Libras (Terminado)
Ana Luz
Usuários Acompanhando
Tipo: Romance ou Novela
Postado: 28/12/16 23:10
Editado: 30/12/16 22:48
Gênero(s): Cotidiano Romântico
Qtd. de Capítulos: 2
Cap. Postado: 28/12/16 23:10
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 7min a 10min
Apreciadores: 1
Comentários: 1
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Usuários que Visualizaram: 5
Palavras: 1272
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Livre para todos os públicos
Libras
Notas de Cabeçalho

É um conto dividido em duas partes, espero que gostem

Capítulo 1 Parte 1

Sabe quando você começa o dia e ele dá tudo errado? Pois é, esse é o meu dia de hoje.

Pra começar eu acordei atrasada. Cheguei mais de uma hora atrasada no meu emprego e a gerente, que já me odeia, falou que descontaria o dia inteiro do meu salário. Ainda por cima, havia chovido e fiquei ensopada o resto de meu expediente com as pessoas indo falar comigo e me olhando torto.

Minha roupa já havia secado consideravelmente, mas, provavelmente, eu vou ficar resfriada do mesmo jeito. Decidi ir a uma lanchonete onde tem o melhor bolo de chocolate do universo, para melhorar meu dia, ao menos um pouquinho.

Não deveria ter feito isso.

Quando cheguei lá, o bolo já havia acabado, mas tinha um bolinho sem graça que eu decidi pegar para não ficar sem comer nada. Tomei um café e comi o bolinho sem graça enquanto lia novamente <i>Como eu era antes de você</i>. Meu livro predileto. E isso pode se perceber pela meia de abelhinha que eu comprei igual da personagem.

O tempo passou rápido e quando vi já estava tarde demais e logo eu perderia o ônibus, novamente, para completar o dia com chave de ouro. Fui às pressas até o caixa, deixando meu livro na mão mesmo, sem guardá-lo na bolsa outra vez.

E ali estava a chave de ouro.

Paguei a balconista e me virei rápido para ir até a saída, nesse virar eu acabei esbarrando em um cara que tinha uma xícara de café na mão. Além de me molhar, de novo, ainda molhou meu livro. E como já não estava num dia muito bom eu discuti com ele. Ok, não foi bem uma discussão, já que eu só grunhi e questionei retoricamente:

– Você não olha por onde anda, caralho?

Sim, eu fui bem delicadinha, mas, como já falei, não é meu melhor dia.

Fui embora sem esperar resposta alguma dele.

Se eu ainda perdi o ônibus? Lógico que sim. E quando cheguei em casa, meu gato, Pudim, havia decido que seria legal afiar as garras na cortina. Quase agradeci a Deus quado finalmente estava em minha cama após um maravilhoso banho quente, e conferir que o despertador estava ligado.

Quando acordei na hora, eu já sabia que o dia não seria desastroso como o anterior e já fiquei mais relaxada e fazendo tudo do jeitinho certo naquela manhã. Cheguei até mesmo antes da hora na livraria que trabalho, mas não foi o suficiente para a gerente maldita parar de me olhar feio. Não tive horário do almoço para continuar a recompensar pelo dia anterior, mas não me importei por estar mais feliz pelas coisas estarem dando certo.

Fui novamente para a lanchonete, já que estava sem o azar no corpo nesse dia, provavelmente, eu conseguiria um pedaço daquele bolo maravilhoso. No meio do caminho eu consegui ver um mendigo vestido de papai Noel. Como sei que era mendigo? Por que eu sempre o via no mesmo lugar e lhe dava as moedas que eu carregava comigo no dia.

O mendigo vestia uma roupa surrada de papai Noel e fazia uma dança realmente boa, mas às vezes fazia uns passos engraçados. Parei para olhar sua dança até o final e lhe dei minhas moedas elogiando sua dança. Haviam outras pessoas olhando a dança, mas apenas a minoria lhe deu dinheiro.

Adentrei na lanchonete e pedi um pedaço daquele bolo maravilhoso sentando em meu lugar de costume. Percebi umas adolescentes metidinhas zombando de mim, apenas porquê estava com minha meia de abelhinha. Mas nem perdi tempo com isso, pois percebi que elas não tinham cultura por nem se quer terem visto o filme para saber de onde surgiu as minhas meias.

Estava no meio do livro quando um cara sentou-se em minha frente na mesa. Ele sorriu torto e deu um meio aceno como forma de comprimento.

– Posso ajudar? – questionei já colocando o marcador no livro.

O cara então vasculhou os bolsos e tirou de um deles um pequeno caderno e uma caneta. Escreveu algo rapidamente e jurei que não conseguiria entender nada, mas sua caligrafia era impecável e de causar inveja.

“Eu sou mudo, mas não quero que isso me impeça de falar com você. Você sabe libras?”

Neguei e então ele puxou o caderno para si novamente.

“Quero pedir desculpas por ontem, por sujar você com café. Não foi minha intenção. Sinto muito.”

Desenhou uma carinha triste muito bonitinha.

– Era você? Ah, eu… eu também devo desculpas a você. Não estava em um bom dia e posso ter descontado um pouco em você.

“Todos tem dias ruins.”

Pareceu pensar antes de voltar a escrever.

“Adorei suas meias.”

Desenhou uma abelha pousada em uma flor.

– Obrigada. Gostei dos seus desenhos.

Começamos a conversar e eu a odiar cada vez mais minha decisão de não aprender libras junto de minha irmã.

Enfim, chegou o momento de eu ter que ir embora, então, após eu pegar o desenho de um ursinho que ele fez pra mim, eu comuniquei-o desse fato e ele questionou:

“Vai vir aqui amanhã?”

Concordei e então puxei seu caderno para mim e escrevi meu número. Só para ser fofa eu coloquei um coração depois do meu nome.

– Única coisa que sei desenhar e ficar bonitinho – disse me referindo ao coração. – Ou quase.

Ri e ele abriu um sorriso de mostrar os dentes. Foi quando percebi o quanto seus olhos eram bonitos. Então percebi que não sabia o nome dele.

– Eu não sei seu nome – falei e pendi a cabeça para o lado.

Pegou a caneta e então escrever seu nome no caderno. Um outro cara parou ao lado da mesa enquanto ele deslizava o caderno para mim.

– A gente vai se atrasar, Cooper.

“Blaise”

Olhei para ele franzindo o cenho, então pegou o caderno de novo e colocou Cooper atrás de Blaise. Percebi fazer uns gestos para o outro cara e o mesmo rir e falar:

– Tudo bem, eu espero mais um pouco.

Afastou-se da mesa.

– Então… acho que nos vemos amanhã, Blaise? A pronuncia tá correta?

Concordou com a cabeça e sorriu torto.

Eu vi mendigo dançarino na saída de novo, havia pegado um pedaço de bolo extra quando saí e lhe entreguei ao final de sua apresentação. Quando cheguei em casa eu vi que havia recebido uma mensagem de Blaise com ele falando que só mandou para gravar o número. Mas nenhum de nós recuou em começar uma conversa que chegou até o assunto “livros” e só percebi que ficamos horas conversando ao sentir sono.

Acabamos por passar dias nos encontrando na lanchonete. Eu provei a torta que ele gostava e ele provou a que eu gostava. Ele me emprestou o livro favorito dele e eu emprestei o meu favorito. Ele tentou me ensinar a desenhar e eu juro que tentei aprender. Nós dois acabamos por decidir que se eu aprendesse libras seria muito melhor e uma coisa que eu conseguiria aprender, já que desenhar não tinha jeito.

Passei a ficar mais tempo com minha irmã com o intuito de aprender libras, ela me ensinava e eu lhe dava chocolates. Eu consegui cumprimentar Blaise em libras quando nos vimos, mas quando ele perguntou alguma coisa eu já não sabia mais. Ele riu de mim e eu achei muito injusto que ele fosse mudo, ele tem cara de ser aquele tipo de pessoa que teria aquelas risadas gostosas de se ouvir.

Blaise me convidou pra sair.

Deixei claro que queria pizza e ele que só aceitava se eu fosse com minhas meias de abelhinha. Não foi difícil aceitar o pedido, só não esperávamos que algo fosse atrapalhar nós dois no dia.

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Postado 04/12/17 14:41 Editado 04/12/17 14:43

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, que capítulo lindo! Terminei de ler com um sorriso no rosto de tanta fofura que ele emanou.

O dia da narradora começou tão péssimo que, quando ela esbarrou com o guri do café, eu jurei que aquilo teria um grande significado. Talvez, se o dia dela não tivesse sido tão ruim, ela não teria trombado com alguém que seria especial para ela. Esses acasos do destino me deixam demasiadamente encantada.

Não preciso nem dizer que adorei o fato de um dos meus livros favoritos ser citado na história. Como Eu Era Antes de Você me fez chorar horrores e, por um segundo, pensei que ia chorar lendo este conto também, rs. Ainda bem que isso não aconteceu.

O fato dele ser mudo me deixou boquiaberta. Foi aí que o título da história fez todo sentido para mim. Mas mesmo tendo essa deficiência e através da descrição (impecável, devo dizer), percebi o quão adorável é este rapaz e o quanto ele vai abalar as estruturas do mundo da nossa querida protagonista!

Estou amando! Meus parabéns!

Postado 07/02/20 22:26

muito obrigadaaa ♥♥