Vi o velório
Bem simplório
De uma mulher
Tão jovem; pois é.
Tão bonita
A falecida...
Depois do cortejo
Veio o enterro
E eu, o coveiro,
Esperei sorrateiro
A melhor ocasião
Para uma exumação:
A excitação
Ultrapassa a razão.
Não sou iniciante
E sim praticante...
A madrugada
É minha aliada
E logo estou
Com meu novo amor
A nudez
E a rigidez
Do corpo inerte
Me diverte
Enquanto acaricio
O rosto frio
E beijo os lábios
Necrosados
Que seios lindos
Se esvaindo
Enquanto aperto:
Tesão concreto.
Não há repulsa;
O pau pulsa
Ao roçar seu corpo
Tão morto
Tão belo
Tão fétido
Abro sua boca
Ajeito a rola:
Uma felação
Com putrefação
Gostosa, absurda
Garganta profunda
Depois eu paro
Suas pernas separo
Enfio devagar
Para saborear
A buceta gelada
E mal depilada
Da morta
Que se comporta
Enquanto a fodo
Com muito esforço
E todo o prazer
De cometer
Tamanha delícia
De necrofilia.
Várias posições
Algumas inovações
Estranhas penetrações
Bizarras sensações
Melhores intenções...
Das coxas aos pulmões
Nada perdôo:
Nem mesmo o olho
Tudo tão louco
Gostoso é pouco!
Anal é de lei:
Decomposto, eu sei
Mas ainda apertado
Rigor Mortis abençoado!
O orgasmo vem
Um banho de sêmen
Em seu cadáver:
Escorre na lápide!
Que cena bonita
Unir morte e vida!
Acendo um cigarro
Te ofereço um trago
Meu caralho amolece
A libido permanece
Mas tenho que ir
Devemos nos despedir:
Um beijo te roubo
Te enterro de novo
Terra e vermes na cova
Apagarão qualquer prova
Espero que a próxima
Seja tão gostosa
Quanto essa moça...
Tão gelada, tão boa!
Um homem, talvez,
Da próxima vez...
Não importa:
Pessoas mortas
Nunca dizem não.
Sorte minha, então...