O fim de ano da minha vida
Julih
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 08/03/16 23:51
Editado: 03/03/18 23:29
Gênero(s): Romântico
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 7min a 9min
Apreciadores: 3
Comentários: 3
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Palavras: 1179
[Texto Divulgado] "O Jarro De Carne" O recém formado doutor Haward, inicia sua jornada de trabalho ao lado de seu mentor. Juntamente com sua equipe, ele inicia um experimento que mudara, para sempre, o futuro da humanidade.
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Espero que gostem deste texto. Lembro que quando eu escrevi ele adicionei 3 coisas no final, até se tornar o que está agora.

Boa leitura :3

Capítulo Único O fim de ano da minha vida

Eu estava calmamente ao lado dela. Faltava alguns minutos para a meia-noite, eu respirei fundo e comecei a falar.

- Eu gostaria tanto de falar coisas bonitas para uma garota... você pode me ajudar? - Eu sorri sem jeito para ela.

- Você não tentou nada? Bem, eu devo ser a pior pessoa para isso, você sabe. - Ela sorriu por alguns segundos, isso era bem raro. Eu fiquei extremamente feliz por isso.

- Eu sei que se eu falar para ela, ela não vai ligar. Eu conheço ela bem... ela não acreditaria em mim e se irritaria. - Suspirei.

- Como pode ter tanta certeza de que conhece ela bem? - Ela me encarou por alguns segundos, eu acabei rindo.

- Eu conheço ela a um bom tempo...

- Você pode passar a vida ao lado de alguém e não saber nada sobre ela. - Ela havia parado de me encarar, e olhou para o mar, séria novamente.

Fiquei olhando o mar por dois minutos, eu acho.

A garota ao meu lado, nunca acreditaria nisso. Eu ainda consigo me lembrar das coisas que falamos a tanto tempo.

Já se passaram oito anos...

"- Como você pode querer falar comigo? Olhe para meus olhos, eles não são iguais aos seus! - A garota de quatorze anos que eu via tinha olhos vermelhos e o seu olho esquerdo continha uma cicatriz vertical, eu gostei dos olhos dela.

- Eu gosto deles, são bonitos, diferentes. - Eu sorri para ela, mas ela ficou irritada.

- Não são bonitos. Pare de falar besteiras. - Ela se virou e começou a andar na direção contraria a mim.

- Eu quero falar com você. Não se trata do fato dos seus olhos serem normais ou não, serem iguais aos meus ou não, se trata do fato de que eu achei você interessante. Não quer nem tentar confiar em mim? - Eu disse sério, vendo ela andar para longe de mim. Ela se virou e me encarou, para então dizer.

- Palavras bonitas não vão salvar você do purgatório, garoto. - Ela continuou me encarando.

- Que venha o purgatório! Eu não me importo! O mundo já é um inferno e um céu ao mesmo tempo, qual a diferença? - Ela deu um sorriso curto.

- Você venceu, garoto. Mas, palavras bonitas não irão mudar sua situação. - Eu sorri para ela, e fomos até nossas casas conversando."

A garota ao meu lado sempre está séria, quando eu consigo fazer ela rir, é como se eu estivesse tocando o céu com meus dedos.

Eu conheço ela a oito anos... tantas coisas que nós já falamos, tantas coisas já descobrimos um do outro.

Sorrisos, lágrimas, risos, gritos, conversas intermináveis e silêncios constrangedores. Agora, eu me pergunto o que eu sou para ela.

- Falta quanto tempo para meia-noite? Dizem que eles soltam fogos bem na hora... será que é verdade? - Ela perguntou e isso me tirou dos pensamentos, eu fiquei corado e respondi enrolado.

- Falta... dois minutos! É.. eu ouvi dizer que sim. Mas depende do relógio de cada um, eu acho.

- É, talvez. - Eu não falei mais nada depois disso, e ela não tirou os olhos do mar nenhum segundo depois disso, acho que ficamos assim por um minuto completo. - Hey.

- Hm? - Ela havia se virado para mim e nós nos fitamos um o olhar do outro.

- Eu acho que, se você usar as palavras bonitas no momento certo, você pode escapar do purgatório. - Ela sorriu e eu ri, vendo que ela ainda lembrava daquilo.

- Você ainda lembra? Isso é tão estranho. - Eu disse um pouco mais sério do que eu quis.

- Essa foi a primeira vez que eu quis memorizar cada momento, eu ainda lembro de muita coisa. Certa vez você me contou sobre aquela lenda do fio vermelho que uni as pessoas que estão destinadas a ficar juntas para sempre. Outra vez, você disse que queria escrever uma história com essa lenda. E em outra vez, disse que gostaria de escrever uma música, e aprender a tocar algum instrumento para poder tocar a música. - Eu sorri com o que ela havia dito.

- Eu me lembro que você disse que gostaria de ter um filho, mas que morria de medo que a criança virasse uma peste. E também disse que gostaria de se casar em uma praia... e também, que gostaria de poder ver com quem seu fio vermelho se conecta. Eu acho que seria chato ver isso... você provavelmente correria para encontrar ela... e deixaria todo o resto de lado, certo? - Eu fiquei um pouco triste de pensar que isso pudesse acontecer.

- Não... eu não faria isso... não gostaria de largar tudo... eu gostaria é de ver se a linha termina onde eu quero que termine. Onde será que ela acaba....? - Ela olhou para o céu enquanto dizia isso, depois olhou para mim e sorriu, neste momento ouvi um fogo de artifício disparar e estourar, iluminando o céu de dourado. Foi a cena mais bonita que eu já vi em toda minha vida.

- Assim terminaria sua curiosidade, certo? Qual seria a graça? Você não iria descobrir por si mesma. Olhe para os fogos agora. - Eu virei ela para o mar, e ambos ficamos observando os fogos iluminarem o céu noturno por alguns minutos.

- Ah, você parou de falar sobre se declarar para uma garota... conseguiu alguma ideia, garanhão? - Ela riu baixinho e ficou me observando.

- Eu não disse me declarar, eu disse falar coisas bonitas, eu não sou muito bom nisso...

- Como não? Você sempre disse coisas bonitas para mim. Eu que sempre fui sem graça... eu não queria que você achasse que era ruim nisso. - Ela se virou pro mar e observou os fogos novamente - Suas palavras bonitas talvez não lhe salvem do purgatório, mas mostraram o céu no inferno de uma pessoa. Eu já nem sei mais o que é se sentir triste... eu nunca tive nada, e sinto que agora eu tenho tudo. Eu gostaria de ver onde sua linha vermelha para, assim eu poderia contar meu tempo limitado ao seu lado. - A voz dela soou um pouco triste.

- Tempo limitado? Se você quiser, posso ficar ao seu lado sempre. Eu não me importaria. E lhe deixar seria tão idiota, foi tão difícil conquistar sua amizade, e que tipo de pessoa abandona o céu dela para trocar por um inferno? - Eu ri um pouco e olhei para o lado, ela estava me olhando, mas estava totalmente parada, corada.

- Você fala coisas bonitas. - Ela falou isso de forma embolada, ainda corada.

- Então eu não preciso mais de sua ajuda para falar coisas bonitas para uma garota, ela já achou bonito isto. - Ela me abraçou forte e eu retribui o abraço. - Eu vou estar aqui para sempre, 'kay?

- Eu vou estar aqui para sempre, também. 'Kay.

- Vamos fazer uma promessa? - Eu disse baixo em seu ouvido.

- Que promessa?

- Mesmo que o mundo inteiro odeie um de nós, o outro vai ama-lo. - Eu estendi minha mão para fazer uma promessa de mindinho.

- Promessa. - Ela entrelaçou seu dedo no meu

- Promessa. - Unindo nossas mãos, nos abraçamos de novo vendo os fogos.

“Com nossas mãos unidas, estaremos juntando tudo o que existe, e o que existe é apenas o amor...”

❖❖❖
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Comentários (3)
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Postado 11/03/16 12:22

Senhorita Julih-chan, por gentileza considere minha apreciação uma singela retribuição pelo aprendizado e inspiração malignas derivadas de sua obra, que possui uma narrativa surpreendentemente fluia e agradável, que gera uma fácil visualização do ambiente e do conflito emocional entre os personagens (ao meu singelo ver, claro). Muito embora não goste de romance, seu texto me forneceu parte da ajuda que necessito para pagar uma aposta. Porém, tenho plena certeza de que os fãs desta vertente literária irão se agradar muitíssimo da leitura.

Parabéns pelo conto. Aguarde uma possível deturpação a la Diablair desta história de amor. Não agora, nem em breve. Mas virá. Sinto muito.

Atenciosamente,

Um ser que nasceu sem quaisquer fios vermelhos para portar nem palavras bonitas para dizer, Diablair.

Postado 11/03/16 16:55

Esse é um dos textos que eu chamo de antigo, então me sinto muito feliz por eles terem sido elogiados tal como os mais recentes, já que considero ele meio "pobre" em alguns pontos.

Bem, não me é algo ruim. Eu nunca postei nenhum texto meio "alá Diablair", mas das minhas longas, todas são bem obscuras em algum ponto, normalmente no começo (infelizmente, a que estou postando no momento não é no começo. :( )

Obrigada pelo comentário *-*

Postado 04/08/16 20:39

Ai que lindo seu texto!!

Acho tão linda a lenda do fio vermelho, e no contexto do seu texto, foi extremamente fofo!

Me deu um aperto no coração, aquela vontade de querer saber o que acontece com eles no futuro ;-;

Parabéns pelo belíssimo texto!

Postado 05/08/16 22:49

O que acontece com eles no futuro? Imagine o que quiser! Não se acanhe ahahahahah

Obrigadissíma!

Postado 31/01/18 19:47

Esse conto é tão fofo e triste ao mesmo tempo, uma mescla perfeita de sentimentos e nostalgia. É difícil não sentir o peito se apertar em algumas passagens, é mais difícil ainda não deixar de sorrir no final. Cada parágrafo, cada fala dele é um tiro certeiro em nosso coração; tão sincero e inocente, sem esperar o recíproco. Apenas único.

A maneira como conduz a narrativa é mágica, é como se estivésssemos à espera dos fogos de artifícios junto com os dois, apreciando o diálogo, envolto de lembranças particulares. É uma sensação gostosa de ter.

A calma que o protagonista vai tendo no decorrer do tempo, conquistando aos poucos a confiança dela, é tão raro hoje em dia. Me faz ter esperanças em um mundo melhor.

Parabéns!

Postado 09/02/18 10:56

Obrigada <3