Ouviu alguém lhe chamando, mas preferiu ignorar. Estava cansada e querendo se afogar em sua própria frustração. A escuridão noturna não incomodava seus olhos, mas decidiu acender algumas velas. Queria perder-se a observar as chamas dançarem com o vento. Tentou dançar como elas (as velas), mas logo perdeu o interesse. O vazio em seu âmago não poderia ser preenchido por uma simples dança fúnebre.
Passou em frente a um pequeno espelho, mas resumiu-se a permitir que ele refletisse apenas parte de seu braço e a vela que segurava. Nunca, jamais, permitiria ser vista ou se ver de forma melancólica. A voz que gritava seu nome parecia impaciente, mas não ligou. Permaneceu com a porta fechava, as velas acessas e o olhar perdido.
Não durou. Logo ouviu e viu a sua porta ser despedaçada e uma figura masculina, de olhos avermelhados e cabelos mais negros que a noite, cerrar os punhos.
— Já chega, Carmilla. Você apenas foi proibida de matar humanos e não sentenciada a morte. Não é como se você não pudesse se alimentar do sangue fresco, sua vampira imprudente. Pare com o teatrinho e tire essa roupa ridícula. Não vou revogar a minha decisão. Sabe quantos matou essa semana? Quinhentos! Se permanecer assim, você vai colocar os humanos na lista de extinção.
Carmilla limitou-se a observar a figura máscula a sua frente. Bem no fundo ela estava se divertindo com toda a situação.
— Tudo bem, Conde. Você me pegou. Não é minha culpa se os humanos são seres fracos e asquerosos. Eu não consigo olhar sem querer matar, mas tudo bem. Deixe que se reproduzam, tripliquem o rebanho. Mil anos passam rápido, não é mesmo? — Ela ria descontroladamente, enquanto retirava sua roupa. — Melhor assim?
O Conde suspirou, deu as costas e foi embora. Carmilla voltou a dançar com as velas, mas dessa vez um sorriso pairava em seu rosto e um pensamento dominava sua mente...
— O Conde não falou nada sobre torturar...