Em uma noite escura e chuvosa, nos confins de uma pequena cidade chamada Sorocaba, havia uma casa modesta onde vivia uma família de três pessoas: a mãe, Dona Maria, seu marido, Sr. João, e sua filha pequena, Ana. A família enfrentava dificuldades financeiras, e a mãe, desesperada para alegrar a filha, prometeu que, de alguma forma, conseguiria a tão desejada boneca da Xuxa.
Na manhã seguinte, Dona Maria acordou com uma sensação estranha. A chuva batia nas janelas, e o vento uivava como se carregasse segredos sombrios. Ao abrir a porta da sala, encontrou um envelope preto no chão. O papel estava encharcado, mas as palavras escritas a tinta vermelha eram nítidas: “Para a boneca da Xuxa.” Ela olhou ao redor, mas não havia ninguém na rua. Tremendo, Maria abriu o envelope e encontrou uma quantia exata de dinheiro. Era o suficiente para comprar a boneca. O medo e a gratidão se misturaram em seu peito enquanto ela trancava a porta. O coração de Dona Maria disparou, e a senhora desmaiou.
Feliz da vida, Dona Maria se dirigiu à loja de brinquedos. A boneca era linda, com cabelos loiros e um sorriso cativante. Ana a abraçou com entusiasmo, e Dona Maria sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Mas ela ignorou o pressentimento e entregou a boneca à filha.
À noite, quando todos dormiam, a boneca da Xuxa ganhou vida. Seus olhos de vidro brilharam com uma luz maligna, e sua boca se abriu em um sorriso sinistro. Ela se aproximou do quarto de Ana, e suas pequenas mãos delicadas transformaram-se em garras afiadas.
Ana acordou com um arrepio na nuca. A boneca estava em pé ao lado de sua cama, olhando fixamente para ela.
— Você me pertence agora — sussurrou a boneca com uma voz que parecia vir de outro mundo.
Ana tentou gritar, mas sua garganta estava paralisada pelo medo. A boneca arranhou Ana, rasgando sua pele delicada. O sangue escorreu, e a menina soltou um gemido abafado. A criatura continuou a atacar, com seus olhos sem piedade estrangulando a menina. Quando o sol nasceu, Ana estava morta, e a boneca da Xuxa estava de volta à sua posição inanimada.
A notícia se espalhou pela cidade. As unhas da boneca estavam manchadas de sangue, e os moradores ficaram horrorizados. A catedral foi cercada por fiéis em busca de proteção divina. Dona Maria, culpada e desesperada, queimou a boneca em uma fogueira improvisada, mas o mal já estava feito.
Seu João chegou do trabalho e encontrou Maria desmaiada na sala, com o dinheiro e o envelope no colo. Ele abanou a esposa e pegou água, acordando-a.
“Na verdade, tudo que se passou foi apenas um baita susto, ou seria um déjà vu?”
Dona Maria contou ao esposo o desenrolar do pesadelo, e João, assustado, a aconselhou a não contar para a filha o acontecido e a guardar o dinheiro. Clara chegou da escola com uma surpresa: havia ganhado uma boneca da Xuxa de brinde numa rifa da escola. Os pais se entreolharam e se benzeram. Até hoje, a lenda da boneca da Xuxa assombra Sorocaba.