Ménage à trois
Francisco L Serafini
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 09/03/16 17:45
Editado: 09/03/16 17:53
Gênero(s): Comédia
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 7min a 10min
Apreciadores: 3
Comentários: 2
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Palavras: 1266
Não recomendado para menores de catorze anos
Notas de Cabeçalho

Quando escrevi esse texto, a ideia era escrever várias situações que só poderiam acontecer num mundo reverso. Esse foi o primiero capítulo daquela obra, hehe.

Espero que se divirtam.

Capítulo Único Ménage à trois

Eu não vejo lógica no forte poder de persuasão que as mulheres adquiriram nesses milhões de anos de evolução. Para mim, isso só mostra que as divindades como Deus e, principalmente, o capeta existem. Com palavras ríspidas e diretas, por vezes acompanhadas por socos na mesa e o tom de voz alterado, elas nos convencem, nós pobres e sensíveis homens, a fazer atos ilógicos e não existentes em qualquer outra dimensão ou vida paralela.

Minha esposa e suas amigas não são diferentes dessa realidade vil. Que gente imatura e sem noção. Não há nada que se assemelhe a elas. Agem por puro instinto e nunca medem as consequências de seus atos. Enquanto nós homens nos preocupamos com os sentimentos e bem-estar alheios, as mulheres focalizam suas energias obtidas através de álcool e carne em seus egos e vontades próprias.

Inclusive, por certa vez, fui submetido a uma situação constrangedora por minha mulher e sua amiga Joaquina. Elas estavam decididas em colocar seu plano em ação para acabar com uma situação incomoda que lhes perturbavam dia pós dia. Lembro-me perfeitamente daquele diálogo prévio para me convencer a participar daquele absurdo.

– Ei, Carlos. Está em casa? – minha esposa já me procurava antes de a fechar a porta. Ela estava acompanhada por sua amiga Joaquina e com uma lata de cerveja quase sem conteúdo.

– Oi, amor. Estou aqui na área de serviço ensaboando algumas toalhas de prato – respondi trocando minha cara de esforço por um sorriso contente ao ouvir a voz de minha esposa.

– Bah, Marilda! Tu tens uma sorte daquelas. Eu nem homem para uma noitada consigo, imagina encontrar um homem que faz tudo por mim – comentou Joaquina, melhor amiga da Marilda.

– Oi, Joaquina. Não tinha visto que tu estavas com a Mari. Como estás? Ainda procurando por um parceiro? – quis saber, principalmente por ter ouvido o comentário feito por ela a Marilda.

– Estou bem, Carlos. Estou bem... Mas né?! Poderia estar melhor se tivesse encontrado alguém.

– Carlos, meu querido, é justamente por isso que trouxe a Quina aqui em casa. Vamos acabar com essa seca masculina dela.

– Mas é claro! Imagina viver uma vida assim. Ao menos um sexo as vezes já aliviaria, hehehe – fiz uma leve, mas besta graça. – Vou ligar para alguns amigos meus e podemos fazer uma janta aqui em casa. Assim, a Quina poderá olhar para eles e ver se alguém lhe interessa.

– Não, Carlos. Essa ideia já foi tentada e o resultado foi frustrante.

– Pois é, amor. Eu sei, mas é uma ideia muito boa. De repente só foi um dia ruim para a Quina.

– Sempre é dia ruim para a Quina, nesse aspecto.

– Ah, mas que estupidez, Marilda. Por acaso tu pensou em algo diferente para ajudá-la?

– Um ménage à trois. Eu, tu e a Quina.

– Um o quê?!

– Um ménage à trois. Sexo a três, sabe?

– Claro que eu sei o que é um ménage à trois, sua idiota.

– Mas então? Perguntou por quê? Topa?

– Topar esse absurdo?! Que ideia ridícula é essa?!

– Sim, Carlos. É essa ideia ridícula e absurda que tu ouviu. Já convenci a Quina, que um sexo iria lhe fazer bem e aumentar a autoestima. E por isso quero compartilhar meu marido com ela por essa causa nobre. Topa?

– Mas tu tá louca, Marieta?! Que ideia mais besta é essa?! Quantas cervejas vocês beberam para terem essa cara de pau e chegarem aqui em casa com essa proposta sem fundamento? É algum tipo de brincadeira? Olha, se for algum tipo de brincadeira, eu juro que mato vocês duas.

– Não, Carlos. Não é nenhuma brincadeira. É sério! Eu estou disposta a fazer isso por mi...

– Tu fazer? Tu fazer o quê? Tu não fará nada! E eu? Como eu fico nessa? Eu não quero transar com a Joaquina. Eu só quero esse tipo de intimidade contigo, Marieta.

– Mas não seja egoísta, Carlos. Que coisa! Eu estou propondo isso e eu sou a maior prejudicada nesta história. E mesmo assim, não estou dando chilique e estou disposta a sofrer as consequências pelo bem de uma pessoa, de uma amiga.

– A única consequência que tu vai sofrer é conviver com o arrependimento por ter feito algo sem nexo.

– Sim, estou disposta a conviver com isso. Tudo pelos amigos!

– Tudo pelos amigos? E por mim?! E se tu quiser viver com esse arrependimento, eu não quero.

– Não vai ter arrependimento algum. A gente faz gostoso, tu sabe disso, meu amor.

– Mas, Marieta! Isso tudo não tem lógica! Eu não quero transar com a Joaquina! Com todo respeito, Joaquina.

– Ah... tudo bem, Carlos. Eu falei para a Mari que tu não ias aceitar. É uma ideia muito revolucionária para as pessoas aceitarem, assim, de boa.

– Carlos Augusto! Eu já decidi e assim será! Eu quero que tu transe comigo e com a Joaquina! Eu sempre faço tudo por ti! Trago dinheiro para casa e realizo teus desejos e vontades! Agora é tu quem que vai se esforçar um pouco e realizar esse meu único e singelo desejo.

– Mas, Marieta?! Marieta, vem cá – peguei-a pelo braço e levei até um canto da sala. – Olha para ela, Marieta. Meu pau nem duro vai ficar – argumentei em sussurros no ouvido de Marieta, enquanto eu olhava para as coxas torneadas, a cintura fina, a barriga definida e magra, a pele lisa e bronzeada, os seios e a bunda fartos e volumosos, os olhos verdes e os cabelos loiros longos da Joaquina. Era, e continua sendo, o diabo da feiura vivendo na Terra.

– Não seja rude, Carlos – respondeu ainda em sussurros Marieta, logo antes de elevar o tom da voz e continuar a falar aos prantos. – Nós já pensamos em tudo. Passamos na farmácia e compramos camisinhas e Viagra. Na volta, paramos na locadora da esquina e pegamos alguns DVDs pornô. Não é, Quina?

– Com certeza! E tem o vinho francês! – complementou Joaquina, com um largo sorriso de dentes brancos e alinhados, mostrando a cartela de Viagra, três DVDs da Brasileirinhas e uma garrafa de Chateau Les Millaux Bordeaux.

– Mas?! Mas?! Mas isso é um absurdo! – conclui ao ver toda a situação montada pelas duas mulheres.

– Absurdo é essa tua frescura, Carlos. Deixa disso e vamos fazer o que viemos fazer. Vai ser bom para ti, para mim e para a Quina. Vamos para o quarto – Marieta me pegou pelo braço e me levou até ao nosso recanto íntimo.

– Isso! É hoje! Que felicidade – comemorava Quina, aos gritos eufóricos, acompanhando-nos logo atrás em pequenos saltos.

E de fato, foi naquele dia. Não tive muita escolha perante a força de vontade e os olhares persuasivos de Marieta. O ménage à trois ocorreu. Nunca tinha feito nada parecido e tão pouco tinha usado Viagra. Aliás, surpreendi-me com o poder do Viagra. Nossa, que coisa mais boa. Até consegui encarar a Joaquina duas vezes. De repente tenha sido a dose extra que colocaram as escondidas no meu copo de vinho. Mas enfim, o meu pênis estava lá, impecável.

Mas voltando ao que eu dizia. Mulheres têm um poder de persuasão incrível. Não sei como a Mari, por exemplo, consegue com aquelas palavras e olhares me convencer a fazer essas coisas absurdas. O pior foi que ela contou para as amigas dela e agora fico sem jeito só em vê-las. Essa Marieta é danada. Aliás, as mulheres são. Somente elas para quererem fazer sexo a três e compartilhar o cônjuge. Não vou dizer que foi ruim. Foi uma experiência bem interessante, inclusive. Mas homem, homem nunca pensaria em algo assim. Mas enfim, o negócio é se submeter a essas criaturas influenciadas pela maldade diabólica para não criar rugas no rosto.

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Apreciadores (3)
Comentários (2)
Postado 09/03/16 20:23

além de estar rindo aqui sozinha, com o enredo mais que sugestivo, e um texto mto bem elaborado e humorado, quero lhe parabenizar pela leveza desse menàge...rsss.Concordo com o que vc falou do poder de persuasão que a mulher tem.

Sei muito bem . rsss....parabéns.

Postado 09/03/16 21:14

heheeh. Mulher é muito, mas muito poderosa.

Obrigado pelos elogios! =D

Postado 10/03/16 14:17

SHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! MEU SATÃ DO HELL, QUE TEXTO GENIAL! Estou rindo alto aqui, foi muito bem elaborado, descrito e narrado!

Como uma inversão de papéis pode tornar a visão sobre um assunto ou aspecto existencial tão reflexiva e ao mesmo tempo cômica! MUITO BOM, MUITO BOM!

E de fato, o poder feminino é algo mais que real... A começar que são vinte milhões de espermatozóides para fecundar UM óvulo. Ou seja, desde o útero elas estão em outro patamar. Ao menos na minha modesta opinião...

Gratíssimo por compartilhar esta obra conosco, Sr LEcrivain!

Postado 10/03/16 16:20

Heheeh. Bem nessas. Mulher tá num patamar acima, isso é fato.

E muito obrigado, hehe. Fico muito feliz com o comentário, que alías, que belo comentário!

Fico feliz em saber que gostaste!