Lágrimas não apagam um pecado
Meiling Yukari
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 04/08/16 19:45
Editado: 31/07/20 15:59
Avaliação: 9.35
Tempo de Leitura: 2min a 3min
Apreciadores: 5
Comentários: 3
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Palavras: 393
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Notas de Cabeçalho

Olá queridas pessoinhas!

Aqui está um singelo texto para o Torneio Mórbido <3

Capítulo Único Lágrimas não apagam um pecado

“É engraçado como a vida é frágil, insignificante e pode acabar em instantes. Agora não tenho mais sonhos, tornei-me vazia, sem vida, com o destino selado e infelizmente não morri... tenho o corpo ainda quente e o pensamento acorrentado. Passo os longínquos dias a remoer meu pecado, e acabei por tornar-me uma pessoa que tem o presente como algo putridamente inexistente. Ele roubou minha alma, e você a levou junto contigo para o inferno.

Veja bem, não é que eu deseje ardentemente retornar ao passado. Apenas estou procurando aquele céu prometido, que me foi tão rapidamente e sem avisos retirado, por aquele em quem eu mais confiava. Você sabia, mas por algum motivo não me avisou que por mais que eu chorasse, minhas lágrimas não seriam capazes de apagar meu pecado. É claro que você não poderia ter me avisado! Você não sabia falar...

E agora, mesmo estando com os olhos fechados, vejo desenhadas perfeitamente em minha mente as mais hediondas lembranças que não quero ver... lembrar...

As alegrias dos sorrisos, as singelas trocas de olhares, a minha ridícula inocência e a nojenta perversidade que ele tinha no olhar, que eu não soube interpretar a tempo...

Com ódio me pergunto como podem todos ser tão ridiculamente felizes, em suas vidas alegremente tão agitadas, tão cheias de amigos. Eu só tinha ele, mas agora sem tê-lo aqui ao meu lado eu não mais encontrarei motivos para ser feliz, eu já me acostumei a essa excruciante dor, afinal, eu mereço ela, por ele ter feito o que fez a mim e eu ter feito o que fiz a você.

Ah, quisera eu poder desejar começar tudo de novo, mas esta casca solitária sabe guardar apenas tristeza e rancor, desde o dia em que ele me estuprou, até o dia que você nasceu, o tempo que passou, até o dia em que meu ódio por ele finalmente te matou. Nunca mais ouvi falar dele... mas por que você teve que nascer com a mesma maldita cara que ele?

Não quero acabar como uma alma sem salvação... Não tenho o direito, eu sei, mas peço perdão...

Espero que seu pai esteja agora queimando, ou vá no futuro queimar, no mesmo inferno para o qual te mandei quando te matei... o mesmo inferno para o qual serei mandada agora, no momento em que me matarei.”

Com ódio, mamãe.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Muito obrigada por ter lido <3

Apreciadores (5)
Comentários (3)
Comentário Favorito
Postado 11/08/16 15:58

Noossaaa! Aposto que a Pam não esperaria por um texto assim no torneio! Dos que eu li até agora, com certeza esse, para mim, é o mais surpreendente. Confesso que pela capa e os primeiros parágrafos eu pude imaginar do que o texto ia abordar, mas ainda sim... O final... As palavras que você usou foram certeiras. Ninguém teria as escolhido melhor. Sem sombra de dúvidas tu fizeste um excelente trabalho. Pude sentir perfeitamente a mistura de sentimentos da personagem para com a criança.

Fantástico!

Postado 12/08/16 21:49

Jooooice-Linda <3

Esse texto foi desenvolvido a partir de um poema que eu escrevi para a escola na 8ª série haha, achei ele no meio dos papéis antigos e pensei ''Perfeito! Exatamente a inspiração que eu tava precisando!'' .

Sinto-me extremamente agradecida por esse seu comentário tão maravilhoso!

Um abraço para ti :)

Postado 17/08/16 02:19

Meiling de Satã, que texto de essência tão escabrosa foi esse que acabei de ler?!

Primeiramente, lamento muitíssimo que seu texto tenha sido vitimado pelo crivo do júri. Acredite, sei exatamente como é... Se possível for, encontre alento em um forte abraço meu.

Quanto à obra, é realmente algo incrível! Eu verdadeiramente aprecio seu estilo narrativo/descritivo, sempre carregado de emoções e detalhes que vão do "sublime" ao "grotesco" (como somos quem somos, tais conceitos são MUITO relativos)! Embora inicialmente apareça, ao meu singelo ver, um pouco de dificuldade na compreensão do quadro geral, o desenrolar do conto seguiu de uma forma macabra, robusta e inquietante que culminou em um desfecho absolutamente brilhante.

Como bem frisou a Jovem Poder, as palavras finais são de um impacto visceral... E depois vem aquela sensação nada agradável de miserabilidade da protagonista e sua trajetória desgraçada. Duas traições, duas violências, dois crimes, duas sentenças de morte... Satã, como a senhorita me deixa aturdido e empolgado com suas obras! The One, simplesmente...

Eu orgulhosamente te parabenizo e agradeço por mais uma empreitada bem sucedida, a despeito do resultado final do Torneio: sua obra é magnífica e digna de aplausos, assim como a bela e talentosa autora!

Atenciosamente,

Um ser abortado pela Natureza que "viveu" até ter o privilégio de lhe encontrar, Diablair.

Postado 23/08/16 14:58

Diablair, muitíssimo obrigada pelo comentário!

Tive a audácia de mostrar esse texto para o meu professor de redação, e ele quase morreu ao ler, ele detestou rs

E até hoje não tive coragem de perguntar se o desprezo dele foi em relação ao tema ou ao meu jeito de escrever que é ruim mesmo ;-;

Por algum motivo estranho eu tenho uma mania obssessiva de escrever coisas que envolvem mortes de bebês, dentro ou fora da barriga de suas mães...

Que coisa...

Enfim enfim, novamente, muitíssimo obrigada por ter apreciado tal obra estranha, Fofíssimo Diablair!

Um abraço, Meiling!

Postado 23/11/17 14:08

Já havia lido esse texto, mas não tive a oportunidade de comentá-lo por conta do meu pc ter bugado ;-;

Relendo os textos do Torneio Mórbido (foi lindo demais), descobri que não faço ideia de como ganhei, pois a infinidade de obras maravilhosas que os demais participantes postaram, foram muito melhores. Mas essa aqui, foi a minha favorita, com toda certeza.

A atmosfera do texto começa pesada, mesmo que o leitor não tenha ideia do que vai ser encontrado a seguir. Fiquei muito impressionada com o que, de fato, eram essas palavras e a situação que elas contavam por trás de todo drama e rancor contido nos parágrafos. É aquele tipo de obra que deixa o coração pesado após a leitura terminar. Juro, um frio na espinha subiu por meu corpo e eu, simplesmente, fiquei sem palavras.

Meus mais sinceros parabéns, srta.Meiling.

Abraço da Ternura.

Postado 23/01/19 20:16

És uma verdadeira ternura, senhorita Ternura!

A senhorita me fez imensamente feliz com suas doces palavras <3

Escrevi esse texto baseado em um poema que eu tinha escrito em 2013 para um concurso da escola, e confesso que eu mesma fiquei surpresa com o resultado final... Acabou ficando bem mais triste do que eu havia previsto de início rs

Só não posso concordar com a parte em que você diz não saber como ganhou o Torneio... Os seus textos foram 100% maravilhosos *----*

Além de terem mostrado o seu lado fofinho de Sabrina Tortura hahaha <3

Muito obrigada novamente,

Abraços para a senhorita!!

Meiling!

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