Meus dedos digitavam rapidamente no teclado do notebook, eram cinco horas da tarde e meus olhos já começavam a falhar. “Só mais dez minutos, por favor!” eu pensava enquanto terminava a última página do relatório. Terminei as cinco e meia, mesmo não enxergando bem meus dedos pareciam saber de cor a posição das letras, após finalizar desliguei o computador e encarei o teto, mas já não enxergava nada.
A frustração me dominava nesse horário, entre cinco da tarde e oito da noite minha visão ficava escura e borrada, eu não podia fazer nada além de deitar e olhar o teto ou assistir algum programa na televisão – nada legendado – e mesmo assim, para poder assistir tinha que manter o olho direito aberto e o esquerdo fechado. Não conseguia ler, escrever, mexer no celular ou no computador, tudo ficava embaçado e se forçava a vista era pior. Minha miopia estava cada vez mais alta e junto com o astigmatismo era um caso perdido, por isso, entre cinco da tarde e oito da noite meu mundo era um pouco escuro, mas eu ainda agradecia toda manhã pela possibilidade de ver nascer do sol.