Em nome da Justiça
Yvi
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 13/08/20 22:10
Editado: 13/05/21 23:34
Gênero(s): Drama Terror ou Horror
Avaliação: 9.87
Tempo de Leitura: 2min a 3min
Apreciadores: 8
Comentários: 5
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Palavras: 472
[Texto Divulgado] "O Jarro De Carne" O recém formado doutor Haward, inicia sua jornada de trabalho ao lado de seu mentor. Juntamente com sua equipe, ele inicia um experimento que mudara, para sempre, o futuro da humanidade.
Não recomendado para menores de dezoito anos
Notas de Cabeçalho

Vingança...

Já não há tempo a perder

Se uns morrem por justiça, outros matam por prazer

(Vingança – Anjos)

Capítulo Único Em nome da Justiça

As mãos estavam encharcadas pelo sangue. A respiração descompassada denunciava que havia feito muito esforço. Os braços não tinham mais forças para erguerem-se e as pernas estavam tremulas. Era a própria visão do horror. As roupas estavam rasgadas, o cabelo estava completamente despenteado e sujo. Vivia o caos. Era o Caos. Havia uma coisa, entretanto, que chamava atenção em meio a todo aquele amontoado de sujeira, sangue e ossos: O sorriso. Sua face estava serena e um sorriso carinhoso ornava os lábios.

Amara finalmente havia encontrado sua paz. Depois de dias, meses, anos em busca daquele ser deplorável, finalmente havia conseguido. Ela, apenas ela, havia vingado o seu amigo, e da forma mais justa que conseguiu. Primeiro tratou das orelhas com um corte diagonal e pouco preciso, depois focou os braços e as pernas. A faca não foi suficiente, precisou usar martelos, marretas, serras e até mesmo um tijolo, para ajudar a esmagar aquela podridão que habitava a terra em forma de mulher asiática de meia idade.

Repetiu cada passo repugnante que a mulher fez com seu precioso amigo. Cada corte, cada soco, cada grito. Repetiu as mesmas palavras. Repetiu. Repetiu.... Amara assistiu ao vídeo da tortura por todo o tempo em que caçou a monstruosidade que atendia pelo nome de Angel. Sabia até mesmo os minutos, os segundos, os milésimos de segundos. Sabia o tempo exato que Angel levou em cada parte do corpo de seu amigo, mas Amara não fez no mesmo tempo, não, longe disso! Amara queria o melhor ou o pior para Angel. Demorou duas, três, quatro, vinte vezes mais. Cuidou para que os objetos estivessem prontos para aguentar, que não estivessem afiados além da conta e tratou de manter seu alvo vivo pelo máximo de tempo possível. Ela queria que fosse doloroso, por cada dia que passou caçando, por cada lágrima que derramou, por cada noite em que a cama de seu amigo esteve vazia.

Angel não percebeu o que estava acontecendo até se encontrar amarrada, acorrentada, amordaçada. Usava uma focinheira. A mesma focinheira que usou para não ser mordida. Ela não sabia pelo que estava sendo castigada, mas aquele era o menor dos problemas. Sentia dores excruciantes em partes de seu corpo que nem ao menos sabia que existiam. Ela não conseguiu formular qualquer pensamento. Amara não lhe deu tempo, assim como ela própria não havia dado tempo ao amigo da outra.

Amara havia conseguido sua justiça, Angel seria um demônio a menos na terra, e por mais que soubesse que seu ato de justiça não poderia trazer seu amiguinho de quatro patas de volta, ela poderia finalmente deitar em sua cama e dormir; sonhar com um mundo em que seu precioso cachorrinho correria para os seus braços, livre da crueldade humana, e lamberia seu rosto.

Amara poderia sonhar, mas antes ela precisaria de um banho.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Eu só queria dizer que me mandaram um vídeo e eu abri por inocência. Não recomendo para ninguém. O ser humano é podre.

Apreciadores (8)
Comentários (5)
Comentário Favorito
Postado 15/08/20 19:59

Às vezes, não sei como o mundo consegue suportar a crueldade do ser humano. Às vezes, não sei como as pessoas realizam atos dessa estigma com animais e conseguem repousar a cabeça no travesseiro depois. Às vezes, a vingança é a justiça mais exata.

A narrativa me deixou muito confusa no início. Não sabia do que se tratava essa suposta justiça de Amara ou quem teria sido tirado de sua vida para que Angel fosse morta tão sombria e lentamente. Isso me incentivou a persistir na leitura, pois minha curiosidade foi ativada.

Com uma linguagem violenta e insana, acompanhamos esse ato e, finalmente, descobrimos quem foi o responsável que motivou tudo isso. Nesse momento, o coração antes aflito ficou em pedaços. Apesar de sempre termos uma noção básica do quão cruel um ser humano pode ser, nós nunca estamos preparados para a podridão interna. Mesmo com o coração partido, sentimos muita satisfação, pois a vilã teve o que merecia e, pelos deuses, não se pode chamar de vingança um ato de justiça.

Esse texto é a prova verdadeira de que nunca devemos subestimar as maldades do ser humano. Obrigada por tê-lo compartilhado conosco!

Parabéns, Flavinha ♥

Postado 16/08/20 17:11

"não se pode chamar de vingança um ato de justiça"

Queria te colocar em um potinho agora, Brina.

Muito obrigada! <3

Postado 13/08/20 22:25

Apesar de forte, o que confere com a indicação de faixa etária,suas descrições de sensações e acontecimentos estão simplismente divinos

Postado 16/08/20 17:06

Agradeço! :)

Postado 14/08/20 06:06 Editado 16/08/20 17:13

Moça, há algo de sublime em sua Doença que decerto jamais terei, uma finesse malevolente que tanto me faz admirar quanto me orgulhar de sua pessoa. E esta obra é a prova atual disso.

Muito mais deleitável que a própria carnificina irrefreada per si, é o motivo pelo qual ela ocorre. Hoje em dia (desde sempre; só piorou com o tempo), o ser humano é capaz de premeditar e executar atos inumanos pelo puro prazer de fazê-lo. Isso é revoltante e assustador na mesma medida, ainda mais levando em conta as vítimas.

Claro, alguém pode ler e até talvez achar exagerado ela ter feito o que fez pelo amigo, dada a revelação de quem ele é. Mas, quantos milhares mais leriam e se vêem tendo a mesma reação que a protagonista? Ainda mais tudo tendo sido narrado e descrito desta forma tão incrível quanto o que a senhorita brilhantemente fez?

Sua obra é um lembrete necessário de que nem todo amigo ou membro da família caminha sobre duas pernas ou precisa ser humano para ser amado, bem cuidado e, se for preciso, vingado.

(o primeiro filme do Jhon Wick é um dos excelsos exemplos atuais disso)

Excelente obra/crítica, Moça! Meus sinceros e profundos parabéns por mais este lacre FODA para o acervo da Academia da Carnificina!

Atenciosamente,

Um ser cuja casca assistiu Earthlings e sentiu nojo por pertencer à raça humana, Diablair.

Postado 16/08/20 17:08

Deu até vontade de ver novamente esse filme.

Agradeço de coração pelo comentário.

Postado 14/08/20 13:32

Senhorita Flávia, estou completamente em choque com essa obra. A maldade humana é completamente horrível, sem escrúpulos mesmo, principalmente no que se refere a fazer maldades assim com animais indefesos e inocêntes...

Apesar de todo esse sofrimento que senti após entender do que se tratava esse texto, eu voltei e li tudo novamente, dessa vez com prazer de ver a vingança sendo feita!! Um humano podre desses tinha que ser completamente estraçalhado mesmo.

Igual ao Diab também lembrei do filme do Sr. Wick, vingança pelos animaizinhos é vingança bem feita!

Seu texto é perfeito, querida Flávinha <3

Um grande abraço, da sua fã <3

P.S. Se o Diab está falando do documentário Terráqueos, putaquepariu, a humanidade inteira precisava assistir isso, para todo mundo ver a sujeira e se sentir parte dessa podridão que são os seres humanos, e tentar mudar pelo menos um pouquinho as coisas...

Postado 16/08/20 17:10

O ser humano sempre será o pior, infelizmente.

Muito obrigada, Mei! <3333

Postado 16/09/20 23:09

Eu podia esperar qualquer coisa desse texto, quaisquer finais macabros que objetivasse a real intenção da Amara. Mas nunca, em hipótese alguma, passou pela minha cabeça por quem havia sido a vingança.

A sua mente habita profundezas que realmente temo e receio, mas ao mesmo tempo queria que concretizasse. Bipolaridade? Talvez. Mas é aquela coisa, todo ato tem a sua consequência, e com certeza Angel teve a sua.

Os detalhes macabros foram um show à parte. Não canso de ler seus textos, pois toda tortura é diferente, um sentimento inigualável e uma realidade totalmente discernida. Foi tão bem redigido que é possível visualizar cada corte, cada grito proferido e todo o rubro da cena.

Apesar de em vários momentos eu ser contra a vingança pelas próprias mãos, não julgo a atitude tomada.

Meus parabéns pelo brilhante texto, gema ♡

Postado 17/09/20 21:20

Muito obrigada, Gemada! <3