brincando na poeira
há algo perfeitamente morto
na distância que separa nossas peles
temendo acender a luz
e abrir as janelas
eu sinto que seu amor adormece, às vezes.
eu sou um quadro que foi pintado
por um assassino tímido e acomodado
eu o sinto respirar em meus ouvidos
à noite ele me beija e me nina até eu adormecer
ele me observa no canto dos sonhos
ele estava na neblina do meu último pesadelo
mas nós não o achamos.
você diz que as ruas desta cidade
estão cheias da vida que você quer ter
você quer ir para New York,
mas você tem medo de ratos,
talvez você devesse se conhecer mais,
mas,
nós dois, nos parecemos muito
nós nos amordaçamos carinhosamente bem.
as horas vazias que não querem me dar sono
me fazem chorar e tremer pela casa toda
eu vago como uma alma penada,
enquanto sei que você está dormindo
você continua fugindo
você é bom para fugir das brigas,
e é bom para me remendar depois de cada uma delas,
mas sei que para mim ainda não há cura.
estamos brincando na poeira
sorrindo com dentes ensopados de paixão e medo
nosso amor vai existir sempre
mesmo quando houver algum punhado de remorso
as incertezas fazem parte do aprendizado
assim como os dias em que superamos toda e qualquer
expectativa romântica.
ninguém nasceu para ser um ideal de ser humano,
mas, somos burros, meu amor,
passarinho, estamos fritos!
Nós continuamos voando, de mãos dadas,
mas eu ainda me sinto sozinha.