Kayla corria pela floresta nebulosa, afundando suas novas botinas no lodo, com o coração sendo quase que agarrado por seus dentes, era muito, muito cedo, e ela tinha terminado com mais um.
Adolescente desta vez, baixo, com um olhar desordeiro; ela acreditou mesmo que ele conseguiria satisfazê-la, já que lhe cativou a atenção. Mas não, foi apenas mais um leido engano, e agora ela havia enterrado um corpo, e estava se enterrando nas próprias lágrimas, não podia fugir de sua natureza, mais forte que todos os seus nervos juntos, era sempre como se seus poderes tivessem total controle dela e ela apenas espectasse o que acontecia, dentro de seu corpo, trancada em uma jaula.
Como poderiam haver Huldras que chegavam ao Huldrenfolk satisfeitas? Meladas, sorridentes e até mesmo grávidas? Os homens deste século são uns débeis, comp podiam ao menos chegar "perto"?
Os pensamentos da jovem huldra beliscavam-na enquanto ela tentava correr, se sentindo culpada por acabar com mais uma vida, no entanto, de algum modo sórdido, muito orgulhosa de si mesma, pois ela não era nada fácil e sabia muito bem disso.
Desordeira. Era o que ela queria ser.
Ela queria ser conhecida, ser sentida, ser aventureira, não suportava a ideia de ter de vigiar as crianças huldras infiltradas no mundo dos humanos pelo resto de sua miserável existência.
Não suportava mais os olhares de pena daquele grupo ínfimo de seis ou sete huldras com centenas de milhares de anos que conseguiam enfim, serem felizes.
Elas eram tão... Mentirosas.
O peito oco da jovem coçava, o buraco em suas costas tremulava, moscas e aranhas começaram a saltar para fora de seu orifício sem fim, então, ela soltou um grito de horror.
A floresta ficou cinza, os pássaros se esconderam e a tempestade despontou no horizonte.
- EU ODEIO!!! - socou a terra e fez crescer uma árvore imensa, que abalou o gramado, afastou as demais árvores molengas e ameaçou rasgar o céu.
Seus olhos sangravam, sua pele era só nervos, seus cabelos eriçados, de repente, ela perdera a beleza, agora, era apenas uma criatura pegajosa, cheia de raiva de si mesma.
Ela sentiu então, um ligeiro formigamento no peito. Seu nariz reconheceu o cheiro, o buraco em suas costas puxou todos os vermes e insetos para dentro, sua pele voltou a ser macia e uniforme, seus cabelos novamente se trançaram magicamente e um sorriso prontamente surgiu em sua face.
Cheiro de humano.
Aonde?!
Vinte léguas.
Seus joelhos dispararam, logo ela estava percorrendo a floresta, as montanhas, os córregos, até que... O encontrou. Esgueirou-se nas pedras, e o observou.