Que madrugada mais soturna
Silenciosa como a lágrima que pinga;
Longa para uma vida que mingua.
Que madrugada mais soturna
Imersa em solidão profunda
Onde a alma se afoga e afunda.
A tristeza mais sincera que ressoa.
A culpa mais intensa que ferroa.
Que madrugada mais soturna
Repleta de lembranças e reflexão
Que parecem moer o coração.
Que madrugada mais soturna
Onde a esperança se torna irreal
E o jugo dos erros parece infernal.
Se não a julgasse tão perdida,
Talvez achasse valor na Vida.
Se a Morte sorrisse ao fim dela,
Talvez sorriria de volta para Ela.
Seguindo pela contramão
Rumo à própria destruição...
A aversão da existência assumida...
A maldição do excesso de empatia...
A incompreensão dos demais repetida...
Que madrugada mais soturna
Como jamais houvera antes
A alvorada nunca pareceu tão boa...
E tão distante.