A triste sina, eis que chamamos de sociedade!
Acorrentados a um contrato social,
Somos uma peça a mais,
De tantas outras e ademais,
Somos um ser só,
O lobo em estado natural!
Forte! Impotente!
Somos os donos da Terra!
Eis que entidade divina alguma
Possui sobre nós, controle mais,
Eis que poderíamos ser entre nós, todos iguais,
Por qual motivo então, uns penam em débito eterno,
Enquanto outros poucos se confortam em seus castelos?
Eis que ainda agora, dizendo-nos tão superiores,
Somos tão mesquinhos quanto foram todos aqueles anteriores,
Eis que perante a lei somo todos iguais,
Mas branco não nasce sem nada,
Branco quem não vem de família ou negra ou "mulata",
Não viu a família penar por séculos.
Não tem que ter orgulho de tua cor!
Tu não viste ela se transformar em um símbolo do belzebu!
A associação que se dá aos rituais afrodescendentes,
Vão de mal a pior,
Mas quando a Igreja se apossa, chama de "santo"
E pela imagem se devota,
Não há quem diga que todos vieram das mesmas raízes
Sofridas e denegridas,
Não se diz que a África, hoje desgastada
Por guerra e desgraça
Foi repartida, unida e desgarrada,
Não se fala de história,
Não querem ouvir de débito histórico,
A palavra débito não cai bem no bolso
E ainda te lembra da maldita
Dívida do país,
Que droga de recessão, hein?
Interessante que os bancos enriqueçam tão mais,
Na época em que todos lutam por seu tostão.
Eis que a dívida história inicia-se, no Brasil, na colonização,
Mesmo sabendo que a séculos, entre islâmicos e cristãos,
A mãe de todos humanos, a África, cai em perdição.
O século é o dezesseis, somos colônia portuguesa,
O negro é escravo, o índio nosso capacho,
A mulher é a Sinhá, a negra era ama-de-leite.
Perceba o negro era um indigente,
Não era cristão, logo não possuía alma,
Era todo o mal, a não ser a favor do quando servia
Para, tudo que fosse trabalho pesado, realizar.
Veja bem, a negra era impura,
Mas servia para amamentar o branco novo,
Quem diria tal loucura?
Se ainda creres por um segundo,
Que o sistema é visa em toda sua complexidade,
Garantir para cada um,
O que é seu e, sendo assim, preservando um bem,
Sinto em lhe informar,
Que estás mal informado,
Há mais de milênio que homem branco manda e desmanda,
Mulher já foi bruxa na Idade Média,
Negro já foi desalmado na época colonial,
Índio já foi pecador por não ser cristão,
Qual a próxima que vais engolir?
Eles justificam a discriminação social,
Não por acreditarem nela,
Mas para usar os descriminados,
Aqueles assalariados extremamente mal pagos,
Aquelas pessoas que você passa na rua com cara de pena.
Vão dizer que estão tentando te ajudar,
Que se você trabalhar bastante pode até enricar,
Mas já imaginou a riqueza que você teria
Se com uma igualdade social,
Não te explorassem por algo tão banal?