Meus pais nos estimulavam muito nos livros. Conforme nosso desempenho na escola ganhávamos livros em casa. Minha mãe tinha como amigas professoras que, quando elas iam visitar minha mãe, quem lucrava éramos nós os filhos. Então ganhávamos livros infantis. E assim eu me habituei a ler. E fui crescendo e lendo. De modo que hoje posso dizer que sempre li muito. Meu pai, porém, faleceu, e nós os filhos tivemos de ir para o mundo do trabalho. E como trabalhamos. Eu nas minhas horas vagas lia muito. De tudo, até lia jornais literários. Enfim, comecei a ganhar prêmios literários. Mas tive, obrigatoriamente, de acompanhar minha mãe de volta para o interior. Pensei que não ia mais escrever. Mas aconteceu o contrário. Hoje tenho até uma reputaçãozinha de literato. E gosto de tê-la. Achei de bom alvitre vir até aqui e registrar tudo isso.
Eu tive durante boa parte da minha vida, um escrupulo danado em escrever. Porque o que eu poderia ter escrito seria visto hoje como de mal gosto. E ao vir para o interior de novo, foi como se eu tivesse feito uma boa higienização mental. Aqui há qualidade de vida. Sim, há. E de volta eu tive minha alegria de criar. Lendo durante a vida, não me prejudicou, fez é que eu passasse a selecionar os livros que leio.