Fui a um baile uma vez. O baile era animado por um cantor. Que por sinal era ruim. E, por isso, o cantor foi vaiado. Ele, o cantor, imitando não sei quem lá, desceu do palco e gritou: "Vocês que me vaiam, vão lá e cantem." Num instante o baile se esvasiou. O cantor pelo menos naquele dia perdeu o seu ganha-pão. Quer dizer, não se deve fazer o que ele fez. A mesma coisa com a escrita. Pouca gente aprende a escrever sem ler. Sem ler textos literários. E aí os autores sabem se defender. Sem brigar, sem xingar, os autores dizem: "Isto não, porque isto eu escrevi antes de você." E assim vai o mundo. E assim vai a escrita. O ato de escrever se renova de autor em autor. Para isso se tem o recurso das idades. Quer dizer quantos menos anos de idade tiver um autor mais considerado ele será.
Agora, existem muitos leitores. E dentre estes muitos leitores, muitos interesses. È melhor procurar a estética do texto para escrever. Quanto mais belo for o escrito, mais defensável será o texto. Eu sempre defendo literariamente o belo. O belo escrito, bem entendido. O belo escrito deve ser verossimelhante e em português correto. No meu aprendizado de escrita eu aprendi que se dizemos que isto é assim ou assado, podemos ser convocados a dizer de onde tiramos isso ou aquilo. No meu conto de hoje, a estória de um divorciado, de uma empregada e a mãe do divorciado, antes eu li um teórico da Igreja Católica que disserta sobre a problemática dos divorciados. Este teórico se chama Prof. Felipe Aquino. O texto dele que li:Os divorciados e os recasados.
Normalmente, em alguns lugares onde escrevo, eu afirmo que não quero ser o número um. Quero ser apenas mais um. Isso claro porque sei o quanto é difícil conseguir espaço para escrever. E ademais eu li: "Eu faço porque sei." Era a declaração de um autor sobre o seu escrever. Claro para se escrever literáriamente tem-se que saber. E nas escolas onde estudei, dizia-se: "Literatura ninguém ensina." Queriam criar uma turma de gênios, de gente nascida para escrever, e que só eles escreviam. Mal de nossas escolas. O último exemplo disso foi uma mestra de Filosofia que disse ao iniciar a sua aula: "Em casa vocês são gênios, quero ver é aqui." Tipo de exigência que resultou foi na desistência de muitos alunos. Eu por minha vez, desisti da Filosofia, que aquela mestra era de Filosofia. E vim dar meus escritos na Literatura, depois de aposentado. Fiz o melhor da minha vida. Eu acho. E para mim, vale a minha opinião, o meu gosto. E digo que tenho um quarto-estúdio, que é onde estou. Escrevendo aqui eu elogio esta ACADEMIA DE CONTOS. Eu sou contista amador, mas leio muito. Porque gosto de ler. E lendo e escrevendo vou levando.
Nota: Quando digo: As escolas onde estudei." Me refiro à escolas de redigir.
Claro, quanto melhor for a memória, mais dados o escritor terá ao seu dispor. Mas não é preciso recorrer à memória o tempo todo em que cria literatura. Deve-se tê-la, à memória, como recurso que não caia naquele clássico: - Me deu um branco. Um branco na memória. Por que aí é o mesmo que ter perdido a memória. E um autor com boa memória pode socorrer-se de acontecimentos passados para criar. O resto ele vai precisar é de estudos. E quanto aos estudos ele vai ter que reter bastante coisa. Assim quanto mais memória, mais recursos ele terá como escritor.
Portanto, na minha modesta opiníão, a memória ocupa um papel central na Literatura. O escritor terá de se lembrar não só de si. Ele terá de se lembrar de si e de muitas outras coisas.
Isso influirá bastante em sua escrita. Do mesmo modo quando ele responde sobre os colegas que o influenciaram. Mas a parcela de egoísmo do humano impede que o escritor se relacione com os colegas. Então outro recurso é o bolso com notas. Para poder comprar jornais. E isso se ele achar necessário. No mais lembrem-se bem: às vezes os recursos necessários para a escrita estão na genética do autor.
Ocasionalmente estamos longe dos elos que ligam a Literatura ao Poder. Poder: já disse o poeta Caetano Veloso: "Enquanto os homens exercem os podres poderes." Muitos vieram de baixo e esqueceram-se de seus pecados. E outros já nasceram perto de lá. Juntam-se e fazem uma salada de homens diversos que sabem das práticas que convém aos poderes. Mas tudo isso nada tem a ver com a Literatura. Literatura é arte. E a arte deve servir à catarse de quem passa o seu tempo com ela. E catarse não é desabafo. Catarse tem mais a ver com lavar a alma. Eu, logo inicia o dia, faço as minhas orações da manhã. Sou católico, digo-o mais uma vez. Acabei de pedir a Deus do Céu perdão pelos meus pecados. Que Ele me perdoe do meu pecado o mais insignificante. E quando peco, não me confesso em público. E muito menos conspurco minha escrita com o teor dos meus pecados. Orientação sexual é uma coisa pessoal. Arte é dirigida a alguém.
Um dia me perguntaram qual era o meu processo criativo. Eu não soube responder. É que as modas literárias vão surgindo e apontando caminhos. E eu vinha criando assim mesmo. Até que um dia me veio um número de um jornal literário que eu assinava. E lá estava um escritor depondo sobre o processo criativo dele. Correndo fui ler a matéria. Não era nada mais do que a descrição do modo utilizado por ele para fazer letras. Fazer literatura, bem dito. Li e achei interessante.Mas era tarde demais para servir para mim de modelo. E vi que eu tenho meu próprio processo criativo.
E não tem mistério. Eu recorro à minha memória de vida. Às vezes tenho algo a dizer. Ás vezes, não. Mas mesmo assim eu digo algo. E transformo um pequeno fato que me ocorreu num conto, num poema, ou numa crônica. E sei que quem vai achar se escrevo bem, no sentido de ter o que dizer, vai ser o leitor. Aprendi vivendo.
Estive pensando no que dizer aqui, no diário. E é o caso de imaginar um contista sem imaginação. E ali está o nosso escritor de contos sem imaginação. Diante dele um livro aberto. Eu que faço o meu diário me dou o direito. Ele fecha o livro para ouvir uma pessoa que entra. E a pessoa lhe narra um incidente ocorrido há pouco. E o deixa sem lhe pedir comentários. Era o que lhe faltava para o conto do dia. O incidente em si não tem nada de especial. O que ele pode fazer? Narrá-lo simplesmente? Não, não despertará o interesse de leitor nenhum. Então ele resolve narrar o incidente com uns floreios criativos. E no final do seu trabalho ele mesmo lerá e vai conferir se está bom. Mas bom para ele é bom para ser lido. E poderá melhorar o trabalho se seu juízo crítico estiver funcionando. E vai até onde é possível. Porque retocar muito pode é estragar tudo. E enfim entregar o trabalho ao público leitor. E se vierem entrevistá-lo, caso o conto seja um sucesso, ele dirá que fez o trabalho pedindo em orações que pudesse agradar.
E a sua última oração será de agradecimento a Deus. Claro, seu trabalho é um sucesso. E sem imaginação.
Devemos manter nosso espírito sempre vivo. Para isso devemos ter sempre um livro aberto ante os olhos. Não necessarariamente um livro nosso. O que temos de autor que atende a todo e qualquer gosto no mercado de livros. Como há autores que escrevem sobre tudo, há também leitores que lêem de tudo. Isso ainda não está na mira de algum espirito destrutivo. Ao contrário, é só escolher nas nossas livrarias virtuais. O que os livros pedem é preparo do leitor para que ele não diga que foi enganado. Os livros à venda trazem sinopses que resumem o seu conteúdo. Mas, paro por aqui. Para não dizerem que sou um vendedor de livros. E sabem? Na minha juventude eu já fui vendedor de livros.
Agora lendo o leitor terá vida espiritual. E sentirá aquela vontade de escrever. Assim o leitor é um escritor em potencial. E se for promovido de leitor a escritor, deverá ser sempre criativo. Qualquer público é exigente, e o leitor terá que satisfazer a sua ambição. Ser ou não ser escritor. Terá que ser um bom leitor.
Estava pensando no que escrever aqui hoje. E acabo de ler a crônica O ENIGMA DO POETA LOUCO. E me veio à mente ao que dar valor. Mas não digo dar valor econômico. Digo dar valor literário. O caso é que eu sei o quanto é difícil ler tudo o que se publica. Então, eu parto desta crônica, que segundo está escrito nela mesma, é uma crônica de um fato que ocorreu numa cidadezinha de cinquenta mil habitantes. Que seja. Imagino que seja bastante assustador ver surgir um poeta louco de moto lá. E mais ainda imagino, a coragem do cronista. Mas, tudo somado, estão na mesma área, a da literatura. E eu perguntaria houve arte na crônica, e respondo que houve. E quanto à novidade? Há criação, o caso é novo.
E com palavras simples o cronista nos conduz do princípio ao fim, num suspense tal, que prende nosso interesse. E é uma crônica, que não se deixa fazer de conto. Demorei-me aqui nestas considerações porque pensei que o autor da crônica mereceu estas linhas aqui. E por último, nossos interiores devem estar cheios de bons escritores.
Um escrito inspirado pode não ser reconhecido como Literatura. Mas, na verdade, reconhecimento depende muito do tempo histórico. Ainda mais nestes nossos tempos que não têm uma escola literária. Uma escola literária com um nome e com caracteristicas próprias. Que a distinga de todos os escritos que não se suponham literários. O que eu tenho visto é um monte de escritores jogar incenso sobre a palavra. Agora, a palavra, uma carta comercial contém palavras, e etc. E o que tem uma carta comercial a ver com a arte da palavra|?
Claro que fazer da palavra escrita uma obra artística não é um jogo de facilidades. O que eu tenho visto é que os escritores estão saindo de uma fase de obscurantismo. Os que querem ser lidos já, vão escrevendo o que se lhe dá. Inventam que estão seguindo um ou outro artista da moda. E se pegar, pegou. E onde vai parar tudo isso?
A questão não é uniformizar a arte da palavra. É talves dar a chance à leitura do nosso passado literário. Porque temos sim um passado literário. Seguir um músico da moda, é dar a ilusão ao leitor de que ele sabe. E não é assim. Também não existe a arte didática. Nem a arte de esquecer tudo o que já foi feito.
Onde estará o erro? Pode estar nas salas de aulas, mas nem tanto. Pode estar na falta de estímulo à leitura, o que eu acho mais provável.
Claro, que estou pensando em Literatura. E me perguntando se um improviso é possível. Porque nunca li que um autor tivesse escrito de improviso. Mas vou confessar que neste momento eu improviso. Claro, que o meu improviso segue um ritmo que me pertence. Me pertence na medida que tenho o costume de escrever. E quem tem o costume de escrever, pode se metar ao improviso. Só que não sabe se vai ficar bom. E como eu não sei se ao final este texto estará bom, eu me vigio. E vigiando-me eu às vezes paro e releio o que escrevi. De modo que o meu improviso está longe de parecer com o belo improviso de um músico do jazz. Mas a minha tendência é obedecer à beleza da reunião das palavras. E as palavras são belas quando o resultado dá um efeito de beleza estética literária. E para conseguir a beleza estética literária eu li muito, ontem, anteontem e hoje. E agora eu me retiro deste palco das palavras para ler mais.
Escrever, diziam os mestres, exige sempre imaginação. Eu os contrario. Nem sempre, depende do que queremos expor no nosso escrito. Se só queremos expor um sentimento, no sentido de descrevê -lo, exige-se a a habilidade de conhecer o ser humano. De conhecê-lo tanto que sabemos o que sente, quando sente, e etc. Falo isso porque em A Sua Vida é Excelente tento falar da dor da perda. O texto A Sua Vida é Excelente está aqui hoje. É preciso bastante tato para saber o que o outro sente. E mais ainda se vamos poder escrever o que o outro sente. É, porque nem sempre somos íntimos do outro. E eu falo da dor do luto. Embora O nosso poeta CARLOS DRUMMON DE ANDRADE diga que não devemos escrever sobre o que sentimos, eu o contrario. Não consigo ser frio, eu sinto, você sente, todos sentimos.
A convivência humana é necessária a um escritor. De há muito eu leio que ele não deve se fechar numa torre de marfim. E convivendo muiito ele aprende. Aprende e sofre. Mas também sorri feliz. E aprende principalmente a imaginar. E imaginando e lendo e escrevendo ele se torna escritor. Agora se vai ser famoso e rico é outra estória. Para este último caminho nenhuma teoria serve. Mas falando-se no papel da imaginação, é um papel de importância. Mas se dá a ele um aprendizado natural. A imaginação figura entre os dotes intelectuais quase que naturalmente. E considero que a ela se dá o nome de dom. E quem tem o dom o preserva. Não faz uso dela abusivamente. Guarda-se a imaginação para as horas de sossego. Quando no escritório se prepara para escrever algo. O resto é a técnica da escrita. E felicidades.
A imaginação pode-se aprender convivendo.
Muitos homens e mulheres começaram nas Letras rabiscando numa folha de papel algumas palavras. Daí tiveram alguma idéia do que escrever e foram escrevendo e hoje não param. Não é que o estímulo fosse o dinheiro, porque não era. Quem tem o hábito de ler, de ler entrevistas e etc. pode ver que os autores se queixam de injustiças e tais. Uma destas injusticas é que o dinheiro que ganham ou é nenhum ou é pouco. Então, esqueçam o dinheiro e comprem livros. E leiam livros. Tem gênios da literatura por aí que dizem que leiem de tudo. Não é de desestimular tal hábito não, pois a leitura leva a criar cada vez melhor. Mas uma hora o tal gênio desponta citado por algum astro. Pois que a literatura também tem seus astros. Os astros em tudo nos chamam a atenção para a existência de sóis.
Eu estava folheando um livro de entrevista. O livro era de palavras de Darcy Ribeiro e do escritor João Antônio. Dois astros, um vindo da nossa elite e outro vindo de nosso povo. Resolvi ler o tal livro. Achei-o no final brilhante. E esclarecedor.
Na verdade, teorizar sobre o conto é difícil e fácil. Se eu pensar no que tenho escrito, tenho em minha defesa a frase de Mário de Andrade: "Conto é tudo o que o autor chama de conto." A diferença é que Mário de Andrade é um mestre do passado e eu estou vivendo é agora, Então nas minhas frases sobre o conto penso que poucas serão válidas. Mas normalmente o julgamento do autor sobre seus escritos é muito suspeito. E às vezes errôneo por causa da vontade do autor de estar certo. Mas eu aprendi na convivência na Faculdade que ninguém é dono da verdade. E eu não sou dono de verdade alguma.
Dou meus palpites sobre o conto. Principalmente porque escrevo contos. Agora, não sei se os meus contos podem me levar a um lugar de excelência. Aqui é que eu digo: quem julga melhor é o leitor. Isso é óbvio.
Exatamente, pensar uma estória. Para se inventar uma estória devemos primeiro pensar. Pensar em alguma coisa, Que desemboque numa narrativa. E tendo a narrativa, precisa-se de um mínimo de verossimilhança. Verossimilhança é exatamente o que a palavra diz: semelhança com o vero. A que se refere a estória. E pronto temos o ponto de partida. E para que a estória aconteça é necessário algum conhecimento geral. Porque no geral é que as coisas se diferenciam. E no diferenciar das coisas, podemos tirar daí um caso, ou uma estória. E tudo depende de nossa habilidade com as palavras.
E onde ganhamos habilidade com as palavras? Na leitura e no exercicio da escrita. Quando nós fazemos nossos rascunhos, são nossos exercícios. E deixamos o texto final para ser o texto brilhante. E nem mesmo assim conseguimos. E se está ruim, lançamos ao lixo e começamos de novo. Outra hora.
Eu há muitos anos ouvi uma canção de Milton Nascimento que dizia: "Para quem quer me seguir..." Achei o verso belo e não o esqueci. E às vezes quando venho aqui eu o canto. Talvez para ter inspiração para escrever no diário. E intitulei a página de hoje de "Contar". Para quem quer contar um conto, não existem regras definitivas. Contar com palavras, ou se tem uma estória para narrar, ou se inventa uma estória. E é mesmo assim. Claro que quem conta um conto, se se tem a intenção de fazer literatura, deve-se ter a habilidade com as palavras. Se se inventa um estória para contar, é válido fazer um rascunho. E do rascunho fazer Literatura. E se se conseguiu fazer Literatura é prova de que se tem talento. A parte final é achar quem reconheça o talento Mas depende do tipo de reconhecimento que se quer.
Às vezes eu escrevo um texto como quem não vai dizer nada. E ao final eu digo quase como se já tivesse premeditado meu dizer. Mas não é assim, é que escrevo improvisando. Como assim, improvisando? Vou no rastro de uma estória. E sem me corrigir acho no final a estória. É que escrevo e paro e penso o que vou escrever a seguir. Como quem inventa na hora mesma. E isso contradiz às vezes tudo o que eu já disse sobre o que penso da teoria do conto.
Então lhes digo, não podemos ser definitivos sobre a criação literária. Estive lendo a respeito. E cheguei à conclusão de que eu mesmo devo ler mais contos. E vou adquirindo mais e mais contistas, e lendo-os.
Escrever, às vezes, me parece que é ler. Tanto que quando passo os olhos pelo meu escrito, e espero para ver se prossigo. E isso é eu leio. E quando prossigo, aplico ao meu texto, tudo que aprendi sobre criar. Mas claro criar é viver um tanto as emoções que crio. E no mais das vezes as emoções quando terminam me dão material para a outra vez.
E normalmente não faço rascunho. O que está escrito suporta é minha leitura. Se estiver bem feito, eu dou um jeito de publicar. E quando tenho por perto que pode ler para ver se está bom, peço para que leia. É-me de grande ajuda.
Eu não sou autosufiente na criação literária. Preciso muito dos meus livros de consulta. E depois é só ver se o editor aceita para publicar.
Sento-me à minha mesa de trabalho. Papel e caneta na mão. Reflito um pouco antes de começar. E aqui estou eu com o conto na imaginação. Mas não com um conto para lhes narrar. Só quero lhes falar o que me vai na mente sobre o conto. O conto é uma forma de mentira. Mas não a mentira que vai deformar a magia da narrativa. Então, digamos melhor: o conto é uma forma de ficção. Ficção é uma palavra bem melhor. Cabe bem melhor aos leitores de Literatura. Quem lê Literatura de ficção, sabe que o autor passa tempo trabalhando sobre o papel onde imprime o que lhe vai na imaginação. E quando o trabalho está nos finalmente, ele o entrega ao editor.
O conto é uma forma literária. Existe há séculos. Não que eu tenha lido tantos contos. Estava é, há pouco, manuseando um manual de A CRIAÇÃO LITERÁRIA. Não estou aqui copiando palavra alguma. Agora, o leitor que não é ingênuo, sabe o quanto de criatividade, o quanto de conhecimento da língua o autor tem, tudo pelo resultado final. Não falo de julgar o trabalho, mas de admirá-lo. O autor que cria e domina os recursos, sai ganhando. E nem estou querendo definir o conto. Precisaria de muito mais estudo da matéria.
Todas as pessoas contam estórias e casos. Se um caso ou uma estória destas cai nas mãos de um contista, lá está o conto. Agora, pergunte ao contista como foi que ele fez. Depende do temperamento dele, dizer ou não como ele fez. Alguns desse contos são estudados. Por teóricos de Literatura. Este. sim, poderá dizer da arquitetura do conto. E a mim, me disseram:
- Quem conta um conto, aumenta um ponto.
E tirei minhas conclusões. Quais foram elas? Dei tratos à bola, e vi que um contista deve meditar antes de escrever. Claro, nem sempre. Depende de cada um. Nesse aumentar um ponto, vai muita coisa. A meditação do contista não é demorada. Num instante ele sabe como contar. Se precisa de rascunho ou não, ele jogará o rascunho ao lixo. E o ponto que ele aumentou não saberemos qual foi.
O contista é contista se o conto está contado. Agora, se ele tem talento, não me cabe dizer. Para isso existem os críticos, não devemos desautorizar ninguém. Mas que ao contar podemos aumentar um ponto, podemos.
Há escritores e escritores. Também quanto à escrita. Há aqueles que quando se sentam, tem já em mente o que vão escrever. Há aqueles que se põem diante do papel em branco e aí é que começam a pensar no que vão escrever. Há escritores que esperam se aposentar do trabalho formal para se dedicarem à Literatura. E nesta vida sempre houve escritores. Inclusive os que escrevem para ninguém ler. E acabam sendo descobertos e publicados. E se o escritor teve tempo para se meter com os estudos, tanto melhor será sua obra. Eu mesmo, que me meto a me chamar de escritor, trabalhei e estudei à noite o quanto pude. Tenho uma obra, que quando me chegam exemplares das editoras remeto para bibliotecas. Mas quando comecei para valer a escrever eu comecei pela palavra puxa palavra. Porque vi esta expressão (palavra após palavra) e a entendi e os resultados foram satisfatórios. Hoje eu digo "Uma Palavra após a Outra." Mas, em suma, os escritores que admiro nunca se disseram preguiçosos. E nisso eu os sigo. Tendo espaço lá estou eu escrevendo. E claro, procuro ser criativo e correto.
Hoje, está cada vez mais fácil e cada vez mais difícil escrever um conto. Eu mesmo não sei se esta teoria inova, ou ajuda a alguém. Então por que a escrevo. Por um simples motivo, para instigar algum jovem espírito. Os jovens espíritos podem estar contidos em velhos vasos, ou até em novos vasos. Mas, não importa. Eu, por exemplo, não me importo com a idade de nenhum escritor. A não ser se tiver de tratar pessoalmente com ele. Claro, as pessoas ainda merecem todo respeito. Mas vamos aos escritos. Quanto aos escritos, há até mais legislação para protegê-los. E, óbvio, isso por que os escritos literários estão aí, expostos. No tratamento pessoal, há escritores que cada vez mais se recusam a dar entrevistas. E devem ser, com eu já disse, respeitados. Há aqueles autores que dizem uma vez só:
- Eu leio muito!
A lição a ser aprendida é que o candidato a autor deve seguir seu exemplo, ler muito. Livros de contos é o que não falta no mercado do livro. Agora se depois destas poucas palavras ainda se estiver à espera. À espera de uma fórmula pronta. Pronta para o que? Para se escrever um conto. É porque falta a aptidão para contista.
O que eu aprendi sobre idade em literatura e arte é que em literatura como arte não tem idade. O começo é aquele em que o autor decide se manifestar. Acontece que os artistas de palavra nem sempre têm um pronto reconhecimento. Mas este reconhecimento quem garante é o público leitor. E isto é assunto que nos faz pensar em quanto tempo leva o autor. Uns para serem aceitos, outros para alcançarem o sucesso. O que faz com que muitos jovens desistam logo de ser artistas da palavra. Agora, se o apelo da palavra no espírito do escritor for muito forte ele não verá dificuldade nenhuma em escrever. Quanto a mim, aprendi muito sobre este apelo, comigo mesmo. Vou ter que me referir a minha estória pessoal. Sem detalhes. É uma estória pessoal sem muito sabor.
Mas antes de me lançar, tive seis empregos. E assim sobrevivi. Porque para mim a arte da palavra foi difícil. Mas até hoje ninguém conseguiu mudar minha opinião. A arte da palavra não me garantiu a sobrevivência. Tive que trabalhar formalmente. E sobrevivi a muita coisa. Me perguntaram depois de tudo: está valendo à pena? Eu digo como resposta que sim, está valendo a pena. E tenho tempo para me dedicar à arte da palavra. E já não sou novinho.
Creio que os escritores se vêem diante da página em branco. Claro, alguns dizem que se angustiam, outros dizem que num instante escrevem. E assim vai.
Mas o que é certo é que todo escritor se vê pela primeira vez bem diante da página branco. E sua mente dá tratos a bola. Para não plagiar. Para correr de todos os perigos que a escrita corre. Um escritor também tem seus medos. Mas os que alcansam algum prestigio estão sempre rezando. Porque para eles todos foi difícil conseguir ser escritor. Fácil nunca foi.
E sempre a página em branco a provocá-los. A página branco é o maior desafio. Em sendo ele criativo ele vence este desafio facilmente. Mas existe aquele escritor que depois de ter sido lido e conseguido algum prestígio se diz um autor difícil. E existem escritores e escritores. No que eu posso ajudar é que quanto aos leitores existem aqueles que logo descobrem seu autor de cabeceira.
O Processo Criativo é uma expressão criada para os nossos tempos. Creio que é até nova e pega muito leitor desavisado. Desavisado porque ao invés deste leitor ler livros, ele acha que é só criar. Criar do nada, e mostrar seus textos. Falo porque eu recebo em minha casa, a espaços de tempo longos, um sujeito que se pretende criativo na arte da escrita. E na última vez que ele veio me trouxe um péssimo texto. Que ele escreveu sem nem me ouvir. Queixo disto sim, porque o texto era sobre mim. E o texto que ele me mostrou envolvia um pouco de minha estória, muito pouco. E se diz meu amigo, coisa que ele não é. Mas, o Processo Criativo envolve os truques todos empregados na escrita. E assim sendo, é que se vai ver se o escritor vale a pena de ser lido. E aqui eu me pergunto: podemos ler tudo o que se publica? Respondo que não. E o que fazemos? Recorremos à opinião da crítica literária. A crítica literária nos dirá se a obra é obra. E acho até que a expressão O Processo Criativo é uma abertura para que tentemos compreender um autor.
Criativo
Eu disse em algum lugar aqui, que sou sensível à palavra e aos mais fracos de espirito. Por que? Porque os mais fracos de espírito de nosso tempo estão por aí em todos os lugares. Eu, às vezes, passo por eles e não vejo o que eu humanamente possa fazer por eles. Então da minha observação rápida da fraqueza deles, venho e invento uma estória ou outra. Creio não estar cometendo nenhum pecado. Porque Deus nos salve. E depois me pergunto: isto que faço é literatura arte? Quem pode me responder é quem sabe exatamente o que é a arte da escrita. Mas fica aqui este registro do meu esforço.
E Deus salve o Presidente!
Estive falando sobre A CRIAÇÃO LITERÁRIA. Ousadia minha. Porque meus estudos também são limitados, gostaria de ter visto mais alguma coisa. Mas para mim, foi o bastante. Em primeiro lugar o que agiu em mim foi a leitura. Desde menino eu ganhava muitos livros e incentivo para ler. De tal modo que demostrei grande facilidade para escrever desde o grupo primário. Assim, ganhei em casa o privilégio de ser chamado de menino estudioso. Claro, os professores então falavam para minha mãe era que eu gostava das Letras e da Filosofia. E realmente estive frequentando um curso de Filosofia na FEDERAL. Curso que abandonei. E brevemente estive também num curso de Letras, na CATÓLICA. Quando digo FEDERAL, refiro-me á UFMG. E quando escrevo CATÓLICA quero dizer UNIVERSIDADE CATÓLICA. Não abandonei nenhum destes cursos por outro motivo a não ser a minha falta de persistência. De modo que eu nunca seria um grande escritor, a depender do meio social em que eu vivia. Mas isso não me atrapalharia. Eu era um cidadão da classe média, e o sou ainda hoje. Para quem pensa que é-me mais cômodo continuar sendo um cidadão da classe média, pensa tolice. Sempre tive obrigações em casa. E as cumpri. Com o coração satisfeito. E mesmo assim eu fiz um bom currículo. Que me vale agora. E a leitura e a escrita em mim me valem agora.
Devemos ler muito o que os escritores falam. Eu, por minha vez, li muitas entrevistas de escritores no correr da minha vida. Claro, eu tive tempo. Trabalhei sempre em empregos de meio horário. Hoje, aqui, no descanso da minha vida de ex-trabalhador, não preciso pensar em escola. Já estudei bastante. Estudei Filosofia, sem me formar. E tenho um livro meu preferido: A CRIAÇÃO LITERÁRIA. E penso que nossos melhores autores são aqueles que quando falam a nós dizem o que é a Literatura para eles. Por exemplo, li que Rubem Fonseca deve ter tido que Literatura para ele é tudo o autor acha que é Literatura. Um pouco de verdade tem esta frase dele. Mas na verdade todo autor procurou estudar. E, nisso, dependendo do que ele vive é que sua opinião sobre o que é Literatura às vezes diverge da opinião de um estudioso consagrado. Eu procuro tomar conta do meu tempo. E assim ainda tenho tempo para escrever e ler, e ter minha vida sob controle. E aqui eu fecho para esta pequena dissertação sobre A Criação Literária.
Hoje quero falar da vida literária. Tenho aproximadamente 20 anos de vida literária. E o que tenho visto? Tenho visto que a cada dia eu tenho notícias de novos escritores. E eu obedeço a muitos limites. Tem a frase de Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo." E me conhecendo bem, digo que são inúmeras obras fora do meu alcance. Nem tempo eu teria de ler todas. Mas é bom que assim seja. Que a cada dia surjam novos escritores. Basta dizer dos novos que surgem para supor um país mais alfabetizado, com capacidade para absorver tantos livros! E a felicidade de quem escreve! Esse é o quadro da vida literária,digo obedecendo ao meu limite de conhecer. Não sei se há mais matéria sobre isso. Mas aqui onde moro, uma modesta e pacata cidade do interior de Minas, eu recebo meus livros. Os que adquiro, e os para quais eu colaboro. É o bastante para me manter ocupado o dia todo. E eu veria que a Internet me faz ver um futuro de mais um momento da vida literária. Aqueles jovens que gostam de ler, e não tem recursos para adquirir obras que alimentem o espírito e o divirtam também podem recorrer agora à Internet. Não arrisco a dizer que a Internet é o nosso futuro. O de quem escreve e o de quem lê. Mas que bom seria.
Houve épocas em minha vida que vivi angústias. Por causa delas sofri bloqueios literáros. O que me levou a jejuar de escrita literária. Não que se eu escrevesse eu poderia ser salvo. Decerto a arte da escrita salvou muitos. Mas a mim o jejum literário fez bem. Assim pude lidar com meus problemas e resolvê-los. O melhor de poder resolver meus problemas sem acusar ninguém ou nenhum outro acontecimento me levou ao ponto em que estou hoje. Feliz. E quando escrevo lido só comigo. Assim evito ter uma imaginação que cause mal. Penso que consigo isso. Agora venho de uma formação de leitura que me faz sensível não só à palavra. Sensível também aos mais fracos de espíritos. E vou imaginando estórias. E Deus existe, eu creio em Deus. Os mais fracos de alma eu não sei o que os leva a certos desatres pessoais. Então imagino. Espero não fazer mal a ninguém. Estrear no papel impresso, só por prazer. Então quando me perguntam, eu respondo: "Eu escrevo porque gosto." Que ter meu conforto pessoal eu o conquistei trabalhando e sendo uma pessoa do bem. E aqui estou, escrevendo. Então quando a empregada aqui de casa me pergunta, eu digo: "Deus recompensa a quem tem fé." Conheço poucos escritores vivos. E até os mortos conheci poucos. Esses todos de que falo, os vivos e os mortos, eram escritores que como pessoas eram muito simples. E a simplicidade sem miséria fazia deles pessoa agradáveis. Com quem eu passava horas conversando. Me ajudou muito a ter imaginação sem adoecer. E para finalizar, desejo a todos um FELIZ ANO NOVO.
Em algum lugar eu disse que leio de tudo. Isto foi num tempo em que eu formava meu gosto e tomava conhecimento do que para mim é Literatura. Eu disse para mim, claro, porque a não ser Deus, na Terra ninguém é dono da verdade. E hoje eu garimpo nas livrarias virtuais o que vou ler a seguir. Às vezes eu escolho um autor que já é um clássico e que para mim é desconhecido. E, porque eu escolhi este assunto, o que leio hoje. Na minha opinião o que se lê ajuda a entender o que o autor escreve. Não estou dizendo que sou lido, muito menos que minha obra é objeto de estudo de alguém. Por falar nisso, seria muita pretensão querer ser o que não sou. De vez em quando alguém vem e me pergunta algo. E é só. Mas para fechar o assunto: eu penso que se alguém quiser ser escritor de qualidade deve ser um leitor contumaz. Não digo que eu o seja, eu me esforço na escrita literária. E vou continuar lendo muito. Mas agora lendo segundo o meu gosto.
Há muito tempo eu li sobre a questão da inspiração e da transpiração. E pensei, eu que escrevo, que o escritor costuma ter inspiração para depois transpirar no seu meio de comunicação. Geralmente o meio de transpiração que utilizo é o papel. É onde eu escrevo e reescrevo. Mas me apareceu a Internet, devo confessar, esta Academia de Contos para ser mais claro. E a transpiração exige trabalho. O trabalho de rascunhar quantas vezes for preciso. E enfim encontrar o texto definitivo. Mas, claro, precisamos todos os que escrevem de inspiração. Inspiração: ter uma idéia a desenvolver. Assim surge o tema em que trabalhamos. O que havia naquilo em que li era a diferença entre uma e outra. E já deixei claro qual é a diferença. Outros, porém, costumam dizer que a eles só basta a inspiração. Creio que o mais que têm é um talento diferente. Algo como o que costumam chamar de genialidade. Eu, no meu caso, eu sou um escriba e não quero ser nunca o número um. Para aqueles que ao contrário, e eles tem esse direito, que querem se distinguir, o trabalho a ser feito é muito grande. Então eles transpiram muito. E neste caso, unem-se a inspiração e a transpiração. Anoto isto aqui, porque onde li sobre a inspiração e a transpiração, quem escreveu queria dar a entender que a questão estava em aberto. E para mim, trabalha-se sobre um assunto, e depois sobre o outro. Para ao final dizer-se eis aí: a inspiração e a transpiração. E este texto não quer dizer nenhuma verdade absoluta.
Quando eu comecei a ler teoria literária, um mundo se abriu aos meus olhos. E que mundo, um mundo de maravilhas. As várias opções de obras existia ali. Hoje está na moda dizer eu sou seguidor de fulano ou de beltrano. Eu porém vivi o meu tempo. E li e li o que os teóricos da literatura escreveram. E um contista de renome disse teoricamente: "É preciso cuidado porque um autor se trai." E nem por isso este autor perdeu seu lugar. É que no ato da criação nós autores temos de nos preparar às vezes para dar satisfação ao nosso público. Eu, por exemplo, escrevo neste diário. E porque quero. Mas eu tive um amigo que escrevia também e me mostrou alguma coisa dele. E ele se explicou:
- É tudo mentira!
Eu o corrigi:
- Não diga assim, diga "é tudo ficção".
Tal como os autores de ficção cientifica se dizem que o são. Mas os escritores de ficção só? Os autores dormem sonhando em cada qual se tornar um HOMERO da atualidade e criar seu ULISSES.
Pode parecer excesso de vaidade, mas escolhi para hoje, falar sobre a minha formção como autor. Seria absurdo dizer que nasci lendo. Claro que não nasci lendo. Mas leio muito desde menino. E nas escolas por que passei, eu tinha imensa facilidade de escrever. Além de sofrer como pessoa atração pelas coisas que eram feitas no mundo da arte. Perguntarão então porque eu não estreei como autor mais cedo. Simples, eu nunca me julguei um dos grandes. Mas que tem isso, já me perguntaram isso. É que eu sendo um pequeno nunca tive segurança como escritor. Agora, aposentado e mais maduro, descobri esta Academia, e vou escrevendo. Para começar hoje, vou dizer que das minhas leituras eu ia deduzindo que um conto pode ser escrito só de imaginar alguma coisa. O negócio é colocar esta alguma coisa como forma de um conto. Acho que não compliquei nada. Como forma de um conto, escrever o conto. Não vejo a dificuldade. E saber o que é ficção e o que é a verdade do dia a dia. Vou só dizer uma coisa: a verdade do dia a dia muda de um dia para o outro. E qual a intenção minha ao escrever isto aqui no meu diário? Simples, também. A minha intenção é só ajudar. E não que eu tenha crescido como autor. Não, aprendi a ajudar sendo ajudado. E para escrever uma boa estória, eu aprendi lendo contos. Mas não vou dizer que só li contos. Numa das fases da minha vida eu li de tudo. Ler é muito importante para um autor. O autor enquando descansa, lê.
Louvável num ser humano, seja de que sexo for, é a famlia que o apóia. Mais ainda quando ele se faz reconhecer. Porque tem aquele ditado, "santo de casa não faz milagres". Eu digo que em muito casos faz, sim, milagres. Se ele colhe o que planta: o bem, faz sim milagres. Porque um homem ou mulher sábios sabe que vai envelher. E cada história de família é um história diferente.. Mais ainda quando ele ainda é capaz de intuir isso. Daí ele ou ela vai crescrer humanamente e os seus gostos de fazeres vai se realizar. Eu o digo por experiência própria. Aos dezoito anos de idade eu quis ser escritor.Mas tive que trabalhar. Não havia escolha. Eu fui para o trabalho. Não há nada de dolorido no trabalho humano. No livro Gênesis da Bíblia damos com a expulsão de Adão e Eva do paraíso. E somos todos destinados a trabalhar para nos alimentar. E uma lei brasileira nos diz que um dia vamos nos aposentar. A aposentaria minha acabou pertencento á palavra escrita,essa palavra que ora escrevo. Escrevo aqui que para mim escrever é arte. Aquele velho conceito de que arte é para mostrar a todos, sei não... Escrevo à procura da poesia. E se houver poesia no que escrevo, tanto melhor. E viva a arte da escrita, porque nela somos sinceros, sem ficar atormentanto outrem com a nossas mazelas pessoais. E eu amo minha família.
A língua que falamos e que usamos para escrever a nossos familiares quando estamos longe de casa, é aberta. Ela nos oferece um vasto leque de opções. Opções estas que fazemos às vezes por instinto. O mais famoso destes instintos é o instinto de nacionalidade, que eu confundo com o instinto de brasilidade. Mas não sei me explicar. Talvez seja grave, isto. Não sei. Então venho e registro o fato neste diário. Diário nos servem para muitas coisa, inclusive para anotarmos um fato que nos ocorre. E me ocorreu este fato na mente, a nossa língua portuguesa brasileira é aberta. Aberta como? Aberta porque quando não encontramos nela uma forma de expressão que nos explique, ela está aberta a aceitar uma expressão estrangeira. Uma expressão estrangeira que nos completa no nosso modo de ser brasileiro. E ainda temos no nosso Brasll continental muitos regionalisnalismos. Que os estudiosos da língua nos dão o seu parecer, e quem sou eu para tanto, apenas leio obras literárias que acaso eu possa.Cada um deles com seus modos de expressão.
A nossa sociedade é bastante tolerante. Digo-o porque sempre trabalhei muito, antes de poder escrever. No trabalho, enquanto eu executava minhas tarefas eu não lia, mas nos intervalos de uma tarefa à outra eu lia e muito. E não esquecia o meu trabalho. De modo que no outro dia, lá estava eu pronto a fazer o meu trabalho de rotina. E nos fins de semana, com a carga de minhas leituras, eu escrevia os meus textos literários. Claro, cada qual dos escritores de minha geração faziam o seu próprio método de se tornarem escritores. Uns queriam aparecer logo cedo, ali pelos 18 anos de idade. E as premiações não podiam ser julgadas injustas. Simplesmente porque bastava o concorrente expor seus textos à banca do júri. E aí, não era nem o próprio autor que dizia que era pior ou melhor que outro escritor. Creio que já me fiz bastante claro no que quero dizer. Por exemplo, concorri eu a alguns prêmios que não ganhei. Na hora ficamos tristes, mas depois pensamos bem, meu texto estava lá, ombreando com o outro autor. E o júri não me conhecia nem conhecia o outro. Entaõ que nos conformemos. Porque nos resta a preferência do leitor, na hora em que ele entra na livraria e adquire um livro. Pode ser o nosso livro.
Eu estive pensando sobre o que me leva a escrever contos e poemas. E não soube me responder. Mas eu sempre tive vontade de criar literariamente. E de repente me começaram a sair o que escrevo. E foi um amigo meu quem me deu a maior força. Ele me conheceu nos tempos em que o convidei para comigo criar o jornal mimeografado Transeunte. O jornal não passou do número único. Faltaram leitores. O amigo se foi para outra área de atividade. Se foi depois de ter tentado alguma coisa em Belas Artes. Eu, por mim, rezei muito para não acontecer comigo o que aconteceu com ele. Com ele a força criativa se esgotou. Isso ele próprio me contou. Eu persisti no meu caminho de escriba. E aqui estou, fazendo este diário. Acho que o que eu queria escrever no meu diário era isso, nós todos se persistimos em alguma coisa, sai. Não me imagino glorioso em nada. Mas a conquista de pequenas coisas me é importante, muito. Isso me alegra também. Ás vezes eu penso nos grandes escritores, e o que faço? Eu vou até eles, pego o que eles escreveram e leio. E confesso, eu os chamo de mestres. E eles são mesmo meus mestres. E por hoje é só.
Em primeiro lugar, eu desejo a todos um feliz Natal. Agora, eu acordei um pouco de mal humor. Foi só vir para cá, já melhorei. A palavra escrita representa para mim uma presença, uma espécie de outra alma. Com quem conviver. À medida em que vou escrevendo meu ego se desdobra, vira outros egos. E sou obrigado a conviver comigo e com outros, meus personagens, que às vezes sou eu mesmo quando falo de mim. Mas quando crio estórias e dou nomes a meus personagens, só vou saber quem são meus personagens depois deles criados. Claro os personagens que crio têm sua ambiência própria. E o que eu chamo de ambiêcia própria são as circunstâncias em que os personagens estão envolvidos. Isto me ajuda inclusive a interpretar meus próprios textos, e se estiverem falhos dar-lhes mais substância. E eu me compreendo bem. Eu intitulei esta página de Um Dia não Literário Começa, e escrevi. Não sabia ao certo no que ia dar minha escrita. E não foi tão não-lilterária assim.
Estive aqui pensando no que escrever hoje no diário. Vou dar-lhes, aos leitores, um pouco do meu estado de espírito. E começo dizendo que a solidão favorece a escrita. É a ela que eu chamo de solidão criativa. Para não me demorar em explicá-la. Mas usando o método de palavra puxa palavra, aqui vou eu. É muito bom, eu penso, estar sozinho. Posso parar de escrever, pensar e voltar a escrever. Isto não me consome um tempo muito longo, não. Durante o pensar eu vejo minhas possibilidades. E vou falar hoje da coerência. Quando eu era um trabalhador, uma colega vivia me dizendo que era coerente. Certo dia eu lhe perguntei no que ela era coerente. Ela respondeu: na minha insatisfação. Eu pensei e pensei, e vi que ela me criticava, como se eu não fosse coerente. O caso é que ela nem era minha confidente. Ela não sabia se eu era coerente comigo. Eu nem tinha tempo de falar de mim, eu trabalhava muito. Até que um dia eu mandei um texto meu para um concurso, e fui premiado. Baixinho eu pensei: eu também sou coerente. Coerente com o que? Com a minha vontade de ser escritor. E aquilo foi só o começo. E hoje eu considero a todos os que escrevem literariamente, escritores. Não é que esteja dando a mão a palmatória. Nada disso, existe muita gente que deveria ler meus escritos. Não estou me vingando. Só expressando um desejo. Na minha solidão eu crio esta fala por escrito.
Hoje eu estive pensando na Internet como espaço para a Escrita. Mas espaço para a Escrita Literária. Primeiro, vamos ver a Internet. Eu estou especialmente agora num espaço da Internet. Um espaço dela reservado à minha escrita. E, a ilusão pode ser a minha, quando eu estou aqui eu faço o possível para me esmerar escrevendo. Porque quando esperamos que outrem nos leia é necessário que façamos o melhor de nós. E não é porque a censura caiu. Isto aliás até acordaria outras demandas para o escritor. Mas não vem ao caso falar disto. É que surge outra necessidade, a necessidade de sermos autênticos. Assim não abusaríamos do espaço oferecido de graça. E por falar em graça, o literário sempre exigiu bom gosto e graça ao exibir-se. Até mesmo pela Internet. E pela Internet o que muda para mim é o surgimento de uma ou outra idéia nova. Então poderei ser mais criativo. E nesses tempos em que se fala de Escrita Criativa deve-se, eu e você, procurar lermos mais.
Quando um texto se propõe a ser novo em Literatura, tem ele que ter algo de especial. Algo que chame a atenção até dos críticos. Ele sendo novo, os que o estudam vão dizer o que ele traz de novidade. Isto é uma coisa que não se traduz em Literatura por intencional. Ou é? Eu não sei. Leio muito e li ontem um texto, que o autor o chama de crônica. Tratava a tal crônica do autor sem leitura. E dizia que o autor sem leitura chega a um ponto que não vê saída e vai procurar os livros, escritos, digo eu, por mestres. Por mestres que não tinham a intenção de ser mestres. E aí aquele autor sem leitura se torna um autor com leitura. Mas só que depois de ter ido atrás dos livros, começa a inventar seus escritos. Aqui está a invenção, e após a invenção, se o autor for talentoso, virá a novidade. Esperando ter sido compreendido, despeço-me querido diário.
É obrigação de um autor ter muita leitura. Isto não garante que ele seja um excelente autor. Mas permite a ele ter uma noção dos caminhos por onde andará. E quiçá o tornará um perspicaz autor quando ele se manifestar como escritor. Foi pensando nisso que eu hoje estive pensando em algumas das minhas leituras. E me lembrei de depoimentos de escritores que eu admirava, que andei lendo. E uma dessas falas era a que respondia à pergunta: Qual é o mais difícil de escrever? O conto ou o poema? E o autor disse: Depende da hora em que estou escrevendo. Muitas vezes vi a mesma pergunta ser feita a outros autores. E, claro, as respostas eram diferentes. E cheguei à conclusão de que todas as respostas só me ajudariam se eu medisse através das minhas leituras a experiência do autor. Aquele autor com mais textos escritos por ele, teria mais autoridade para dizer qual era o mais difícil.
Muito me satisfaz ser chamado de APRENDIZ. E por que? Há aquela velho dito que diz de alguém que tem o mérito nas letras: É um Aprendiz de Feiticeiro. Por isso venho aqui agradecer. Recebi só o nome de APRENDIZ. E é muito para quem começa. Eu entendo que para tal tenho que ser habilidoso no contar algum episódio. Não sei se estou certo. Mas foi depois que escrevi REZANDO PELA PAZ que me deram o nome de APRENDIZ. Muito me engrandece tal fato. Eu estava aqui pensando no que escrever nos Diários. E agora só me vem este agradecimento. Muito obrigado! Agora, depois de agradecer, e de ter-me confessado que começo, começo aqui na ACADEMIA DE CONTOS. Pois fiz aproximadamente 20 anos de atividades literárias. Sem tolas vaidades, me despeço. Até mais.
Há alguns anos atrás Carlos Herculano Lopes lançou uma estória escrita e esclareceu: É uma estória inventada. E por isso fez o maior sucesso. Não sei se seus leitores eram gente esclarecida, para quem estória inventada é ficção, ou não. Mas desconfio que a maior parte dos leitores de ficção estavam cansados de livros que tentavam aproximar seus conteúdos da realidade. Ora a nossa realidade é de gente sofrida. Gente sofrida que quando lê um livro de ficção procura alívio para suas dores. Portanto quando vê nas vitrines das livrarias algo novo e destinado ao prazer de ler, ávida o consome. Parabéns Carlos Herculano Lopes, mesmo que com atraso de anos. Aqui deixo registrado que o jornalista Herculano Lopes acertou em cheio. Ficção se inventa.
Faltanto uma quinzena do mês de dezembro para encerrar o ano, estou ainda comemorando 20 anos de vida literária. Digo simplesmente que neste tempo experimentei o grande prazer de escrever. Remeti também para bibliotecas volumes com textos meus. Na minha vida, conheci um texto, que ganhei de presente de uma namorada, que era dedicado ao leitor desconhecido. Só não dediquei meus textos aos leitores desconhecidos, porque é óbvio que ao publicá-los estamos nos dando ao desconhecido. Só nos cabe escrever no capricho, para que os leitores se deliciem. O que me cabe enquanto escritor é esperar que eu tenha 50, 10 ou 5 leitores. Aqui dizendo isto estou imitanto o bruxo do Cosme Velho, só que sem a genialidade de Machado de Assis, a quem admiro até hoje. Mas procuro dar um pouco de mim aos meus textos. E confesso que me foi difícil publicar meus textos em papel e tinta. E há pouco tempo estou aqui, na ACADEMIA DE CONTOS. Que Deus me proteja. Porque o mundo da Internet me é novidade.
Hoje, quando se encerra a 1a. quinzena de dezembro de 2024, eu li um pouco. Li algumas páginas de FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA OCIDENTAL. Nestas páginas me detive mais em Filosofia da Vida, e deixei a Filosofia da Existência para outro dia. Li também Escrita CRIATIVA. Deixei muitos livros para folhear depois, em busca de alguma novidade. E escolhi estas páginas para registrar uma queixa minha. Meu temperamento não se adapta a este modo de vida competitivo em que vivemos. E por que? Simplesmente porque ao invés de convivermos com nossos semelhantes, nos limitamos a saber dar respostas e fazer perguntas rápidas demais a eles. De modo que não os conhecemos depois que eles vão embora. Mas este não os conhecemos, para mim tem muito a ver com o supérfluo. Como se todos nós soubessemos que a morte pode nos visitar a qualquer momento e a eternidade não existisse. Então eu pergunto: Como é que eu tenho nas minhas estantes a obra completa de MACHADO DE ASSIS? Lembrem-se todos que vivemos num grande país que tem sua História registrada nos anais de História. E que nós mesmos temos nossa história pessoal. Preservando estes valores podemos viver em paz com a idéia de que construimos também, com nosso pouco, a História e tudo mais.