O Carbodermo
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Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 12/08/16 19:12
Editado: 12/08/16 19:13
Avaliação: 9.5
Tempo de Leitura: 3min a 5min
Apreciadores: 8
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Palavras: 629
Não recomendado para menores de doze anos
Notas de Cabeçalho

Era pra ser bem menor.

Capítulo Único O Carbodermo

Nota três: Não dividir o lanche.

O forte e negro Carbodermo já vivia com a sua esposa e seus dois filhos há seis ou sete anos. Depois do apartamento pobre na periferia da capital, a família se mudou para a casa do pai dele, o Deirodermo, depois que este faleceu. A casa ficava em uma fazenda muito rica de verde, florestas e bosques longos infestados de lagoas com as águas frias, era linda demais, lá tinha espaço para cem crianças brincarem, os filhos dos vizinhos sempre pulavam as cercas de suas casas para irem se divertir nos campos de grama do Carbodermo.

Depois que o negro deixou a capital e o seu emprego de caixa num mercado barato, este começou a vender o trigo que cultivava nas suas terras para as indústrias de panificação. Sem dúvidas, depois das colinas e arvoredos da fazenda, a plantação de trigo era o local mais lindo, principalmente sobre a luz do por do sol, e mais amado pelo crioulo, o negro tinha um enorme apresso por aquele cultivo, ele se orgulhava muito dele, toda visita que recebia Carbodermo fazia questão de esnobar a sua plantação de trigo para os amigos. O plantio era longo e gordo, o segundo filho do Carbodermo sempre dizia ao pai que o cultivo equivalia a quatro campos de futebol, o que deixava o negro ainda mais orgulhoso.

Em uma manhã quente de quinta-feira, como todas as outras manhãs de quinta-feira, o negro Carbodermo acordou com uma surpresa horrível e duvidosa; descendo pelos degraus da escada, que ficava na frente da casa, com os seus pés duros e descalços, ele caminhou pela grama limpa até os campos de plantação e encontrou TODO o trigo morto e murcho pelo solo lamacento e fértil, o dono enlouqueceu, correu até o meio do plantio, sujando seus pés e orgulho, se ajoelhou no meio dos quatro campos e gritou palavrões e rezas, amaldiçoando o maldito culpado, ele sabia que alguém tinha feito aquilo, mas não sabia quem. O Carbodermo voltou para casa e, de cima de um armário do quarto de hóspedes, puxou um machado longo e afiado, feito para cortar qualquer tronco de árvore, era do seu pai. O negro enfurecido se sentou na cadeira de balanço que ficava na frente da casa e esperou até o anoitecer, onde se escondeu no escuro, pronto para esperar o infeliz.

O Carbodermo manteve as duas mãos entrelaçadas com força no cabo do machado e os dois pés presos ao chão, e no frio das onze da noite, com seus ouvidos aguçados ouviu passos vindos de dentro da casa, o negro estava louco, não pensava mais, não existia nenhuma lógica ou sentido na sua alma, ele queria a sua vingança. Abrindo a porta com um chute para assustar o filho da puta, enxergou o vulto correndo em direção ao ultimo quarto do corredor, e com passos lentos e fortes, fora de si, o Carbodermo, com a arma nas mãos, foi andando e assobiando até o ultimo quarto que o desgraçado ia entrar na vida dele.

// O negro não viu o que o machado acertou, se era um adulto ou um velho, se era um homem ou mulher, se era um ser humano ou um bicho, se era um boneco ou uma criança. Era um vulto. //

Em uma manhã quente de quinta-feira, como todas as outras manhãs de quinta-feira, o negro Carbodermo acordou com uma surpresa horrível e duvidosa; descendo pelos degraus da escada, que ficava na frente de casa, conseguiu avistar a plantação de trigo, longa e gorda como sempre. Ao voltar para dentro da moradia, feliz e orgulhoso do plantio, tomou um susto ao mirar para o quarto das crianças, o último quarto do corredor, e ver o sangue escorrendo por debaixo da porta.

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Apreciadores (8)
Comentários (4)
Postado 12/08/16 19:20

Bom texto ^^

Fiquei com uma pulga atrás da orelha, donde tiras os nomes para teus personagens?

Postado 12/08/16 19:25

Eu sempre gostei de juntar palavras, tanto que no ano retrasado eu comprei um pequeno caderno só pra isso kk. Acabei encontrando ele estes dias e me apeguei a algumas destas ''junções'' e fiz de algumas delas nomes para os meus contos.

Fico muito feliz que tenha gostado do meu texto.

Postado 12/08/16 19:32

Ideia bem bacana hahaha

Espero ver em breve mais junções :v

Postado 13/08/16 13:06

Cara, você escreve muito bem e é criativo em N aspectos! Nem preciso mencionar suas capas e os nomes, não? Mas vai além disso. Teus contos são muito originais. Sério! Eu até esperava que ele fosse matar alguém da família, visto que estava mergulhado em ódio, mas ainda sim no final você consegue surpreender. Parabéns! Sério! :D

Postado 25/11/17 04:48

O lado excelente de ler as obras do senhor é que nunca sabemos ao certo o quê ou mesmo como vai acontecer. As reviravoltas são tão insanas quanto os próprios eventos que elas geram, o que é deveras instigante. Unindo isso à sua narrativa fluida e às descrições sucintas, temos sempre contos peculiares e aprazíveis de sua autoria. E este daqui é só mais um exemplo.

O lado ruim? Não o descobri ainda. E tenho certeza de que não irei. Parabens, Sr Nathan!

Atenciosamente,

Um ser que enxerga vultos nas madrugadas, Diablair.

#ad0q-129/188

Postado 13/02/18 01:39

A criatividade chegou e fez morada em cada obra tua. Desde a capa (muito linda, por sinal), às repetições no texto e até a reviravolta incrível da narrativa, prende o leitor do início ao fim. Sem contar que os nomes peculiares dos personagens são estupendos.

Parabéns pela obra. Adorei ❤