Eu não vejo lógica no forte poder de persuasão que as mulheres adquiriram nesses milhões de anos de evolução. Para mim, isso só mostra que as divindades como Deus e, principalmente, o capeta existem. Com palavras ríspidas e diretas, por vezes acompanhadas por socos na mesa e o tom de voz alterado, elas nos convencem, nós pobres e sensíveis homens, a fazer atos ilógicos e não existentes em qualquer outra dimensão ou vida paralela.
Minha esposa e suas amigas não são diferentes dessa realidade vil. Que gente imatura e sem noção. Não há nada que se assemelhe a elas. Agem por puro instinto e nunca medem as consequências de seus atos. Enquanto nós homens nos preocupamos com os sentimentos e bem-estar alheios, as mulheres focalizam suas energias obtidas através de álcool e carne em seus egos e vontades próprias.
Inclusive, por certa vez, fui submetido a uma situação constrangedora por minha mulher e sua amiga Joaquina. Elas estavam decididas em colocar seu plano em ação para acabar com uma situação incomoda que lhes perturbavam dia pós dia. Lembro-me perfeitamente daquele diálogo prévio para me convencer a participar daquele absurdo.
– Ei, Carlos. Está em casa? – minha esposa já me procurava antes de a fechar a porta. Ela estava acompanhada por sua amiga Joaquina e com uma lata de cerveja quase sem conteúdo.
– Oi, amor. Estou aqui na área de serviço ensaboando algumas toalhas de prato – respondi trocando minha cara de esforço por um sorriso contente ao ouvir a voz de minha esposa.
– Bah, Marilda! Tu tens uma sorte daquelas. Eu nem homem para uma noitada consigo, imagina encontrar um homem que faz tudo por mim – comentou Joaquina, melhor amiga da Marilda.
– Oi, Joaquina. Não tinha visto que tu estavas com a Mari. Como estás? Ainda procurando por um parceiro? – quis saber, principalmente por ter ouvido o comentário feito por ela a Marilda.
– Estou bem, Carlos. Estou bem... Mas né?! Poderia estar melhor se tivesse encontrado alguém.
– Carlos, meu querido, é justamente por isso que trouxe a Quina aqui em casa. Vamos acabar com essa seca masculina dela.
– Mas é claro! Imagina viver uma vida assim. Ao menos um sexo as vezes já aliviaria, hehehe – fiz uma leve, mas besta graça. – Vou ligar para alguns amigos meus e podemos fazer uma janta aqui em casa. Assim, a Quina poderá olhar para eles e ver se alguém lhe interessa.
– Não, Carlos. Essa ideia já foi tentada e o resultado foi frustrante.
– Pois é, amor. Eu sei, mas é uma ideia muito boa. De repente só foi um dia ruim para a Quina.
– Sempre é dia ruim para a Quina, nesse aspecto.
– Ah, mas que estupidez, Marilda. Por acaso tu pensou em algo diferente para ajudá-la?
– Um ménage à trois. Eu, tu e a Quina.
– Um o quê?!
– Um ménage à trois. Sexo a três, sabe?
– Claro que eu sei o que é um ménage à trois, sua idiota.
– Mas então? Perguntou por quê? Topa?
– Topar esse absurdo?! Que ideia ridícula é essa?!
– Sim, Carlos. É essa ideia ridícula e absurda que tu ouviu. Já convenci a Quina, que um sexo iria lhe fazer bem e aumentar a autoestima. E por isso quero compartilhar meu marido com ela por essa causa nobre. Topa?
– Mas tu tá louca, Marieta?! Que ideia mais besta é essa?! Quantas cervejas vocês beberam para terem essa cara de pau e chegarem aqui em casa com essa proposta sem fundamento? É algum tipo de brincadeira? Olha, se for algum tipo de brincadeira, eu juro que mato vocês duas.
– Não, Carlos. Não é nenhuma brincadeira. É sério! Eu estou disposta a fazer isso por mi...
– Tu fazer? Tu fazer o quê? Tu não fará nada! E eu? Como eu fico nessa? Eu não quero transar com a Joaquina. Eu só quero esse tipo de intimidade contigo, Marieta.
– Mas não seja egoísta, Carlos. Que coisa! Eu estou propondo isso e eu sou a maior prejudicada nesta história. E mesmo assim, não estou dando chilique e estou disposta a sofrer as consequências pelo bem de uma pessoa, de uma amiga.
– A única consequência que tu vai sofrer é conviver com o arrependimento por ter feito algo sem nexo.
– Sim, estou disposta a conviver com isso. Tudo pelos amigos!
– Tudo pelos amigos? E por mim?! E se tu quiser viver com esse arrependimento, eu não quero.
– Não vai ter arrependimento algum. A gente faz gostoso, tu sabe disso, meu amor.
– Mas, Marieta! Isso tudo não tem lógica! Eu não quero transar com a Joaquina! Com todo respeito, Joaquina.
– Ah... tudo bem, Carlos. Eu falei para a Mari que tu não ias aceitar. É uma ideia muito revolucionária para as pessoas aceitarem, assim, de boa.
– Carlos Augusto! Eu já decidi e assim será! Eu quero que tu transe comigo e com a Joaquina! Eu sempre faço tudo por ti! Trago dinheiro para casa e realizo teus desejos e vontades! Agora é tu quem que vai se esforçar um pouco e realizar esse meu único e singelo desejo.
– Mas, Marieta?! Marieta, vem cá – peguei-a pelo braço e levei até um canto da sala. – Olha para ela, Marieta. Meu pau nem duro vai ficar – argumentei em sussurros no ouvido de Marieta, enquanto eu olhava para as coxas torneadas, a cintura fina, a barriga definida e magra, a pele lisa e bronzeada, os seios e a bunda fartos e volumosos, os olhos verdes e os cabelos loiros longos da Joaquina. Era, e continua sendo, o diabo da feiura vivendo na Terra.
– Não seja rude, Carlos – respondeu ainda em sussurros Marieta, logo antes de elevar o tom da voz e continuar a falar aos prantos. – Nós já pensamos em tudo. Passamos na farmácia e compramos camisinhas e Viagra. Na volta, paramos na locadora da esquina e pegamos alguns DVDs pornô. Não é, Quina?
– Com certeza! E tem o vinho francês! – complementou Joaquina, com um largo sorriso de dentes brancos e alinhados, mostrando a cartela de Viagra, três DVDs da Brasileirinhas e uma garrafa de Chateau Les Millaux Bordeaux.
– Mas?! Mas?! Mas isso é um absurdo! – conclui ao ver toda a situação montada pelas duas mulheres.
– Absurdo é essa tua frescura, Carlos. Deixa disso e vamos fazer o que viemos fazer. Vai ser bom para ti, para mim e para a Quina. Vamos para o quarto – Marieta me pegou pelo braço e me levou até ao nosso recanto íntimo.
– Isso! É hoje! Que felicidade – comemorava Quina, aos gritos eufóricos, acompanhando-nos logo atrás em pequenos saltos.
E de fato, foi naquele dia. Não tive muita escolha perante a força de vontade e os olhares persuasivos de Marieta. O ménage à trois ocorreu. Nunca tinha feito nada parecido e tão pouco tinha usado Viagra. Aliás, surpreendi-me com o poder do Viagra. Nossa, que coisa mais boa. Até consegui encarar a Joaquina duas vezes. De repente tenha sido a dose extra que colocaram as escondidas no meu copo de vinho. Mas enfim, o meu pênis estava lá, impecável.
Mas voltando ao que eu dizia. Mulheres têm um poder de persuasão incrível. Não sei como a Mari, por exemplo, consegue com aquelas palavras e olhares me convencer a fazer essas coisas absurdas. O pior foi que ela contou para as amigas dela e agora fico sem jeito só em vê-las. Essa Marieta é danada. Aliás, as mulheres são. Somente elas para quererem fazer sexo a três e compartilhar o cônjuge. Não vou dizer que foi ruim. Foi uma experiência bem interessante, inclusive. Mas homem, homem nunca pensaria em algo assim. Mas enfim, o negócio é se submeter a essas criaturas influenciadas pela maldade diabólica para não criar rugas no rosto.