**"Chama Selvagem"**
O celular vibrou na mesinha de madeira, iluminando o quarto com o aviso de uma nova mensagem. Helena não precisou olhar para saber quem era. Desde que havia dado match com André no Tinder, há três dias, as conversas tinham escalado rapidamente de triviais para indecentes. Ele era bonito, confiante, mas o que mais a intrigava era a promessa não dita no tom dele — uma ousadia que a provocava a ir mais longe.
Ela deslizou o dedo sobre a tela e sorriu.
**André (20h13)**
*Ainda pensando em mim, ou já cansou do joguinho, Helena?*
Ela cruzou as pernas no sofá, o vestido subindo perigosamente sobre as coxas, e digitou com precisão.
**Helena (20h14)**
*Quem disse que é você que está no controle do jogo? Eu só brinco quando sei que posso ganhar.*
Poucos segundos depois, o celular vibrou de novo. Ele era rápido. Faminto.
**André (20h14)**
*Então me mostre. Estou pronto pra perder pra você.*
O canto da boca dela se curvou. Pronto? Ele não fazia ideia. Ela largou o celular, levantou-se e foi até o espelho, ajustando a alça fina do vestido. Os seios fartos sustentados apenas pelo tecido macio marcavam a silhueta provocante. Quando voltou para o sofá, a resposta já estava formulada.
**Helena (20h16)**
*Eu não gosto de homens que só dizem estar prontos. Gosto de homens que ajoelham e provam que estão. Que sabem que quando eu digo "fica", eles não se atrevem a mover um músculo sem minha permissão.*
A resposta demorou um pouco mais dessa vez. Ela quase podia imaginar André do outro lado, processando cada palavra com o sangue já descendo para onde ela queria.
**André (20h19)**
*Você me teria de joelhos fácil. Eu obedeceria sem discutir. Só me diz quando e onde.*
Helena mordeu o lábio inferior, sentindo a excitação subir quente pela barriga. A sensação de controle pulsava nela como batidas graves de um tambor primitivo.
**Helena (20h21)**
*Você acha que é simples assim? Eu não brinco com garotos. Eu quero um homem que aguente ser puxado pelos cabelos, mordido, arranhado, e que ainda assim olhe nos meus olhos e peça mais. Aguenta?*
A resposta veio instantânea, como se ele tivesse esperado a vida inteira por aquilo.
**André (20h22)**
*Aguento. Me use do jeito que quiser. Eu quero ser teu brinquedo.*
O calor entre as pernas dela se intensificou de um jeito que só acontecia quando o outro lado sabia se entregar por completo. Ela apoiou o celular na coxa nua e tirou uma foto: a pele dourada exposta, os dedos marcando levemente a carne macia. Enviou sem legenda. A imagem falava por si.
Ele visualizou. Nenhuma resposta por um minuto. Depois:
**André (20h24)**
*Diga o que quer de mim agora. Eu faço.*
Ela digitou devagar, saboreando cada palavra como quem lambe mel de uma colher.
**Helena (20h25)**
*Quero você de joelhos no chão do meu apartamento amanhã. Sem camisa. Com as mãos atrás da nuca. Vai olhar pra mim e só abrir a boca pra dizer "sim, senhora". Se fizer bem, talvez eu te deixe provar da minha pele. Se errar, eu vou amarrar você e te deixar duro e implorando até eu decidir que merece.*
Três pontinhos indicavam que ele digitava. Pararam. Voltaram. Pararam de novo.
Quando a resposta finalmente chegou, Helena sentiu o pulso acelerar.
**André (20h28)**
*Sim, senhora.*
Ela largou o celular e recostou-se, satisfeita. O jogo não era mais um jogo. Era uma promessa.
Amanhã, ela teria um homem rendido aos pés dela. E ela faria questão de mostrar que fogo, de verdade, só queima quando se domina as chamas.