A Verdade Sobre o Saci
Robson Pinheiro Cruz
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 06/10/25 20:06
Avaliação: Não avaliado
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Palavras: 343
[Texto Divulgado] "Desejo Insano — Versão Hot" No camarim número 6, entre espelhos quebrados e fantasias rasgadas, Rafael ainda veste a pele do monstro — literalmente. Quando Dênis, o produtor, entra no recinto, o que começa como provocação teatral se transforma em um ritual de instintos primitivos. Desejo Insano é um conto de terror queer onde o medo e o desejo se confundem, e o palco se torna território de caça. Quando a luz apaga, não há mais personagem — só carne, suor e pulsação.
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Título: A verdade Sobre o Saci

Autor: Robson Pinheiro Cruz

Data: 03/09/2024

Capítulo Único A Verdade Sobre o Saci

João vivia mergulhado na embriaguez, e todo o vilarejo comentava que, a qualquer momento, o negrinho perneta apareceria para dar um jeito nele.

João era um homem bom, trabalhador, humilde e de coração generoso. No entanto, sua bebida o fazia perder a noção da realidade. Em uma dessas noites de bebedeira, ele e seu amigo Ernesto acabaram nas margens da lagoa, perto do capão de mata. O frio cortante os envolvia, mas os dois, em sua embriaguez, decidiram que iriam pescar; já estavam tão bêbados que mal conseguiam se manter em pé.

Um vento gelado começou a soprar, fazendo as folhas dançarem em um redemoinho. Foi então que ouviram uma gargalhada sinistra. Ao olharem, se depararam com uma linda cabocla, de olhos negros e cabelos encaracolados, que exalava um perfume de jasmim. Os dois homens ficaram deslumbrados com a beleza da jovem que se aproximava.

— De onde você veio, moça? — perguntaram os dois, em coro.

— Ah, estou perdida. Preciso de ajuda para voltar para casa, que fica depois dessas moitas de bambu — respondeu ela, esboçando um sorriso sombrio.

Os dois se ofereceram para guia-la, e a moça permaneceu em silêncio durante todo o caminho. Enquanto isso, João e Ernesto continuaram a tagarelar, distraídos com a beleza da jovem. Quando chegaram em frente à tapera, a moça agradeceu, mas, de repente, um redemoinho de folhas a envolveu.

Os homens ficaram assombrados ao ver que ela havia se transformado em uma criatura esquelética, com pele negra e escamosa, de uma perna só. Seus olhos eram vermelhos e maquiavélicos, e ela segurava um cachimbo de bambu que exalava uma fumaça negra.

Gargalhadas e grunhidos ecoaram pela mata, e, diante deles, estava a verdadeira face do Saci, que os havia levado para uma armadilha. O negrinho se transformou numa grande serpente que enroscou João, quebrando-lhe os ossos e engolindo-o. Ernesto tentou correr, mas foi atacado por vespas venenosas que o picaram até a morte, como se o próprio mal tivesse tomado conta daquele lugar.

Desde aquele dia, o povo não se atrevera a tocar no nome maldito...

❖❖❖
Notas de Rodapé

Tapera: Casa abandonada ou em ruínas, comum em zonas rurais do Brasil.

Capão de mata: Pequeno trecho de floresta isolado, cercado por áreas abertas.

Cabocla: Termo usado para designar mulher mestiça de indígena com branco ou negro, frequentemente associada à beleza e ao mistério em narrativas folclóricas.

Redemoinho: Fenômeno natural de vento giratório, muitas vezes associado ao Saci nas lendas brasileiras.

Cachimbo de bambu: Elemento clássico da figura do Saci, que costuma fumar e desaparecer em redemoinhos.

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