O ácido escorria sobre tábuas do primeiro andar e
Caia levemente a alguns centímetros da poltrona em que eu me encontrava.
Levantei-me, olhei uma última vez o vinho, lembrei-me do sangue no andar superior,
Engoli o líquido de uma vez e posicionei a taça onde o ácido pingava.
Na cozinha, deixei todo gás do fogão fluir,
Senti a pressão provinda de seu contentor empurrar o butano para o exterior,
Posicionei um fósforo aceso dentro do cálice, neste momento, quase cheio.
O ácido em questão, o perclórico, é inflamável e tocará o fósforo aceso...
Não tarda até que o ácido una-se ao butano
E, juntos, tomarão em chamas toda casa...
Acontece que só uma dor extremara para aliviar outra,
Após tornar inerte a pessoa que um dia amei,
Apenas uma dor física extrema para aliviar o que me corroia por dentro
E deste modo foi, alguns segundos atrás os paramédicos retiraram meu corpo,
Eu ainda sorria levemente, segundos após o fogo atear minha pele,
Meus receptores mecânicos tornaram-se inúteis,
Após sentir uma dor insuportável por alguns segundos,
Nada mais senti. Apreciei uma última vez o oxigênio
E deixei que monóxido de carbono adentrasse a mim...
Fui um inteiro como não era antes.