Sofro de insônia
Desde os sete
Levantava de noite
Pra ver como tava o set
Todos roncando
Sem desconfiar
E então pelos cômodos
Eu começava a pairar
Me perguntava se era só eu
A única acordada na casa
Me perguntava se era só eu
Que achava a realidade
Uma farsa
Olhava no espelho
Será que sou mesmo alguém
Pequena vermelha
Barulhenta eu
Mordia os braços
Até o rubro brotar
Que estranho,
Dor e ódio
Sempre pareceram
Mais reais
Do que qualquer
Reação imitada
Roda, roda, roda
Até trombar
Em mil pares
De olhos
Muito bons em julgar
Cada gargalhada
Não forçada
Existência infantil
Ansiosa
E feminina
Meio muito bamba, caramba!
Meio nunca
me encaixando
Dor embutida, repuxando
Em cada canto
Em cada tropeço
De tamanco
Culpa minha,
que quis usar.