Dançando Louco
Calígula
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 26/04/16 23:11
Editado: 30/04/16 14:18
Gênero(s): Reflexivo
Tags: Cinismo
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 8
Comentários: 2
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Palavras: 249
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

"Aceito a vida por cortesia: a revolta perpétua é de tão mau gosto como o sublime do suicídio. Aos vinte anos se rompe em impropérios contra os céus e a imundície que cobrem; depois se cansa. A pose trágica só corresponde à puberdade prolongada e ridícula; mas são necessárias mil provas para alcançar o histrionismo do desapego. Quem, emancipado de todos os princípios de costume, não dispusesse de nenhum dom de comediante, seria o arquétipo do infortúnio, o ser idealmente desgraçado." - Emil Cioran

"Esta coroa do homem que ri, esta coroa de rosas: a vós, irmãos, arremesso esta coroa! Declarei santo o riso; ó homens superiores, aprendei a -- rir!" - Friedrich Nietzsche

Capítulo Único Dançando Louco

Dance, pois dance, ó palhaço universal; revolucione, aniquile: o núcleo terrestre é teu domínio, o núcleo do homem teu flagelo. Torvo, maledicente — perpetua tua risada para ao justo martirizar —, tua dança é mais que sepulcro, que funéreo e decaído, e teu bailar irradia lascívia nos berços da vida mais vestal — risadinhas na alcova da freirinha violada (e rá, e rá e rá!).

Passos loucos que repetem, agonias a reproduzir: as brincadeiras de morte que te efluem plantam medo e colhem verdade no pequenino, covarde Satanás. É o demente, o antagônico: febril espiral desesperada; veio dos elétricos volteios dos círculos abissais da carne, do sangue sufocado em merda, onde fez-se brusco incorrigível, horrível, penetrante sensual — empinado, espolinhado, retorcido e a cantar melosamente…

Menininha, diminuto deusinho da cosmogonia de perfídias. Sempre convida, ó Mestre, ao macabro e multiforme nas formas sangrentas da luxúria (no portão dedilhado por querubins estraçalhados, estuprados, devorados)… Resplandece dentre todos, dançarino das alturas — as cores vivas das divinais abóbadas insanas o brindam e abençoam, caro augusto, reverso bíblico: risonho e sideral!

Do grave, gorgôneo e pesado nada conhece, bailarino do pior: desintegrador aniquilante e bem-aventurado, inventor e reversor das coreografias do próprio espaço, gozador no centro da existência a gargalhar sem remorso — anjo mau, patriarca do caos, um apalermado destruidor. Teu tempo é o de morte, teu sonho: massacrar; sapateia sobre os fetos esmagadinhos, ó venenoso revoluto: faz a querida, doce mãe chorar. Revolucionário do definitivo — maior ator, diretor, público: soberba sombra a recitar a piada infinita.

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Notas de Rodapé

Immanuel Kant era bobo e feio.

Apreciadores (8)
Comentários (2)
Postado 08/05/16 11:56

Isto que é maravilhoso ;)

Postado 08/05/16 12:32

Não é pra tanto.

Postado 11/07/16 04:41 Editado 11/07/16 04:44

Satã... Passei a madrugada lendo e comentando textos, mas o teu, Mestre... É de uma grandiosidade tamanha que me roubou quaisquer palavras. E, se bem o interpretei (ou mesmo que não), concordo plenamente com a mais que saudosa Srta Ísis: isto sim que é maravilhoso!

Eu lhe reverencio humildemente e lhe parabenizo/agradeço por mais esta obra-prima aterradoramente bela, Mestre Pablo!

Atenciosamente,

Um ser igualmente insano, Diablair.

Ps: me perdoe, mas ri ALTO com as Notas Finais! SHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Postado 15/07/16 10:44

Não sei se ajuda na compreensão, mas foi mais ou menos inspirado nisso: https://www.youtube.com/watch?v=-O-9U_QKhgA

Obrigado novamente, irmão.