odiei te amar
6 de Janeiro
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 01/06/25 14:48
Editado: 01/06/25 15:36
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min a 3min
Apreciadores: 1
Comentários: 1
Total de Visualizações: 168
Usuários que Visualizaram: 3
Palavras: 468
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Notas de Cabeçalho

Para o desafio que a Monise sugeriu no grupo, inspirado na música "Daylight" do David Kusher.

Capítulo Único odiei te amar

te amar foi como

um canto gregoriano

denso, grave, etéreo

e litânico

mas, deus, como eu

acreditava em

tudo aquilo

que você dizia

e eu repetia

todas as suas

palavras

e sílabas

e te seguia

erguendo a vela

defumando o caminho

amém, amém

sentia a Mão Divina

pesar em mim

todas as vezes

que você me levava

para o doce inferno

para longe da luz

e me crucificava em

suas novas liturgias

amém, amém

e eu acreditei

achava que era

bem mais do que

eu merecia

amém, amém

nos dias seguintes

aos seus apocalipses cíclicos

você sempre estava tão sereno

amém, amém

e eu destroçada

amém, amém

era assim que

tinha que ser

dê-me de beber

veneno santo, marido

amém, amém

só mereço sobreviver

minguando com

meu querido

vem estado tão frio,

tão frio...

amém, amém

acho que prefiro

morrer do

meu próprio

pecado

pelos meus

próprios meios

a orbitar para sempre

no seu eixo, ardendo

era pecado eu querer viver

p l e n a m e n t e

qual é o oposto de amém?

não tem

amei quando construímos

castelinhos de carta juntos

amém quando

pisou com raiva neles todos

por alguns não resistirem

aos seus sopros

também, amém

quando eu me tornei

uma bruxa

para você

queime, queime

minhas garras

só cresceram

teime, teime

mas os feitiços

eram todos seus

o anticristo

ganância, soberba, inveja

crucifixos manchados

de sangue

bíblia rasgada

esposa desonrada

seus crimes dolosos

prazeres misóginos

garganta e navalha

ralo entupido da pia

transbordando

jantares mofando

sempre duvidando

se culpando, solenemente

apenas para voltar a errar

sem tanto peso

eu era o seu confessionário secreto

mas haviam coisas que eu

não merecia escutar

meu homem imaculado

você queria tanto assim

nos fazer sangrar?

amei adentrar

escuridões

com você

pensei que

acharíamos

glória lá

amei finalmente

e s c a l a r

do fundo

do poço sozinha

quando você

desistiu de tentar

sempre que eu quase chegava no topo

você gritava

socorroooooooooooooo

mas e se uma mulher sábia desiste de tentar?

essas paredes vão desabar...

amém, amém

só que eu construí

tudo o que sou sem você

meu nome que brilha

minhas próprias muralhas

meus portões de aço

minha impossível torre de personalidade

uma fortaleza de desejos secretos

paraísos de realizações completas

enquanto você continua a ralhar

amém, amém

você se contorce

quando lembra?

amém, amém

sou uma aparição barulhenta

shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

ah, você odiava minha voz!

tentei não te condenar

mas era um duelo de gigantes

agora nos tornamos algo a mais

e eu nunca quis ser a sua

inimiga mortal

mas odiei te amar

pois eu sei que você

deu mesmo

TUDO

o que tinha

para tentar me desonrar

quando tudo que eu fiz,

foi vencer, e eu nem tinha

nenhum Ás

desde então, eu renasci e

finalmente, descanso em paz

❖❖❖
Notas de Rodapé

The winner takes it aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaall

Espero que vocês gostem kkkkk, infelizmente ficou meio dark, mas é isso.

Apreciadores (1)
Comentários (1)
Comentário Favorito
Postado 01/06/25 15:40

Como diria o Diablair:

Excelso, Senhorita 6 de Janeiro!!!

A gente faz um simples desafio e a senhorita nos brinda com uma obra de arte, de vida e sangue rubro...

Tido o poema, sua sonoridade, cadência, a dor de cada verso, a verdade contida no vai e vem do amém, amém...

Tudo leva o leitor a sofrer junto, a se banhar na dor e pranto e depois, tal qual Fênix, ressurgir com o eu poético em força, graça e vida...

Obrigada por aceitar o desafio e nos brindar com tão magnífica obra...

Assinado alguém que um dia, também, cansou de dizer amém...

Outras obras de 6 de Janeiro

Outras obras do gênero Crítica

Outras obras do gênero Drama

Outras obras do gênero Poema

Outras obras do gênero Reflexivo