Há anos, quando eu estudava Literatura, eu lia entrevistas de autores que diziam: "O pior é quando nos deparamos com a página em branco." Experimentei várias vezes isso, e experimento ainda hoje meu olhar sobre a página em branco. Quer dizer, ali pronta para que eu escreva algo. Meu coração dói um pouco, e a dor só passa quando eu acabo de escrever um texto. E me alegro.
E o que fazer com o texto pronto. Na maioria das vezes nada, então eu o meto na gaveta. Mas vem a oportunidade, e eu o publico. Aprendi então a esperar esta oportunidade. E nunca me supus um dos grandes escritores desta minha terra. Mas eis-me aqui, um escritor.
Antes uma mingalha de pão, do que nada. Porque aprendi com minha empregada que me disse: "Uma migalha de pão, ainda é pão."
E quando me chega pelos Correios um diploma correspondente a uma premiação, o que não é sempre, eu o penduro nas paredes do meu quarto. Sou um escritor do interior de Minas.