Abro a porta e ela entra no quarto bagunçado. É a primeira vez que consigo trazer uma garota para os meus aposentos. Ela não sabe dos meus problemas e depois de passar anos vagando como um fantasma pela vida, percebi que o meu corpo tinha algumas necessidades que vão além do prazer que a heroína pode me proporcionar.Conheci a menina no clube. Meus falsos amigos estavam acompanhados de seus pares e decidi que não conseguiria nada se continuasse encostado na parede segurando um copo de cerveja quente.A música animada que tocava era algo parecido com as trilhas sonoras de filmes sobre a juventude da década de 70. E tudo só ficava pior quando eu olhava para os lados e via todos se divertindo. Era bem fácil distinguir os vitoriosos dos fracassados.Larguei o meu copo de cerveja em qualquer canto e terminei de fumar o cigarro quase apagado. Caminhei em direção à pista de dança e todas as minhas aproximações foram desastrosas. As garotas me ignoravam. Talvez por ser magro demais, mal vestido, cheirar a cigarro DunHill e cerveja barata.A música setentista foi substituída por uma banda independente da atualidade e foi nesse momento que a luz neon iluminou todo o clube e a vi.Cabelos curtos, magra, pele clara e batom vermelho. Ela fumava um cigarro e parecia estar tão entediada como eu. Dei um passo para encontrá-la e a menina saiu do lugar, mas logo foi abordada por um cara magricelo de quase dois metros que segurava dois copos de bebida. Ele ofereceu um.Ela aceitou e o bebeu em um gole só. Antes que ele pudesse dizer algo, ela pegou o segundo copo e o tomou com a mesma rapidez. Não posso negar que fiquei impressionado. O cara estranho tentou falar, mas ela sorriu e saiu andando. E foi nesse momento que ela me encantou.A garota saiu pela porta do clube com o seu vestido rosa bebê, meias pretas, sapatos de boneca e um grande casaco preto. Pura atitude. Corri atrás dela e consegui chegar mais perto quando estávamos na calçada.— Com licença! Eu não costumo abordar ninguém de forma alguma, mas fiquei impressionado com o seu comportamento e então pensei: ela é especial!— Obrigada! – ela sorriu.— Qual é o seu nome?— Diane.— E para onde você vai?— Para a minha casa.— Ótimo!— Por que?— Porque eu quero ir com você, mas não garanto nada.Diane parou de andar e disse:— Você se acha mesmo tão original? Nunca usou essa abordagem antes? O que te faz pensar que eu te daria uma chance? Ah, claro. Porque eu conheceria o seu verdadeiro eu. Apaixonado, leal, imprevisível, um tanto louco e um tanto amável, mas nós, garotas, adoramos isso não é mesmo?Diane encarou a minha boca aberta e chamou um táxi.— O que foi garoto?— Eu não...— Você vem ou não?A minha Diane e seus lábios vermelhos formaram um sorriso profano.E quem precisa de motivos quando se tem alguém assim?