O rapaz estava conversando comigo quando me disse que escrevia.
E depois de um bom tempo de papo, se foi.
Os dias se passaram e lá veio ele alegre como nunca.
Eu fiz com que ele parasse e lhe perguntei:
- Por que tão alegre?
Ele não se fez de rogado, e respondeu:
- É que eu escrevi um conto e ele foi premiado.
E eu:
- Onde?
- Num concurso da prefeitura municipal.
Nós morávamos num subúrbio e eu nem tinha notícias de concursos de contos.
Então eu o felicitei efusivamente:
- Oh, meu caro, que beleza de notícia. Meus parabéns.
E então ele se foi novamente, e entrou em sua casa.
E num dia desses passados eu o vi chegando e trazendo consigo um computador pessoal.
Ele me disse que depois viria bater papo.
Ele tinha uma namorada, e ela estava com ele.
E ela falou um pouco mais alto:
- Nós vamos nos casar.
Ao que eu disse:
- Numa época destas, com as coisas todas caras?
Aí ele respondeu:
- É que eu vou trabalhar em casa.
Eu:
- Ah, sim.
E eu fui convidado para a cerimônia de casamento.
Lá mesmo na festa que eles deram, ele me explicou:
- É que agora vou escrever para uma revista de Literatura.
- Ah, sim?
- Claro, eu me movi, e mandei o conto premiado para a revista.
- E a revista?
- A revista me contratou na hora, como contista.
Eu corri aqui para dentro e estou acabando esta estória.
Que é uma estória de amor, bem ao meu gosto.

