode deixar essas coisas afetarem você, muito menos te fazer parar, a vida continua é desse jeito que as pessoas são.

— Eu sei, mas é difícil ainda mais por eu gostar dela, mesmo eu me sentindo sozinho, era bom porque eu tinha alguém, mesmo que longe.

— E sua amiga Jaqueline e a outra?

— Jaqueline tem seus momentos em que some e fica estranha comigo. Já a Alice, depois que começou a namorar e viver de festas em festas com o namorado não me chamou mais, e muito menos me respondeu, eu tentei falar com ela a um tempo.

— Porque acha que Tainá se afastaria?

— Não sei, as coisas estavam ótimas cada vez melhores.

— Para você... — Elliot se assustou com a fala, se reclinando na poltrona. — Para ela poderia ter alguma coisa errada e ela preferiu não contar, e se ela não voltar, a perda é dela.

— Nunca sinto que a perda é de quem me deixa.

— Mas é, você é bonito, inteligente, valoriza as pessoas, reconhece seus erros, só precisa parar de achar que tudo é erro seu.

— Eu não queria passar por isso de novo.

— Por isso o que? Novamente se precipitando sem saber o que aconteceu, já falamos sobre isso, e vou dizer novamente, não comece a sentir algo sem saber o motivo, você fez isso com relação a seus pais.

— Eu sei que eles podem ter morrido, mas nenhum parente me quis? Nenhuma tia, primo, prima, avós?

— Você não sabe!! Eu entendo que isso te persegue, mas precisa não projetar isso nas pessoas ao seu redor, e presumir que todos irão fazer isso, e que muitos irão fazer isso e você precisa lidar, criar uma barreira para que você não sinta de forma horrível estas coisas. — Elliot ficou em silêncio. — Dê o seu devido valor a si mesmo, algumas pessoas já estão reconhecendo, afinal você já está fazendo estágio por ser um gênio em física. Se de a chance de analisar como você é, e que quem te deixa é que sai perdendo. — Elliot não dizia nada, apenas ouvia o que Sandra dizia, o resto da sessão ela dizia formas para ele controlar a ansiedade e se dar mais valor, a sessão acabou e Elliot foi para casa.

A semana passou e Tainá só mandou mensagem na sexta-feira à noite:

“Oi, desculpa ter sumido, é que eu sofri com depressão ano passado, e as vezes preciso sumir das redes sociais, não se preocupe está bem, e obrigado pelos poemas”, Elliot mandou uma mensagem dizendo que entendia bem o que se passava, e depois escreveu algo numa tentativa de animar Tainá. Ela não respondeu. No sábado começou a estudar para as provas, quando Alice mandou mensagem pedindo ajuda, combinaram de sair no outro dia para conversar. Eles se encontraram em um dos vários shoppings que havia pela cidade e foram para a praça de alimentação, ela logo escolheu um lanche, e ele um milk-shake:

— Obrigada por vir me encontrar Elliot!

— De nada! O que houve? Você disse que não está bem.

— Um pouco confusa com algumas coisas.

— O que seria?

— Parece que minha vida é a mesma coisa, não muda, não sei o que quero fazer de faculdade, e já perdi as vezes de que voltei e terminei com meu namorado. — Elliot bebia o milk-shake calmamente.

— Bom, sobre a faculdade primeiro, o que você gosta de fazer?

— Eu ainda não sei, gostava de matemática, mas não era muito boa.

— Se precisar de ajuda com isso eu sou ótimo em matemática, mas é normal demorar em saber qual curso da faculdade fazer, logo aparece. Agora sobre estar vivendo as mesmas coisas, e seu relacionamento. — Elliot estava sobre um dilema, sentia algum tipo de atração e desejo por ela, e um carinho gostoso, e Tainá estava distante. — Talvez devesse mudar um pouco seus hábitos e se arriscar um pouco, tentar algo diferente, e bom, eu não sei sobre seu relacionamento, sobre seu namorado. — Embora Elliot não gostasse do jeito dele. — Se você se sente desconfortável, deveria conversar com ele antes.

— Obrigada, é que sei lá, todos dizem a mesma coisa. Você, eu imaginei que sairia algo diferente.

— Feliz em ajudar. — Ela terminou de comer e se levantou.

— Muito obrigada mesmo, eu tenho que ir, desculpa sair assim, vou encontrar meu namorado e meus amigos. — Ela acenou e foi embora, enquanto Elliot só ficou olhando e disse um “de nada” sozinho. Voltou ao apartamento e começou a estudar, não havia sinal de Tainá o dia inteiro, apenas a noite, onde ela decidiu conversar apenas por mensagens:

— Oi, muito obrigado pelos poemas! Como você está?

— Estou bem, a saudade de você que era grande agora parece duas vezes maior, você está melhor?

— Melhorando aos poucos, amanhã o pastor da minha igreja vai vir aqui em casa e vou fazer um almoço.

— Que legal, é bastante gente?

— Ele, a esposa, e seus dois filhos.

— Dois meninos?

— Sim, são crianças.

— Que inveja deles.

— Porque???!! — Tainá não gostou da fala.

— Porque eles vão poder admirar sua beleza, enquanto faz tempo que não te vejo. Hahaha. — Elliot por mais inseguro que ciúmes que poderia ter, não tinha isso de criança, e era incapaz de ser possessivo ou bravo demais pelo medo de ser abandonado.

— Humm, entendi.

— É brincadeira, você sabe não é?

— Sim, mas não gostei muito. Vou dormir boa noite.

— Boa noite.

Depois disso, Elliot só estudava, porém já não tinha a mesma concentração que antes. Na segunda-feira foi avisado que ao terminar o segundo semestre da faculdade iriam perguntar o foco de sua pesquisa no estágio. Terça-feira e estava no consultório de Sandra novamente.

— Como você está menino?

— Com dificuldades para estudar.

— Porque?

— Parece que afastei a Tainá ainda mais.

— Porque diz isso? — Elliot explicou para Sandra o ocorrido.

— Como isso pode ser culpa sua?

— Eu que fiz a brincadeira.

— Elliot, isso não é motivo, já vi brincadeiras ruins, mas isso não chega a nem ser ruim, no mínimo sem graça. — Elliot não sabia o que dizer ou expressar.

— Mas...

— É ela que perde Elliot! E você tem uma amiga presente, tente investir nela, ou espere, foque em si mesmo, porque mendigar por alguém que nem tenta resolver algo tão bobo?

— Porque eu gosto dela!

— Sim, mas ela precisa querer, relacionamento é via de mão dupla, fazer isso sozinho como fez antes dá errado, porque ir se magoar?

— Eu...

— É lindo a forma que você se importa e gosta com os outros, mas muitas pessoas não saberão lidar com isso e não pode esquecer de si mesmo. — Elliot não disse mais nada, e Sandra começou a sessão inteira relembrando Elliot de sua importância.

A semana passou e Elliot com dificuldade focou em seus estudos, e em seu trabalho, já tendo um foco em mente de estudo para seu estágio. Tainá aparecia apenas como uma memória a Elliot, e tentava superar, Alice não falava com ele, Jaqueline fazia o possível para animá-lo, porém com as provas se aproximando não tinha muito tempo para conversar mesmo querendo, necessitando superar o fato de Tainá ter partido por algo tão bobo, e não se culpar.

Última semana de maio, a última sessão com Sandra do mês:

— Como você está menino?

— Tentando seguir em frente, há pouco tempo eu tinha uma pessoa que passávamos horas conversando de noite, e agora não a tenho mais.

— Ela que perdeu, fim da história.

— Estou estudando e conseguindo focar melhor. Jaqueline me ajuda a distrair quando preciso, as vezes acho que ela gosta de mim, porém pode ser apenas eu enxergando coisas erradas pela minha solidão ou carência.

— Então seja paciente.

— Eu não aguento mais ficar sozinho, conhecer alguém e ser feliz para depois ela partir.

— Eu sei, as pessoas são egoístas, e não tem responsabilidade afetiva, mas a vida é assim.

— A vida não é assim, as pessoas dizem isso para justificar coisas horríveis, como se a vida fosse uma pessoa jogando sorte ou revés com cada um, são as pessoas que fazem a vida assim.

— É verdade. E o que você vai fazer?

— Eu não sei.

— Você ainda tem o relógio de bolso?

— Sim.

— O que é ele para você?

— Agora, apenas um relógio, objeto.

— Então, não digo para ver as pessoas como objeto, mas transforme-as em nada, esqueça elas.

— Vou tentar.

— Com o tempo essas coisas passam, e tudo se acerta mas tenha paciência, estamos trabalhando você, para você poder lidar com tudo isso, não se culpar sempre, mas refletir sobre suas escolhas Elliot, você é um gênio, e ainda tem essa sensibilidade para escrever.

— Obrigado.

— Só falando verdades, não fique arrogante. Encontrou alguma pesquisa que queira trabalhar por si só?

— Estou pensando nas teorias de viagens no tempo, isso me fascina.

— Porque?

— Sempre imaginei o que poderia ser feito através de viagens no tempo, porque não me aprofundar nisso? Sempre imaginei eu voltando ou indo ao futuro para fazer coisas melhores, claro mente de criança, mas porque não pesquisar sobre isso? A ciência avança todos os dias, porque não posso ser alguém que a faça avançar?

— Isso mesmo, você tem potencial menino, apenas foque nisso, torne essa dor em algo produtivo.

— É isso que vou fazer! — Elliot mentiu. A sessão acabou, e foi para seu estágio.

A ferida incomodava, mas estudava sem parar. As provas chegaram e ele foi bem, porém após isso começou a ficar pior, os poemas mostravam claramente quão triste ficava, a noite e quando saia do estágio, Jaqueline se aproximava dele, porém temia ser magoado. O semestre encerrou na faculdade e ele não foi mais, agora é só quem ficara de recuperação. No estágio preparava o motivo e justificar o por que ele iria fazer aquela pesquisa e o que poderia contribuir com ela.

Era férias da faculdade e a noite, via Jaqueline quase todos os dias à noite, e começou a ficar melhor, havia uma afeição crescente entre os dois.

— E como você está Elliot?

— Bem melhor, obrigado por tudo, e você?

— Estou bem! E como esta as férias?

— Maçantes e solitárias, porém fico ocupado no estágio e amanhã termino o motivo da minha pesquisa ser sobre as teorias de viagem no tempo.

— Que bom! Você vai se sair bem, você é um gênio!

— Obrigado! — Ambos estavam sentados em um banco da praça, e Jaqueline encostou a cabeça dela nos ombros de Elliot, e ele se espantou e ficou vermelho de vergonha.

— Eu preciso te dizer uma coisa Elliot.

— Pode dizer. — Estavam com o coração acelerado.

— Eu gosto de você, de verdade. — Elliot que estava olhando para a frente sentou-se de lado e passa a olhar nos olhos castanhos claro de Jaqueline, um belo contraste de reflexos, pois ela passou a encarar aqueles olhos castanhos escuros.

— Sério? — Embora feliz, parecia duvidar, alegre, porém, assustado.

— Sim. — A voz dela foi tímida. Elliot tentou um abraço, Jaqueline achou que fosse um beijo e se afastou. — Calma aí, eu não estou pronta para um relacionamento, e não quero que você fique preso a mim, mas eu só queria te dizer, não gostei do que a menina fez com você, e não gosto de te ver sofrendo, você é incrível e atencioso, não merece passar por isso. — Elliot ainda estava tentando explicar que só queria um abraço.

— Ok, eu só fui te abraçar. — Jaqueline deu uma risada. — E eu entendo, obrigado, eu gosto de você também, acho que dessa forma, sempre senti uma química, algo entre nós, mas sei lá, no momento não parece certo também.

— É, eu só quero continuar o que temos, quem sabe um dia.

— Quem sabe um dia. — Se abraçaram por alguns minutos, Elliot aproveitava que o abraço afastava tudo que o atormentava. Conversaram e depois cada um seguiu para sua casa. II

Na manhã seguinte Elliot apresentou o estudo que queria fazer no estágio, e os chefes aprovaram, porém ele teria que tirar as férias junto com a faculdade, isso não o alegrou, pois queria ficar ocupado por mais que tentou argumentar, era obrigatório.

Tentou se ocupar, porém ficava entediado e perdido, a rotina era diferente e para piorar, ao entrar no Facebook viu algo que o destruiu, Tainá estava namorando com alguém a cidade em que ela foi se mudar. A dor no peito, a sensação de insuficiência, de ser usado, aquilo o destruiu, chorava e tentou recorrer a alguém, mas Jaqueline não estava respondendo, pois estava trabalhando, Alice não o respondia quase nunca mesmo online, apenas quando precisava dele, ele chorava e escrevia, tentando fazer tudo sair:

“Os versos não são rápidos como as lágrimas

A insuficiência é cada vez mais clara

O amor meu

Descartável

Não sou amável?

Todas as noites

Em claro

Ouvindo sua voz

E promessas vazias

Me deixou

E fiquei vazio

Agora está com outro

E percebi

Que fui menos

Do que imaginava que fui

Apenas diversão

E distração

E um adorador para teu ego

Viajante do Tempo”

Ele chorava e depois de passar a noite em claro, e no dia seguinte ao acordar, ligou para Tainá, ela não atendeu e desligou mas mandou mensagem:

— Oi, tá tudo bem?

— Oi podemos conversar?

— Claro! — Ela respondia como se não tivesse acontecendo nada.

— Você está namorando.

— Ah! Sim! E foi tudo tão de repente sabe...

— Eu não signifiquei nada para você não é?!!

— Oxi! Elliot a gente só ficou uma vez! — Aquilo doía mais ainda, e ele só queria uma resposta decente.

— Você disse que namoraríamos!

— É, mas eu errei.

— E tá tudo bem?

— Elliot o meu namorado estava atrás de mim há um ano, ele veio comigo aqui como um amigo, e eu decidi dar uma chance para ele, e se fosse você?

— O que eu tenho a ver com essa história de vocês dois? Era eu nos seus dias ruins, foi com você as noites juntos conversando, os poemas...

— Eu agradeço Elliot, mas começou a ficar chato para mim. — Aquilo doeu no Elliot, foi como tomar um soco no estômago seguido de uma faca em seu peito, mas a faca veio de dentro para fora, ele não sabia o que dizer.

— Eu fiz meu melhor e você mentiu...

— Elliot, eu não fiz nada de errado.

— Desejo a você o mesmo que fez comigo. — E com muita raiva a bloqueou.

Foi para seu quarto e colocando o rosto em seu travesseiro, chorou, adormeceu e logo foi escrever ao acordar:

“A faca tentou sair

Mas o peito não deixou

Ela está aqui

Me CORTANDO POR INTEIRO

Enquanto relembro cada palavra

Sou tão descartável

Todo meu melhor

Ficou tão chato assim

E você não fez ter um fim

Enquanto eu estava aí

Você já tinha um outro começo

Me deixando em aberto

Hoje a faca me rasgou

E fica forçando a saída

Rasgado cada vez mais

Não sobrará nada de mim

Esse é o meu fim

Viajante do Tempo”

Jaqueline ligou e ele explicou, ela foi até ele, e tudo que ele fez foi deitar no colo dela e chorar até dormir. Ela pediu pizza, e ficou conversando, ajudando-o a se sentir melhor com o olhar de ternura, conseguia tirar sorrisos. Terça-feira Elliot estava na Sandra, mais uma sessão:

— Como está garoto?

— Bem, nem tanto, férias do estágio obrigatórias, Tainá começou a namorar, me senti mal, briguei com ela, a bloqueei e estou mal desde então, Jaqueline disse gostar de mim, mas não está pronta para se relacionar, então apenas amigos por enquanto.

— Porque ainda chorar por alguém como ela? De que adianta brigar e se humilhar? Só aumentou o ego dela, ela não vale nada Elliot, se cure passe tempo com essa garota e siga em frente.

— Mas...

— Sem mas... Chega dela, já falamos mil vezes sobre isso!

— É difícil porque me sinto sozinho!

— Eu sei, e não adianta ter pressa, as coisas fluem, aprenda a ser sozinho a ter solitude e não solidão. Você era próximo de todos do orfanato?

— Não! Apenas alguns.

— Você fala de lá como se todos fossem a sua família, mas eram apenas os professores e Alcides.

— Verdade, mas tinha algo reconfortante, lembro-me de quando criança e não conseguia dormir, tinha medo de andar pela mansão, com o tempo passando e crescendo passei a andar até a cozinha, biblioteca e era reconfortante, ouvia todos respirarem de tão quieto era tudo, mesmo sozinho não me sentia pois estavam lá.

— Nem sempre pessoas ao redor significa companhia, muita das vezes significa presença e não são a mesma coisa Elliot. — O olhar dele era de confusão e tristeza. O resto da sessão Sandra tentava trabalhar sua autoestima e solidão. Logo voltou para casa e fez das coisas que o distraíssem até tomar coragem e escrever.

“Não paro de pensar

Que companhia

E presença

Não são a mesma coisa

Sempre pareceu

E que na verdade

Agora vejo

Tristemente

Que sempre estive sozinho

Mais sozinho

Que pensava

Viajante do Tempo”

O mês das férias passou rápido ao lado de Jaqueline, porém devagar na ausência dela, podia fazer o que quisesse dizer, porém ela não se relacionava com ele, a ideia de amor parecia sempre perto, porém no momento final saia de perto com apenas um toque. Quando voltou ao estágio, e as aulas estava mais focado nos estudos e em sua pesquisa, ocupava sua mente para não enfrentar a solidão que enfrentava, sabia que tinha gente presente, porém a única companhia que realmente sentia era Jaqueline, ou como ele a chamava “Condessa”. Alice não era presente, e ainda assim ele fazia seu papel de ser um bom amigo e ser um companheiro.

No final de agosto Jaqueline dedicou um poema a ele, o qual ele guardou de todo seu coração, e acendia seu coração com uma verdadeira companhia, ela o apoiava no estágio, na faculdade, passavam tempos incríveis juntos, mas não conseguia um beijo dela, nada que fizesse a muralha do coração de sua condessa cair, nada que ultrapasse, sofria pela impaciência.

— Como você está garoto?

— Estou bem, sinto fazer avanços na minha pesquisa.

— Você é um gênio, isso é excelente, vai longe na vida.

— Jaqueline que me deixa louco.

— Porque?

— Temos química, adoramos o tempo junto mas ela nunca está pronta para se relacionar.

— E você?

— Sinto que é uma coleira, que ela só me quer por perto para quando quiser, porém não sou bom com pessoas, principalmente garotas.

— Se mantenha aberto, e mantenha a amizade.

— Eu estou muito focado nos estudos e na pesquisa não dá tempo...

— Para de se esconder com a faculdade e o trabalho, pare de temer as pessoas.

— Elas nunca foram boas comigo.

— Talvez esteja esperando demais delas Elliot... — As sessões eram sempre uma rotina semanal em que Sandra tentava fazer o jovem se fortalecer e se abrir para um jovem com medo da solidão e medo do abandono que vivia preso em um círculo vicioso.

Era meio de setembro, Elliot decidiu conversar com Jaqueline, não aguentava aquilo, ou viveria um amor, ou estaria disposto a continuar só. Se encontraram na praça:

— Minha condessa.

— Oi. — Ela sorria toda vez que ele dizia isso.

— Eu preciso saber, se quer estar comigo, ficar comigo, de vez, porque isso não é mais paciência, essa espera se tornou uma tortura. — Ela ficou sem chão.

— Eu não consigo Elliot, sinto muito, mesmo te amando... — Ele arregalou os olhos enquanto eles marejavam. — ... Mas não consigo, posso estar presente como amiga, mas não mais que isso.

— Eu... Preciso ir. — Ele não disse mais nada, apenas se retirou e foi embora, disfarçando as lágrimas.

Os dias passaram e ele tentou se abrir a novas amizades no estágio e faculdade, mas nunca aprofundava nada. Outubro chegou e Elliot ajudou os colegas da faculdade a passar na prova, e no estágio a pesquisa avançou grandemente após a decepção de Jaqueline, que manteve amizade, mas um abismo crescia cada dia mais. Algo aconteceu que chamou a atenção de Elliot, Alice ficou solteira e precisava novamente da ajuda dele. Relutante, mas também necessitado de companhia topou se encontrar e conversar.

— Como você está Alice?

— Nada bem, e você?

— Considerando que até a pessoa que disse me amar não quer ficar comigo, então nada bem também. — Eles se abraçaram e contaram ambas as situações, a da confusão de Jaqueline e Alice dos mesmos problemas com seu namorado.

— Bom Alice, parece que você teme o desconhecido, e eu a solidão.

— Porque eu temo o desconhecido?!

— Porque você vive voltando para a mesma pessoa, mesmo círculo de amizades.

— Nunca pensei nisso, mas eu comecei a faculdade.

— É um passo e sempre que precisar, posso te ajudar...

— Obrigado Elliot...

—... Só esteja por mim, do mesmo jeito que vou estar por você. — Ela encostou a cabeça no ombro dele, e ficaram em silêncio, a sensação era de estar sozinho, mesmo com muitas pessoas ao redor no shopping.

Outubro estava acabando, e para os funcionários da faculdade havia um baile no começo de dezembro para celebrar o natal e ano novo, e depois um recesso geral até o começo de janeiro, Elliot convidou Alice que aceitou, o mês de novembro foi Elliot escrevendo poemas de ânimo para Alice, e o silêncio de Jaqueline enquanto montava os equipamentos para teste de sua pesquisa, se os cálculos fossem corretos, ele teria descoberto como viajar pelo tempo e espaço.

“Alice veja que é uma maravilha

O futuro pode ser assustador

Mas não deixe de seguir adiante

Você é mais

Que um enfeite de estante”

Viajante do Tempo

Terceira semana de novembro:

— Como está garoto? — Perguntou Sandra.

— Estou ajudando Alice, e trabalhando direto nas pesquisas e montagem dos equipamentos com as pessoas do laboratório.

— E você está...?

— Bem.

— Não parece ter muita certeza.

— Depois do que Jaqueline me disse, eu tive que cuidar de Alice, sei como é ter o coração quebrado.

— Não adianta cuidar das pessoas e não cuidar de si mesmo.

— Eu tenho, estou me ocupando.

— Se ocupar não é cuidar, não se dedique a essa amiga sua deste jeito, seja um amigo mas não o que está fazendo, assim só irá se magoar.

— Eu vou.

— Essa é a vida, mas o bom é que não tem deixado de fazer suas coisas no trabalho.

— Não paro, embora tenho dificuldades com os cálculos, acredito que com o tempo eu possa superar a dificuldade.

— Isso mesmo, seja paciente. E aquela sua amiga dos locais de poesia?

— Suzana amorosa? Virou arrogância, aquele local mais parecia puxar o saco das pessoas do que valorizar a arte das pessoas de verdade.

— Entendi, mas não pare menino, as coisas se encaixam com o tempo, hoje em dia infelizmente as coisas estão assim, e já é difícil para os jovens normais, o seu caso é mais especial, você é ímpar, e todos os órfãos passam por questionamentos e dúvidas mas você ainda é mais ímpar que todos os que conheci....

A sessão foram perguntas para Elliot responder a si mesmo e fortalecer seu interior. III

O dia anterior ao baile, Elliot estava feliz, se arrumou elegantemente para o baile. A alegria vinha de estar acompanhado por alguém que realmente o quis estar ali, e não uma boa ação de caridade ou pena dele, além de que seus cálculos estavam quase finalizados e iriam começar os testes no ano seguinte. Estava satisfeito, pois vestiu a roupa de manhã cedo apenas para ver se ficaria bem vestido, e depois a tirou. Tentava se distrair, mas queria que a hora passasse para o baile. Recebeu então uma mensagem de Jaqueline:

— Oi, sei que faz tempo que não nos falamos, mas eu preciso te dizer que talvez não nos falemos e nem nos veremos mais, peço desculpa por tudo Elliot, pelo tempo perdido, por ter te amado, mas não arriscado, eu sinto muito. — Elliot tentou responder, porém ela havia bloqueado ele, tentou ligar e nada. Sentia que fez algo de errado, começou a se culpar, mas ainda sairia com Alice para o baile, decidiu escrever algo regado a lágrimas, o rosto estava vermelho, assoava o nariz, soluçava, e abrindo seu notebook em meio a bagunça de anotações viu a folha com os cálculos e a poesia agora era a resposta, o término do cálculo. Elliot anotou tudo, tirou fotos no celular, e rodou simulações no computador, e tudo indicava que havia feito a descoberta, o tempo passou e já estava na hora de ir pegar Alice, ele se arrumou rápido já havia esquecido sobre Jaqueline, estava animado com sua descoberta e pronto para contar a Alice, vestiu seu terno e foi até o local de encontro, quando chegou, conseguia ver Alice de longe, e ela o estava esperando, ela usava um vestido vermelho, que acentuava suas curvas e ficava na altura do joelho, e um decote pequeno, nada que mostrasse muito, um sexy elegante pensou Elliot. Estava do outro lado da esquina na mesma calçada. VI

Eu estava com meu terno, estava sentindo calor, o clima era agradável, mas era meu nervosismo, o sol ainda tinha seus resquícios dourados no céu que já estava escuro, o laranja sendo tomado pelo negro e as estrelas a brilhar, como ela chamava a atenção, eu não queria correr, embora meus passos largos guiados pelo entusiasmo de minha descoberta querendo ser revelada a alguém mais o fato de que ela era como um imã atraindo a mim com sua beleza, e embora fatalmente cruel o que sentia no coração, um abraço era o que desejava, uma mistura em meu coração que acelerava meus passos, mas os continha, eu era rápido, para um quarteirão tão grande no centro da cidade, eu fui rápido para aquela distância, eu juro que fui...

O tempo é irônico, muito pode acontecer em um minuto, muito pode acontecer em um segundo, como o nada pode acontecer em horas a fio. Se talvez eu não tivesse acordado mais cedo para experimentar o terno, não teria visto a mensagem de Jaqueline naquele momento, não teria chorado e passado tempo e perguntando, jamais teria ido escrever e mexido em meus papéis e tido a ideia reveladora de meu cálculo final, rodado simulações e revisões me alegrado e me arrumado depois do sol se pôr, não teria vindo apressado, talvez apenas com a mágoa no coração e a alegria de um abraço e presença de Alice, e teria chegado antes...

O namorado dela apareceu, a virou pelos ombros, ela parecia rejeitar, nesse momento eu não andei mais, apenas olhava a cena e sabia qual seria o resultado, imaginava o que ele dizia, o que ela respondia, queria que a resposta fosse algo diferente, pois ela o abraçou e o beijou, mandou uma mensagem para meu celular, um áudio explicando e pedindo desculpas, isso aconteceu em menos de um minuto que desci do Uber.

Eu fui direto para a faculdade, e o estacionamento estava cheio, era uma festa de gala, e estava lotado, eu passei longe da festa e fui para o laboratório, o guarda até estranhou, e fez algum comentário ou piada, mas nem prestei atenção, fui direto para o local. Estava tudo vazio, podia lembrar filmes de terror, fui direto para o local onde os testes seriam feitos, tirei meu paletó e fiquei apenas de camisa e gravata, sentei a mesa onde ligava o aparelho, era uma esfera, por dentro havia cerâmica no assento e ao redor, havia um monitor e um computador de bordo, o lado de fora, vários metais resistentes usados em naves que costuma ir para o espaço com liga de alumínio. Eu preparei a data pelo computador para dois anos atrás, tentar conhecer Jaqueline antes de nossas dores. Antes escrevi no papel:

“Para quem encontrar este papel, saiba que em meus dois aos após a saída do orfanato deparei-me com tristeza desamor e egoísmo disfarçado, incapazes de empatia dizem para alguém solitário contentar com a própria companhia, um solitário não sabe! Como pedir para um cego enxergar? A humanidade está sem amor e consequentemente eu também, amei pessoas e por erros meus e a falta do amor que predomina me trouxe a este momento. O que me motiva? Sucesso? Um órfão ser bem-sucedido sem família é fracasso, porque sabemos o valor da companhia e amor, que acaba sendo algo banal e infelizmente mui banal atualmente! Posso ser um gênio de exatas e meus versos tocar milhares de corações, mas meu ser não habitar nenhuma pessoa? Ponderei as consequências e SE meus cálculos estiverem corretos... Poderei viajar pelo tempo e espaço, porém com poucas chances de retornar para o presente atual, pois a máquina requer que uma pessoa viaje e outra fique operando aqui, como um farol no oceano para saber o caminho de volta, porém meu desespero por mudanças e a falta de vontade de continuar aqui fez tomar esta decisão. Se der certo posso talvez melhorar as coisas e acertar o que quero, se eu errar, morri, não por sucesso, mas por tentar ser amado, consertar e descobrir onde errei. Amor. Deveria ser a motivação de todos, a principal. E como prova de que falta muito, olhe para o orfanato, olhem para mim. Amei e apenas dor encontrei.”Elliot.

Preparei tudo, liguei o computador e coloquei as datas, entrei na esfera e a fechei. Ao ser ligado a esfera entra em uma sala segura enorme e branca, depois a esfera é colocada no centro, onde ela é acelerada três vezes mais que a velocidade da luz, seria mais fácil viajar para o futuro, porém não tenho mais nada a perder. Para o futuro a esfera iria rodar no sentido horário, porém como quero o passado, sentido anti-horário. Eu estava com medo, a esfera se fechou, senti-a sendo colocada no centro da sala, depois começou a girar. A esfera tremia até começar a sentir tremores e barulhos similares a explosões. V

O local não aguentou a energia, a faculdade sofreu tremores, e o laboratório ia explodir principalmente a esfera. E é neste momento, em que eu apareço antes da explosão ele já estava inconsciente quando o trouxe até mim. Quando acordou...

— Olá garoto.

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