A noite os envolvia como um denso pálio
Afastava olhos curiosos e quiçá sorria junto
De ambas pessoas que rodopiavam.
Estranhos numa noite, como diria Frank.
Olhe, belo estranho, o que fez a ela
Fê-la sorrir! ah, que fantasia inédita
Que dentes se mostrando da boca azulada
Que batom esquisito ela está usando
Nada disso importa, seu interior derreteu
Fundiu-se às borboletas nas vísceras e
À felicidade que escapava de seus poros
Estranho, veja como ela se alegrou!
As arquibancadas já presenciaram a cena
Tantas e tantas vezes, já estão acostumadas
A verem casais rindo e chorando.
Hoje à noite, porém, elas observam interessadas.
Belo estranho, esse sentimento é antigo
Ele se esconde em gengivas e orelhas
Pouco a pouco chega à cabeça, e então
Bam! O tempo acabou, agora:
“Esse encontro estava escrito nas estrelas”
Ela diz tão animada, aproximando-se
É tarde demais, estranho, ela acredita em destino
Ela está absolutamente apaixonada
Vocês não passam de desconhecidos, mas,
Ah! acabou de sussurrar algo no ouvido dela?
Belo estranho, você acaba de incentivar uma combustão
Agora ambos queimam de amor
Sorriam enquanto a noite vela o momento
Sintam-se livres para aproveitar o anonimato
Do jeito que ele deve ser aproveitado
Belo estranho, foi tudo obra do destino
Sorriso límpido aberto em faces coradas
Ela está acanhada, você tão abobado
Que fez, belo estranho?
Agora estão ambos felizes e irremediavelmente
apaixonados.