O melhor lugar que frequento é aqui, esta Academia de Contos. E estive fazendo um pequeno inventário de bens.
De bens que adquiri durante a minha vida. Nele constam os meus livros, e abri a porta das estantes onde os guardo.
Minha mãe chamava estes livros de "seu mundinho". E eu sorria satisfeito. Leio sempre quando não escrevo.
E hoje estive me lembrando dela, de minha mãe. Eu a amava de todo o coração.
Mas não pensem que não tive meus amores. As mulheres com quem andei se fizeram noutros mapas.
A última amada se tornou filósofa. E eu saí literato, pequeno, mas literato. E aqui estou escrevendo.
Minha mãe não foi uma amada minha, não confundam as coisas. Eu amei minha mãe como um bom filho. E só.
Mas vamos lá. Eu saía do serviço, pois trabalhava, e dava uma passada nalguma livraria.
Comprava livros e ia com eles para a casa de uma tia. Ela era tida como inteligente, e bem sucedida na vida.
Muito me ajudou esta tia. E ela me vendo com os livros me dizia:
- Livro está muito caro.
E eu retrucava:z
- Nem tanto, tia. - E ela ria.
E assim eu ia levando a minha vida de trabalhador e sonhador.
E eis que vim de mudança com minha mãe para o interior. E minha mãe me vendo a escrever, me disse:
- Escreva de maneira que fique bonito e fácil de ler.
Se fica bonito, eu não sei. Mas que eu tento a clareza no que escrevo, tento.
E enfim minha tia faleceu. Muita falta me fazem as cartas dela.
E minha mãe ficou mais alguns anos viva. E depois morreu.
Hoje aqui estou me lembrando das duas. As mulheres sempre terão um papel fundamental na vida nossa.
Elas são as únicas a ter no corpo o útero. Salve minha mãe.