Estava muito ansiosa para a hora da saída, não aguentava mais a aula de matemática, meus neurônios imploravam por paz, entretanto a professora não parava de berrar sobre números ou sinais ou frações, não sei ao certo. Olho a hora, dez horas da noite, ainda teria uma hora inteira de tortura pela frente, respiro fundo, olho para a lousa. Estou disposta a aprender.
Meu telefone toca, inusitado, ele nunca me liga.
Saio apressada da sala, esbarrando em uma mesa no caminho, alguns livros caem, não me importo.
- Alô? Aconteceu algo? - Atendo assim que saio da sala, ele demora um pouco a responder.
- Catarina, eu sei que vai parecer estranho e inusitado isso, me desculpe por ser assim tão repentino... Mas é que... Eu amo muito você, amo demais, demorei demais, não quero perder mais tempo. - Respiro fundo, não sei o que dizer. Ficamos alguns segundos em silêncio.
- Eu também amo você, desde que nos conhecemos, faz tanto tempo... Por que demoraste tanto?
- Eu não sei, eu estava tão ocupado procurando alguém que não existe, que não notei o sentimento crescendo dentro de mim. - Eu gelo. Como algo assim pode acontecer? Tão do nada?
- A gente pode conversar melhor sobre isso depois? Eu vou sair logo da aula, o que você acha?
- Sim, podemos nos encontrar no terminal São Mateus, o que você acha? Depois vamos para outro lugar.
- Perfeito, até lá. - Respondo sorrindo, coração disparando...
Vem a minha mente as lembranças, desde que conheço Thales sou apaixonada por ele, é coisa de anos, 4 anos para ser mais específica, entretanto ele nunca me quis, sempre me viu como amiga, irmã mais nova... Esse tipo de coisa.
O importante é que agora eu posso tê-lo, a última fatia de pizza para minha vida ser perfeita. Não consigo conter o sorriso, nunca me senti tão feliz assim, a sensação é incrível.
Volto radiante para a sala, a professora olha para mim e vê meu sorriso, ela também sorri instantaneamente, minha alegria a contagia.
Conto os segundos para o fim da aula, estou tão animada que meu coração parece uma bomba prestes a explodir.
O sinal toca, é a hora da saída... Saio tão apressada para pegar o ônibus que nem sequer espero as minhas amigas. Desculpe meninas, estou indo encontrar a minha felicidade agora.
Passo correndo pelos portões da escola, saio na avenida Sapopemba, olho o horário no telefone, 23:01, está tarde para um encontro, não? Mas não me importo.
Volto a andar, ouço uma buzina... Olho para a direita, uma luz extremamente forte... Dor... Tudo escurece... Não sei quem sou... Onde estou? Dor... Escuridão... Achei que fosse o caminho da felicidade...