Preso ao inexistente
Estou preso
Mas estou livre
Estou livre
Mas sou preso
Preso a sentimentos
Preso a arrependimentos
Livre de compromisso
Livre de não ser
O que todos são
Me pergunto se ainda estou são
Minha sanidade,
Para tantos muitos é insanidade,
Ah, a idade, adeus inocência de uma criança
Que antes com a imaginação brincava
Amanhã saberão que com sentimento se suicidava
AH, já sabem amar, já sabem beijar
Já sabem transar, mas nunca nem souberam brincar
Adeus infância, adeus inocência,
Ah, minha época, que não cheguei a ver
Como desanima hoje viver
Adultos que não sabem amar
E as crianças que deveriam com brinquedos brincar
Estão confundindo prazer com amar
O “crush” a “crush”, quantos tem, quantos tiveram?
Não conhecem a si mesmos, mas sabem o que querem
Não querem amar, querem prazer
Já amaram tanto quanto um rico divorciado inúmeras vezes
Mas amam, e claro por que casar?
Para que uma aliança?
Casamentos não dão mais certos,
Não preciso casar para uma pessoa ficar
Estou livre de tudo isso
Mas preso a tudo isso
Pois esta época só tem disso
Prazer prazer e prazer,
Uma namoradinha quero ter
Um namoradinho
Mas não sabem o canal que querem assistir
Mas sobre amor já sabem discutir
Eles não percebem o buraco
Falam como foi bom a língua na boca da pessoa enfiar
Mas não comentam do vazio que sentem depois do ficar
São crianças que suicidam seu ser,
E que falam é normal o beijo ter
E mais cedo a virgindade perder
E o vazio depois, aonde vão preencher
Como um alcoólatra, mais dessa bebida vão querer
E o ser, mais vazio será
E quando adultos, podres serão
Pois a inocência se foi
Com um beijo de uma atração
Que todos falam de um coração
E para qualquer um dão
Não vou ser de ninguém
Não sou posse,
Mas vira objeto de prazer
Quem me dera, ir
Aonde eu pertenço, onde
Crianças são crianças
O beijo é restrito ao amar
Onde não existe crush a falar
Onde as pessoas saibam se valorizar
Não aleatoriamente a cada olhar
Seu corpo e lábio entregar
Pois tudo hoje é amor
Dois dias depois, desamor
Hormônios que eles deixam falar
Mas a razão o pensamento de se valorizar
Deixam a sociedade sufocar.
Quem me dera a minha época viajar
E lá ficar, permanecer,
Envelhecer, pois lá seria livre
Livre destas coisas que vos digo
E preso aos desejos que tenho
Que amar não é devaneio
E criança deve brincar
Não com sentimentos suicidar-se
Estou preso
A um lugar inexistente
O passado que não é presente
E o presente que para mim
Desejo as vezes ser inexistente
Mas estou preso a este presente
Sou um poeta de outra época
Quem me dera para lá voltar
Lá eu gostaria de morar.
Eliézer Viajante do Tempo.